segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

BLOGO DO GRIJALVA - CADERNO DO AGRICULTOR - O CAJUEIRO - Agº. JOÃO HENRIQES

 

CADERNO DO AGRICULTOR

O CAJUEIRO

Agrº. João Henriques

O cajueiro é uma das plantas mais belas e mais úteis da flora tropical. Nativo nas zonas costeiras nordestinas, propagou-se pelo interior, sobretudo levado pelos índios cariris e outras tribos que migravam pelo litoral na época das safras desse excelente fruto. Aliás, o fruto verdadeiro é a castanha.

Dentre as numerosas utilidades do cajueiro, enumeraremos as seguintes, bastante para definir o seu valor. A castanha nos dá a amêndoas, alimento dos mais ricos, produz óleo comestível e de sua casca extrai-se outro tipo de óleo de valor industrial. O caju, além de ser um fruto de excelente paladar, contendo, sobretudo alto teor de vitaminas C e sais minerais, dele se retira o suco, para o preparo da afamada cajuína, fabricação de vinhos e licores.

Da polpa fabrica-se doce apreciadíssimos. E quando não é utilizado para esse fim, é empregada como forragem ou na fertilização das terras.

A árvore serve para magnífica arborização dos campos e pátios das fazendas, presta-se para estacas vivas, produz lenha e ainda é a árvore ideal para plantio de pimenta do reino, infelizmente, tão pouco cultivada entre nós. Serve, igualmente, de arrimo nas plantações de maracujá. A resina é empregada, na roça, como sucedâneo da goma arábica. Por outro lado, é planta medicinal e, portanto, totalmente aproveitável da raiz à sobra que nos dá.

A Paraíba e o Ceará que industrializam intensamente o caju, tem realizado grandes plantações maciças, com êxito excepcional. Atualmente em Alagoas, fundou-se a primeira fábrica para aproveitamento das castanhas e, segundo estamos informados, surpreendentemente, essa nova indústria já adquiriu durante a safra que termina, mais de 700 toneladas de castanha. Aparentemente isso, deveria parecer impossível, mas aí está o grande valor de uma iniciativa.

A cooperativa da colonização de Penedo está intensificando a plantação de cajueiros, utilizando sementes selecionadas. Ali já se observam cajueiros em f formação, como início da campanha que a Cooperativa está fazendo para implantação de indústria de aproveitamento de frutas tropicais, As zonas dos municípios de Igreja Nova, São Sebastião, Junqueiro, Arapiraca e outas áreas circunvizinhas em direção norte e oeste, são excelentes para a produção de caju. Vamos, pois, intensificar a cultura dessa planta tradicional, útil e amiga.

 

terça-feira, 2 de janeiro de 2024

PROMESSA É PROMESSA - GRIJALVA MARACAJÁ HENRIQUES - BLOG CONTANDO HISTÓRIAS

 

José Peregrino era um rapaz pacato, atencioso, trabalhador e bom filho. Morava num povoado chamado Carrapicho à beira de um grande rio. Porém, muito acanhada no seu desenvolvimento econômico e social, o que sempre acontece com essas cidades que são satélites de outras mais desenvolvidas.

O cara era muito estudioso e sempre sonhava em ser bancário; Banco do Brasil e Banco do Nordeste, os dois melhores empregos que existiam por aquelas bandas.

Estudava dia e noite nas Apostilas vendidas nos Correios, onde todos os anos adequaria as atualizadas, esperando os concursos dos dois bancos. Sempre era reprovado. Mas, não desistia do seu grande sonho.

Os amigos os chamavam para participara de festinhas, bate-papos no coreto da pracinha.  Achavam que o cabra era abilolado. Não tinha acordo, não tinha tempo nem para namorar. Tinha que estudar para os concursos que já estavam sendo novamente anunciado pelas rádios da região.

Seu pai artesão de cerâmica sempre contradizia essa sua mania.

- Filho. Venha me ajudar a amassar o barro e aprender uma arte honesta. Essa mania de viver com a cara metida nesses livros não vai levar a lugar algum. Precisamos aumenta a nossa produção e eu sozinho com sua mãe não estamos mais aguentando. De vez enquanto dava na veneta e participava na olaria nos serviços mais pesados, não tinha aprendido a arte dos pais. Modelagem de jarros, quartinhas, potes, comedores para aves, alguidares de todos tamanhos e mais uma infinidade utensílios tirado do barro amarelado da região. Era um dos mais procurados pelo bom acabamento.

