sábado, 4 de fevereiro de 2023

 



                                    ANTEVISÃO

 Caetano Pero Neto

 

 

Quando a nuvem

acionou seus canhões invisíveis,

ribombando no espaço,

ouvi a mensagem da abundância.

 

Quando o raio

cortou o tecido espesso das trevas

com a lâmina da morte em esplendor,

respirei o ar puro do céu lavado.

 

Quando o vento sacudiu o arvoredo

com seu rebenque aéreo,

enxerguei as flores

que permaneceriam

fiéis aos frutos.

 

Quando o aguaceiro jorrou dos céus,

com as suas cataratas imensas,

inundando os caminhos,

vi a mesa farta,

rodeada de crianças felizes.

 

Quando o sofrimento aparece,

diante de nós,

crivando-nos o ser com farpas intangíveis,

vejo nossas almas

nos píncaros do Planeta,

sob o fulgor sem sombra do zênite,

cada qual carregando em si mesma

o seu próprio Universo,

prontas a desferir

o vôo livre e belo

para o sem-fim da Perfeição.

 

Do livro Poetas Redivivos

Espíritos Diversos

Psicografia: Francisco Cândido Xavier

Pero Neto (Itápolis, 21 de agosto de 1916 - São Paulo, 23 de dezembro de 1937) foi um poeta e advogado brasileiro.

 Filho de Nicolau Pero e Olímpia Ferreira Pero, diplomou-se aos 15 anos de idade e aos 16 anos foi aceito no vestibular para o curso de Direito na Faculdade de Direito de São Paulo. Em seu sepultamento, um dos oradores, em um gesto de reconhecimento pelas suas contribuições como presidente da Associação Acadêmica Álvares de Azevedo e como orador da caravana artística do centro acadêmico XI de Agosto, foi Ulysses Guimarães. Às vésperas de sua morte, deixou um romance incompleto, o qual seria batizado de "Os Boiadeiros", vários discursos, diversos contos e inúmeras poesias. Devido a sua brilhante atuação junto a Faculdade de Direito de São Paulo, o Centro Acadêmico XI de Agosto publicou "Xangô e Outros Poemas", coletânea de poesias deixadas por Pero Neto.

 

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


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