sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

 

CHEGADA DA FAMÍLIA REAL AO BRASIL

 

 



 

Hoje faz 212 anos da chegada da família real ao Brasil, até hoje ninguém sabe ao certo se foi bom o ruim para nossa pátria – Coração do Mundo, a vinda deles. Muitas hipóteses foram levantadas e ainda são dessa carreira desabalada de mar a dentro, uns dizem que foi uma estratégia outros medo, quem ler que tire suas conclusões. Faço uma pequena discrição dessa viagem, numa história que estou escrevendo.

 O mar estava revolto naquele domingo. Chovia e as fragatas, brigues e escunas se espalhavam por todo o Tejo e arredores, e, do cais de Belém, principal ponto de encontro e partida, o ruge-ruge era imenso. Todo mundo queria embarcar sem saber ao certo por que, e para onde. Não sabiam talvez que a viagem fosse só de ida, como se fossem tomar a Nau dos Loucos. Era o caos. Talvez o terremoto de 1755 tivesse sido mais assustador do que este movimento, antes, se abrira as terras, agora os mares seriam abertos para as embarcações sulcarem por mares nunca dantes navegados por D. João e Dona Carlota. Somente uns, ainda perplexos, ou se faziam, que aquele momento fosse apenas mais uma pitoresca aventura palaciana. Lisboa estava sendo invadida pelas tropas de Napoleão. Ninguém sabe por que diabo a quatro, - se o diabo tinha alguma coisa a haver com isso, – ou se fora covardia ou estratégia, a precipitada fuga da família Real e sua Corte (muitos bajuladores) entre dez a quinze mil pessoas de todos os níveis sociais, carregando quase tudo que podiam: o tesouro, muitas quinquilharias inclusive o mais importante, acho eu, a Biblioteca Real. Transcrevo abaixo um resumo bem sucinto e racional. Pois o assunto que debulho agora nada tem a haver com aqueles fatos passados entre Lisboa e a Colônia, por enquanto:

 

 O Embarque e a Viagem da Corte

 

A hesitação de D. João em cumprir as determinações de Napoleão fez com que se visse com o Exército francês praticamente às suas costas. Sem saída, embarcou para o Brasil com toda a família real e a Corte, cerca de 10 mil pessoas da aristocracia, além de trazer todo o Tesouro português. Este embarque, realizado às pressas, como uma fuga, apenas um dia antes de as tropas napoleônicas ocuparem Lisboa, tirou a grandeza da ideia da transferência da Corte.

Alguns historiadores, como Oliveira Lima, consideram que a vinda da Corte para as terras americanas foi uma inteligente e feliz manobra política. Para ele, agindo assim, D. João "escapava, de todas as humilhações sofridas por seus parentes castelhanos e mantinha-se na plenitude dos seus direitos, pretensões e esperanças. Era como que uma ameaça viva e constante à manutenção da integridade do sistema napoleônico. (...)." Entretanto, há aqueles que a veem como uma deserção covarde, não percebendo nela qualquer resquício de estratégia política.

O embarque de milhares de pessoas e seus pertences, em um dia bastante chuvoso, foi extremamente confuso, visto D. João ter se decidido em cima da hora. Todo um aparelho burocrático vinha para a Colônia: ministros, conselheiros, juízes da Corte Suprema, funcionários do Tesouro, patentes do Exército e da Marinha e membros do alto Clero. Baús com roupas, malas, sacos e engradados seguiam junto com as riquezas da Corte. Obras de arte, objetos dos museus, a Biblioteca Real com mais de 60 mil livros, todo o dinheiro do Tesouro português e as joias da Coroa iam sendo colocados nos porões dos navios, bem como cavalos, bois, vacas, porcos e galinhas e mais toda a sorte de alimentos. Na manhã do dia 29 de novembro a esquadra portuguesa finalmente partiu do porto de Lisboa com destino ao Rio de Janeiro.

A população de Lisboa assistia atônita a toda essa movimentação. Não podia acreditar que estivesse sendo abandonadas pelo príncipe-regente e demais autoridades, levando tudo o que estivesse à mão, deixando-a totalmente desamparada para enfrentar o Exército de Napoleão. Lisboa estava um caos. Junot e sua tropa, apesar de bastante desfalcada, não tiveram problema para dominar a cidade, cuja população estava atordoada com o que consideravam uma fuga vergonhosa.

Mais tarde, no Rio de Janeiro, na nova sede do Reino, essa situação seria assim traduzida em versos populares:

 

"É chegado a Portugal

O tempo de padecer,

Se te oprime a cruel França

Sorte melhor hás de ter".

"Quem oprime os portugueses,

Quem os rouba sem ter dó?

É esta tropa francesa

De quem é chefe Junot".

 

A viagem foi difícil. Com os navios superlotados não havia espaço para todos se acomodarem. Muitos viajaram com a roupa do corpo, pois nem tudo pôde ser embarcado, já que a capacidade dos navios há muito havia sido superada. A água e os alimentos foram racionados. A higiene era de tal forma precária, que houve um surto de piolho nos navios, obrigando as mulheres a rasparem a cabeça, entre elas a princesa Carlota Joaquina e as demais damas da família real e da Corte.

Para complicar a situação, quando a esquadra portuguesa estava próxima à ilha da Madeira, uma forte tempestade a dividiu, sendo que metade das embarcações, inclusive a que levava o príncipe-regente, foi parar no litoral da Bahia. Preocupado em evitar maiores problemas, D. João ordenou que todos parassem no porto mais próximo antes de seguir viagem para o Rio de Janeiro. A esquadra portuguesa, com o príncipe-regente, aportou assim, em Salvador, em 22 de janeiro de 1808, após 54 dias de viagem.

http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/embarque.html

 

 

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