Sempre ouvia dos colegas e da família que tivesse mais fé em Deus e nos santos. Sua mãe sempre rezava e aconselhava sobre esse assunto religioso e a importância da fé naqueles que as pessoas não veem, porém existem de verdade.

- Meu filho, tome meus conselhos vá procurar o frei Simão lá em Penedo, converse com ele, se confesse, conte seus sonhos de vida. Ele é um homem muito sábio, quase um milagreiro.

Peregrino, pegou uma lancha, atravessou o rio e foi bater na igreja Nossa Senhora da Corrente. Entrou e sentou-se num dos bancos antigos, esperando que alguém aparecesse. Certo tempo depois, aparece uma senhora vindo lá dos fundos com um espanador, limpando as imagens nos seus nichos.

- Minha senhora eu queria falar com o frei Simão, ele está?

- Está terminando suas obrigações e daqui a pouco aparece. Sente-se aí e espere.

Logo mais aparece um sujeito muito esquisito, vestindo uma batina marrom, de cavanhaque ruivo, careca de cima a baixo, uns olhos esbugalhados, alpercatas de couro, um rosário do tamanho do mundo amarrado na cintura.

- Pronto frei Simão, esse rapaz que falar com o senhor.

- Diga meu filho o que deseja?

- Minha mãe mandou que eu viesse falar com o senhor sobre como fazer uma promessa. Estou estudando para concurso dos bancos há muito tempo e ainda não consegui êxito. Aí minha mãe que sempre se confessa com o senhor e pediu que eu falasse contando meus sonhos de trabalhar em banco para ver se Deus me ajudava a passar nas provas.

-  Vá ali para o confessionário!

Peregrino continuou sua vida do mesmo jeito. Estudos, olaria e agora não perdia uma missa na igreja do Frei Simão.

 Até que enfim marcaram o dia do novo concurso. O cabra preparou-se logo cedo e partiu para a cidade vizinha onde seria realizado as provas. Mês depois saiu o resultado.

Aprovado!!!

O cabra quase endoidece de tanta alegria, saía gritando sua vitória. De casa em casa, de rua em rua. Todos davam parabéns pela vitória depois de tantas derrotas.

O tempo foi passando e as pessoas logo se esqueceram da vida de Peregrino. O homem desaparecera das ruas e da vida na vila de Carrapicho Estrelado. Todos pensavam que tinha sido nomeado para uma cidade longe, fora do Estado talvez.

Benevides, antigo amigo e as vezes crítico e metido a gaiato, um dia foi passar uma semana na capital Maceió e participar do conhecido banho de mar a fantasia, festa realizada no carnaval.

Como todo turista, Benevides, após a ressaca da festa, começou a visitar os pontos importantes da cidade. Praias, Lagoas, monumentos, prédios governamentais, suas igrejas e conventos.

Entra no Convento Sagrado Coração de Jesus, convento dos Capuchinhos, que estava completamente vazia e num silencio sepulcral. Senta-se num dos bancos e fica orando com os olhos fechados. De repente ouve passos arrastados e abre os olhos. Depara-se com um frade de batina marrom, barba fechada, cabisbaixo e agarrado num rosário enorme, debulhando as Ave-Marias e os Pais-Nossos. Ao se aproximar mais um pouco, Benevides tem um susto medonho ao ver aquela cara.

- Peregrino, é você meu amigo ou estou sonhando acordado?

O frade que estava muito compenetrado, também se assustou com a indagação. Virando-se em direção ao banco onde se encontrava Benevides disse.

- Meu velho amigo, o que o trazes aqui? Sou eu mesmo!

- Mas homem, o que está fazendo nessa batina, e o banco?

Apertaram as mãos e o frade sentou-se ao lado do amigo.

- É uma história difícil de contar. Minha mãe pediu que fosse me confessar com o frei Simão e contasse sobre minha situação nos estudos.

Ele muito gentilmente disse que era falta de fé e que eu fizesse uma promessa muito difícil de pagar para alcançar minha graça. Assim fiz!

Prometi a meu Deus, a Nossa Senhora e ao Santo Antônio de Pádua que se passasse no concurso eu iria virar frade e aí está a promessa cumprida. Promessa é promessa!