CHEGADA DA FAMÍLIA REAL AO BRASIL
Hoje faz 212 anos da chegada da
família real ao Brasil, até hoje ninguém sabe ao certo se foi bom o ruim para
nossa pátria – Coração do Mundo, a vinda deles. Muitas hipóteses foram
levantadas e ainda são dessa carreira desabalada de mar a dentro, uns dizem que
foi uma estratégia outros medo, quem ler que tire suas conclusões. Faço uma
pequena discrição dessa viagem, numa história que estou escrevendo.
O Embarque e a Viagem da Corte
A hesitação de D. João em cumprir as
determinações de Napoleão fez com que se visse com o Exército francês
praticamente às suas costas. Sem saída, embarcou para o Brasil com toda a
família real e a Corte, cerca de 10 mil pessoas da aristocracia, além de trazer
todo o Tesouro português. Este embarque, realizado às pressas, como uma fuga,
apenas um dia antes de as tropas napoleônicas ocuparem Lisboa, tirou a grandeza
da ideia da transferência da Corte.
Alguns historiadores, como Oliveira Lima,
consideram que a vinda da Corte para as terras americanas foi uma inteligente e
feliz manobra política. Para ele, agindo assim, D. João "escapava, de
todas as humilhações sofridas por seus parentes castelhanos e mantinha-se na
plenitude dos seus direitos, pretensões e esperanças. Era como que uma ameaça
viva e constante à manutenção da integridade do sistema napoleônico.
(...)." Entretanto, há aqueles que a veem como uma deserção covarde, não
percebendo nela qualquer resquício de estratégia política.
O embarque de milhares de pessoas e seus
pertences, em um dia bastante chuvoso, foi extremamente confuso, visto D. João
ter se decidido em cima da hora. Todo um aparelho burocrático vinha para a
Colônia: ministros, conselheiros, juízes da Corte Suprema, funcionários do
Tesouro, patentes do Exército e da Marinha e membros do alto Clero. Baús com
roupas, malas, sacos e engradados seguiam junto com as riquezas da Corte. Obras
de arte, objetos dos museus, a Biblioteca Real com mais de 60 mil livros, todo
o dinheiro do Tesouro português e as joias da Coroa iam sendo colocados nos
porões dos navios, bem como cavalos, bois, vacas, porcos e galinhas e mais toda
a sorte de alimentos. Na manhã do dia 29 de novembro a esquadra portuguesa
finalmente partiu do porto de Lisboa com destino ao Rio de Janeiro.
A população de Lisboa assistia atônita a toda
essa movimentação. Não podia acreditar que estivesse sendo abandonadas pelo
príncipe-regente e demais autoridades, levando tudo o que estivesse à mão,
deixando-a totalmente desamparada para enfrentar o Exército de Napoleão. Lisboa
estava um caos. Junot e sua tropa, apesar de bastante desfalcada, não tiveram
problema para dominar a cidade, cuja população estava atordoada com o que
consideravam uma fuga vergonhosa.
Mais tarde, no Rio de Janeiro, na nova sede do
Reino, essa situação seria assim traduzida em versos populares:
"É
chegado a Portugal
O
tempo de padecer,
Se
te oprime a cruel França
Sorte
melhor hás de ter".
"Quem
oprime os portugueses,
Quem
os rouba sem ter dó?
É
esta tropa francesa
De
quem é chefe Junot".
A viagem foi difícil. Com os navios
superlotados não havia espaço para todos se acomodarem. Muitos viajaram com a
roupa do corpo, pois nem tudo pôde ser embarcado, já que a capacidade dos
navios há muito havia sido superada. A água e os alimentos foram racionados. A
higiene era de tal forma precária, que houve um surto de piolho nos navios,
obrigando as mulheres a rasparem a cabeça, entre elas a princesa Carlota
Joaquina e as demais damas da família real e da Corte.
Para complicar a situação, quando a esquadra
portuguesa estava próxima à ilha da Madeira, uma forte tempestade a dividiu,
sendo que metade das embarcações, inclusive a que levava o príncipe-regente,
foi parar no litoral da Bahia. Preocupado em evitar maiores problemas, D. João
ordenou que todos parassem no porto mais próximo antes de seguir viagem para o
Rio de Janeiro. A esquadra portuguesa, com o príncipe-regente, aportou assim,
em Salvador, em 22 de janeiro de 1808, após 54 dias de viagem.
http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/embarque.html