Médico
venezuelano conta o que viu da atuação de médicos cubanos
Publicado em 30
de junho de 2013 às 8:05 hs.
Muito importante a
leitura desta entrevista com o vice-presidente da Confederación Médica
Latinoamericana y del Caribe (Confemel) e presidente da Federación Médica
Venezolana (FMV), Douglas León Natera.
Ele conta ao Globo o
que viu da atuação de médicos cubanos na Venezuela e Bolívia, os erros grotescos
cometidos pelos supostos profissionais e o retrocesso ocorrido nesses países.
- É absurda decisão do
governo brasileiro de importar médicos, - diz dirigente da Confemel
Em entrevista ao GLOBO,
o vice-presidente da Confederación Médica Latinoamericana y del Caribe
(Confemel) e presidente da Federación Médica Venezolana (FMV), Douglas León
Natera, considerou absurda a decisão do governo brasileiro de trazer médicos
estrangeiros ao Brasil. Em visita a São Paulo, para participar de palestras e
eventos, ele lembrou que, na Venezuela e na Bolívia, médicos cubanos cometeram
uma série de erros clínicos e, segundo ele, provaram que não têm conhecimento
nem experiência para atuarem no ramo da medicina. Ele cobrou do governo
brasileiro que obrigue os estrangeiros a revalidarem o diploma e informou que,
em outubro, pretende apresentar um relatório sobre os erros cometidos por
cubanos à Associação Médica Mundial.
- GLOBO Como o senhor
avaliou a decisão do governo brasileiro de trazer médicos estrangeiros ao país?
- DOUGLAS NATERA É uma
decisão absurda a pretensão do governo brasileiro de importar médicos
estrangeiros, já que se formam todos os anos, no Brasil, em torno de 16 mil
médicos. Se o governo federal necessita de 6 mil novos médicos para atuarem em
zonas mais carentes do país, ele deve oferecer esses cargos às universidades
federais, que podem preencher essas vagas por meio de concursos. Então, não há
necessidade de importar médicos. O Brasil não merece o que fizeram em Venezuela
e em Bolívia.
- Como foi a
experiência de médicos estrangeiros nesses dois países?
- Na Venezuela, o
ex-presidente Hugo Chávez trouxe em torno de 30 mil cubanos para o país, que
diziam que eram médicos. Pelo que observamos, no entanto, eles não eram
médicos, não tinham experiência nem conhecimento para atuarem como médicos. Nas
pastas que trouxeram de Cuba, eles carregavam apenas cartas dos governos de
Cuba e da Venezuela e um papel sem valor de título universitário. Eles
começaram a chegar à Venezuela em 1999, após um acordo feito pela ex-esposa de
Hugo Chávez Maria Isabel Rodríguez com o Ministério da Saúde de Cuba.
- Por que os médicos
cubanos, como o senhor disse, não estão preparados para atuarem na área?
- A razão porque digo
que eles não são médicos é que temos informações que esses cubanos cometeram
erros clínicos em países da América do Sul. Na Venezuela, por exemplo, um jovem
de 18 anos apresentou febre alta de 41º graus e não havia forma de reduzir a
sua temperatura. A mãe do paciente disse ao médico que ele era alérgico a Dipirona,
mas ele respondeu que cuidaria disso depois, que o importante naquele momento
era reduzir a febre. O suposto médico injetou a Dipirona no paciente. Em cinco
ou dez minutos, ele estava morto e ninguém nunca mais soube desse médico. Um
outro caso, ocorrido em Bolívia, foi de um paciente, de 36 anos, que caiu de
uma árvore e sofreu um traumatismo lombar. No hospital, disseram que ele
deveria passar por uma operação, porque havia um sangramento renal. O cubano
extraiu um dos rins do paciente, o que era equivocado. Os médicos depois fizeram
um interrogatório a esse cubano e viram que ele não entendia nada da anatomia
dos rins.
- Mas no Brasil, uma
das condições impostas pelo governo federal é de que os médicos estrangeiros
não poderão fazer cirurgias, mas atuarão apenas na atenção básica da saúde.
- Essa é a mesma teoria
que aplicaram na Venezuela, que esse médicos atuariam na parte de prevenção e
promoção da saúde. Os médicos cubanos fizeram fama de terem avançado,
sobretudo, na área preventiva. Eu não sei como eles justificam, então, o fato
de terem sido diagnosticados mais de 44 mil casos de dengue por ano, do ano de
2000 a 2012. Este ano, por exemplo, os casos de malária se duplicaram e houve o
retorno, nos últimos anos, de casos de tuberculose. Essa teoria, que estão
usando no Brasil, usaram também em Venezuela e as pessoas mais pobres
acreditaram.
- O governo de Cuba
alega que esse médicos possuem formação universitária.
- Eu não duvido da
formação universitária dos médicos que estão nas universidades, mas os médicos
que foram a Venezuela e Bolívia não têm essa formação e não comprovaram que são
médicos. Eu digo, portanto, que são cubanos, mas não médicos.
- O senhor é, então,
favorável à revalidação do diploma a estrangeiros no Brasil?
- Para trabalhar nos
nossos países, é necessário cumprir regras previstas na lei. Para trabalhar em
Venezuela, é necessário ter um título de uma universidade venezuelana ou, para
um estrangeiro, um título revalidado. No Brasil, é a mesma regra. Sem a
revalidação, exerce-se a medicina ilegalmente. Na Venezuela, nenhum dos cubanos
fez a revalidação do diploma médico. Por isso que dizemos que os que estão em
Venezuela exerceram ilegalmente a medicina, assim como os que estão em Cuba. É
indispensável que se revalide o título para saber quem está entrando no Brasil.
- A CONFEMEL comunicou
os erros médicos cometidos por cubanos aos governos da Venezuela e da Bolívia?
E para a Organização Mundial de Saúde (OMS)?
- Nós estamos há mais
de dez anos analisando esses casos. Nós solicitamos uma audiência com o governo
da Venezuela, bem como enviamos avisos ao governo da Bolívia, mas não houve
resposta até agora. Eles preferem o silêncio administrativo para não entrar em
uma polêmica e terem que justificar o que não tem justificativa. Em outubro,
vamos fazer uma apresentação desses casos e entregar um relatório para a
Associação Médica Mundial (AMM)
- O jornal espanhol El
País noticiou em 2010 casos de médicos cubanos que fugiram de países da América
do Sul com receio de voltar a Cuba. Esses episódios ainda ocorrem?
- Há informações de que
cubanos saíram da América do Sul e foram para a Flórida, Miami (USA). Eles
atuavam como ajudantes de médicos e não especificaram se saíram da Venezuela ou
da Bolívia. Segundo informações, cerca de 5 mil cubanos foram para Miami.
- Se esses médicos não
são qualificados para atuarem profissionalmente, como o senhor afirmou, por que
governos da América do Sul os importam?
- Porque esses governos
não se importam com a saúde do povo para quem governam. O que concluo é que
esses governos sentem um profundo desprezo pelos mais necessitados e o que os
interessa são apenas os seus interesses.
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