domingo, 12 de fevereiro de 2023

VIDA DE ZÉ LOURENÇO

 

77 anos da morte de Zé Lourenço.

 

 

 

 


 

 

 

A comunidade remanescente dos camponeses do Caldeirão e fazenda União do beato José Lourenço, um beato perseguido, lembra nesse dia, sua passagem para o plano espiritual.

77 anos de falecimento do beato José Lourenço

Profa.Ms

Maria Loureto

Pesquisadora e historiadora.

 

 

 



 

 

RECORTE DE UMA HISTÓRIA DE PERSEGUIÇÃO.

 

Zé Lourenço, o beato, sob às orientações do Padre Cícero, larga a comunidade de beatos e vai cuidar da agricultura, oferecendo trabalho, abrigo e alimento, ensinando a fazer penitência e fazer oração.

 

Baida D' anta, Caldeirão e União.

Comunidades que recebiam os enviados do Padre Cicero Romão.

 

Sob a luz da fé e cresça na Santa Cruz, enfrentou a injustiça sem esquecer Jesus.

 

Tentaram sua vida tirar, por inveja muito tentaram,

Mataram inocentes, mas eles não mataram.

 

Zé Lourenço morreu em seu leito na fazendo união, perto dele estava, seu amigo Mozart Cardozo o médico de Cicero Romão.

 

O exemplo de coragem, força, trabalho e união, confundia a igreja, forças armadas e multidão, só não a Deus, que o levou com mansidão.

 

Escreveu; Maria Loureto de Lima.

Pesquisadora.

 

José Lourenço Gomes da Silva, mais conhecido como beato José Lourenço, (Pilões de Dentro, 22 de janeiro de 1872 — Exu, 12 de fevereiro de 1946) foi o líder da comunidade Caldeirão de Santa Cruz do Deserto, localizada na zona rural do Crato (Ceará).

 

Biografia

José Lourenço Gomes da Silva era paraibano da cidade de Pilões de Dentro, nascido em 1872, filhos de escravos alforriados – Lourenço Gomes da Silva e Teresa Maria da Conceição. Muito jovem foi trabalhar na agricultura, afastado da família, que migrara para Juazeiro do Norte. Aos vinte anos de idade, José Lourenço vai para Juazeiro, onde reencontra sua família e se torna beato.

 

Baixa Dantas

Em Juazeiro, José Lourenço conquista a confiança do vigário local e é encarregado de liderar uma missão, para onde o Padre Cícero enviaria os flagelados da região. José Lourenço então arrendou terras no sítio Baixa Dantas, no município do Crato, para exploração agrícola comunitária. Lá permaneceria de 1894 ou 1895 até 1926, ano em que o sítio é vendido pelo proprietário, coronel João de Brito, sem qualquer indenização ao beato e seus seguidores.[1]

 

A comunidade do sítio desenvolveu-se rapidamente, o que despertou a fúria dos fazendeiros. Possivelmente com o intuito de colocar o beato em descrédito, espalhou-se a notícia de que os membros da comunidade veneravam o boi Mansinho, um mestiço de zebu que pertencera ao Padre Cícero.[2][3] Em 1921, a Igreja Católica, que já estava irritada com os supostos fenômenos sobrenaturais ocorridos em Juazeiro do Norte, pressionou o Padre Cícero para que tomasse uma decisão. Para evitar maiores transtornos, Floro Bartolomeu, um político local, amigo do Padre Cícero, ordenou que sacrificassem o boi e prendessem José Lourenço. O beato foi solto semanas depois, a pedido do padre Cícero. [1]

 

Caldeirão

Ver artigo principal: Caldeirão de Santa Cruz do Deserto

Depois da confusão, José Lourenço Gomes da Silva decidiu transferir a comunidade para o Caldeirão, um local mais afastado. Entretanto as perseguições continuaram e, em 11 de maio de 1937, com a conivência do clero e de latifundiários locais, a comunidade foi invadida e arrasada por forças policiais, apoiadas por aviões da FAB. Cerca de 700 camponeses foram mortos. [4]

 

Caldeirão era uma comunidade autossustentável que dava abrigo a famílias camponesas que fugiam da exploração imposta pelos latifundiários. O caso do massacre do Caldeirão costuma ser comparado à guerra de Canudos (1896-1897), na Bahia, e à guerra do Contestado (1912-1916), na fronteira entre os estados do Paraná e Santa Catarina — episódios com desfechos semelhantes.

 

José Lourenço fugiu para Exu, onde morreu em 1946 de peste bubônica, tendo sido sepultado em Juazeiro do Norte.

 

Ação judicial

Em 2008, a ONG cearense SOS Direitos Humanos ajuizou uma Ação Civil Pública na Justiça Federal do Ceará requerendo que a União Federal e o Estado do Ceará informem a localização da cova comum onde o Exército e a Polícia Militar do Ceará enterraram as vítimas do Sítio Caldeirão, massacradas em 1937.

 

A ação foi extinta, sem julgamento de mérito, pelo juiz da 16.ª Vara Federal de Juazeiro do Norte, a pedido do Ministério Público Federal que em seu parecer declarou:

 

a) o massacre ocorreu há mais de 70 anos e estava prescrito

b) não há como encontrar os restos mortais pelo tempo que o crime ocorreu.

A SOS Direitos Humanos, inconformada com a decisão do juiz, apelou ao TRF da 5.ª região, em Recife, aduzindo que:

 

a) o crime de desaparecimento de pessoas é imprescritível,

b) os restos mortais estão em local árido, a Chapada do Araripe, e portanto podem ser encontrados, a exemplo da família do Czar Romanov, que foi morta em 1918 e encontrada nos anos de 1991 e 2007.

 

 

Em 11 de maio de 1937, centenas de sertanejos, seguidores do beato paraibano José Lourenço foram massacrados pela Polícia e pelo Exército, na fazenda denominada Caldeirão, situada no Crato, Ceará. O episódio ficou conhecido como Massacre do Caldeirão. A terra havia sido doada aos romeiros pelo Padre Cícero no final da década de 1920. Conhecida como Caldeirão dos Jesuítas, passou a ser chamada de Caldeirão da Santa Cruz do Deserto pelos romeiros. No Caldeirão, cada família tinha sua casa e a produção era dividida entre todos. Na fazenda havia também um cemitério e uma igreja, construídos pelos próprios membros. A comunidade chegou a ter mais de mil habitantes. O modo de vida comunitário e a sociedade igualitária atraíram famílias de todo sertão que abandonaram o trabalho árduo nos latifúndios para ir viver no Caldeirão. A comunidade rural começou a ser acusada de “comunista”. Em 1937, sem a proteção de Padre Cícero, que falecera em 1934, o Caldeirão foi invadido e destruído pelas forças do governo de Getúlio Vargas. O número de mortos é até hoje desconhecido. Estimam-se 400 ou 700 mortos. Seus corpos não foram encontrados pois o Exército e a Polícia Militar do Ceará nunca informaram o local da vala comum onde foram enterrados. Presume-se que a vala coletiva esteja no Caldeirão ou na Mata dos Cavalos, na Serra do Cruzeiro (região do Cariri). José Lourenço conseguiu fugir para Pernambuco onde morreu aos 74 anos e foi enterrado em Juazeiro.

 

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