3° - CADERNO DO AGRICULTOR
CAÇAS E CAÇADAS
Agroº. João Henriques
Creio que todos estão percebendo o
desaparecimento mais ou menos rápido de nossas espécies de animais silvestres.
Aliás, não poderia ser de outra formar se não respeitamos as determinações do Estatuto
da Caça e Pesca, que fixa a época das caçadas. E o objetivo da lei é justamente
impedir que se matem os animais na fase de reprodução, evitando, pelo menos
assim, que as espécies desapareçam, como já aconteceu com algumas em certas
zonas. As emas, os veados, as perdizes e codornas, as pacas, os urús, as seriemas,
os jacus, os tatus verdadeiros e outros animais úteis, já se tornaram raridades
em muitos lugares ou mesmo não mais existem. E nas zonas onde ainda são
encontrados, a perseguição é constante, tendendo também a exterminá-los.
Torna-se, por isso urgente, inadiável, por em execução o Código de Caça e Pesca,
como medida de proteção à nossa fauna silvestre. E não se justifica de forma
alguma essa exploração desregrada de nossos mais belos recursos naturais. E não
é razoável e nem justo que depredemos as riquezas naturais e deixemos como
herança aos nossos descendentes, uma natureza espoliada, dilapidada, arrasada.
Há os que caçam para se alimentar e
aqueles que o fazem por simples esporte, como uma diversão, para mostrar a
perícia da pontaria. E por esses esportes detestáveis, pagam os inocentes
animais, que vivem nas selvas e nos campos, sem nos dar preocupação e, ao
contrário, muitos deles de grande utilidade à agricultura.
O hábito de caçar nos veio dos tempos primitivos
quando a agricultura ainda não existia ou era rudimentar. O homem vivia da
caça, da pesca e de outros recursos naturais, então abundantíssimos. Os
processos de caça, porém, eram também rudimentares e resumiam-se a armadilhas e
as setas dos índios, impotentes para a exterminação das espécies. A espingarda,
porém, da qual há quem possua coleção, é rápida e mortífera, indo buscar ao longe,
ora correndo, ora no voo.
Data: Num pretérito, muito passado.