77
anos da morte de Zé Lourenço.
A comunidade remanescente dos camponeses
do Caldeirão e fazenda União do beato José Lourenço, um beato perseguido,
lembra nesse dia, sua passagem para o plano espiritual.
77
anos de falecimento do beato José Lourenço
Profa.Ms
Maria
Loureto
Pesquisadora
e historiadora.
RECORTE
DE UMA HISTÓRIA DE PERSEGUIÇÃO.
Zé Lourenço, o beato, sob às orientações
do Padre Cícero, larga a comunidade de beatos e vai cuidar da agricultura,
oferecendo trabalho, abrigo e alimento, ensinando a fazer penitência e fazer
oração.
Baida
D' anta, Caldeirão e União.
Comunidades
que recebiam os enviados do Padre Cicero Romão.
Sob
a luz da fé e cresça na Santa Cruz, enfrentou a injustiça sem esquecer Jesus.
Tentaram
sua vida tirar, por inveja muito tentaram,
Mataram
inocentes, mas eles não mataram.
Zé
Lourenço morreu em seu leito na fazendo união, perto dele estava, seu amigo
Mozart Cardozo o médico de Cicero Romão.
O
exemplo de coragem, força, trabalho e união, confundia a igreja, forças armadas
e multidão, só não a Deus, que o levou com mansidão.
Escreveu;
Maria Loureto de Lima.
Pesquisadora.
José
Lourenço Gomes da Silva, mais conhecido como beato José Lourenço, (Pilões de
Dentro, 22 de janeiro de 1872 — Exu, 12 de fevereiro de 1946) foi o líder da
comunidade Caldeirão de Santa Cruz do Deserto, localizada na zona rural do
Crato (Ceará).
Biografia
José
Lourenço Gomes da Silva era paraibano da cidade de Pilões de Dentro, nascido em
1872, filhos de escravos alforriados – Lourenço Gomes da Silva e Teresa Maria
da Conceição. Muito jovem foi trabalhar na agricultura, afastado da família,
que migrara para Juazeiro do Norte. Aos vinte anos de idade, José Lourenço vai
para Juazeiro, onde reencontra sua família e se torna beato.
Baixa
Dantas
Em
Juazeiro, José Lourenço conquista a confiança do vigário local e é encarregado
de liderar uma missão, para onde o Padre Cícero enviaria os flagelados da
região. José Lourenço então arrendou terras no sítio Baixa Dantas, no município
do Crato, para exploração agrícola comunitária. Lá permaneceria de 1894 ou 1895
até 1926, ano em que o sítio é vendido pelo proprietário, coronel João de Brito,
sem qualquer indenização ao beato e seus seguidores.[1]
A
comunidade do sítio desenvolveu-se rapidamente, o que despertou a fúria dos
fazendeiros. Possivelmente com o intuito de colocar o beato em descrédito,
espalhou-se a notícia de que os membros da comunidade veneravam o boi Mansinho,
um mestiço de zebu que pertencera ao Padre Cícero.[2][3] Em 1921, a Igreja
Católica, que já estava irritada com os supostos fenômenos sobrenaturais
ocorridos em Juazeiro do Norte, pressionou o Padre Cícero para que tomasse uma
decisão. Para evitar maiores transtornos, Floro Bartolomeu, um político local,
amigo do Padre Cícero, ordenou que sacrificassem o boi e prendessem José
Lourenço. O beato foi solto semanas depois, a pedido do padre Cícero. [1]
Caldeirão
Ver
artigo principal: Caldeirão de Santa Cruz do Deserto
Depois
da confusão, José Lourenço Gomes da Silva decidiu transferir a comunidade para
o Caldeirão, um local mais afastado. Entretanto as perseguições continuaram e,
em 11 de maio de 1937, com a conivência do clero e de latifundiários locais, a
comunidade foi invadida e arrasada por forças policiais, apoiadas por aviões da
FAB. Cerca de 700 camponeses foram mortos. [4]
Caldeirão
era uma comunidade autossustentável que dava abrigo a famílias camponesas que
fugiam da exploração imposta pelos latifundiários. O caso do massacre do
Caldeirão costuma ser comparado à guerra de Canudos (1896-1897), na Bahia, e à
guerra do Contestado (1912-1916), na fronteira entre os estados do Paraná e
Santa Catarina — episódios com desfechos semelhantes.
José
Lourenço fugiu para Exu, onde morreu em 1946 de peste bubônica, tendo sido
sepultado em Juazeiro do Norte.
Ação
judicial
Em
2008, a ONG cearense SOS Direitos Humanos ajuizou uma Ação Civil Pública na
Justiça Federal do Ceará requerendo que a União Federal e o Estado do Ceará
informem a localização da cova comum onde o Exército e a Polícia Militar do
Ceará enterraram as vítimas do Sítio Caldeirão, massacradas em 1937.
A
ação foi extinta, sem julgamento de mérito, pelo juiz da 16.ª Vara Federal de
Juazeiro do Norte, a pedido do Ministério Público Federal que em seu parecer
declarou:
a)
o massacre ocorreu há mais de 70 anos e estava prescrito
b)
não há como encontrar os restos mortais pelo tempo que o crime ocorreu.
A
SOS Direitos Humanos, inconformada com a decisão do juiz, apelou ao TRF da 5.ª
região, em Recife, aduzindo que:
a)
o crime de desaparecimento de pessoas é imprescritível,
b)
os restos mortais estão em local árido, a Chapada do Araripe, e portanto podem
ser encontrados, a exemplo da família do Czar Romanov, que foi morta em 1918 e
encontrada nos anos de 1991 e 2007.
Em
11 de maio de 1937, centenas de sertanejos, seguidores do beato paraibano José
Lourenço foram massacrados pela Polícia e pelo Exército, na fazenda denominada
Caldeirão, situada no Crato, Ceará. O episódio ficou conhecido como Massacre do
Caldeirão. A terra havia sido doada aos romeiros pelo Padre Cícero no final da
década de 1920. Conhecida como Caldeirão dos Jesuítas, passou a ser chamada de
Caldeirão da Santa Cruz do Deserto pelos romeiros. No Caldeirão, cada família
tinha sua casa e a produção era dividida entre todos. Na fazenda havia também
um cemitério e uma igreja, construídos pelos próprios membros. A comunidade
chegou a ter mais de mil habitantes. O modo de vida comunitário e a sociedade
igualitária atraíram famílias de todo sertão que abandonaram o trabalho árduo
nos latifúndios para ir viver no Caldeirão. A comunidade rural começou a ser
acusada de “comunista”. Em 1937, sem a proteção de Padre Cícero, que falecera
em 1934, o Caldeirão foi invadido e destruído pelas forças do governo de
Getúlio Vargas. O número de mortos é até hoje desconhecido. Estimam-se 400 ou
700 mortos. Seus corpos não foram encontrados pois o Exército e a Polícia
Militar do Ceará nunca informaram o local da vala comum onde foram enterrados.
Presume-se que a vala coletiva esteja no Caldeirão ou na Mata dos Cavalos, na Serra
do Cruzeiro (região do Cariri). José Lourenço conseguiu fugir para Pernambuco
onde morreu aos 74 anos e foi enterrado em Juazeiro.