terça-feira, 14 de março de 2023

A RUA QUE NÃO ACONTECEU - ROBÉRIO MARACAJÁ HENRIQUES


 

A RUA QUE NÃO ACONTECEU

 

Robério Maracajá (in memoriam)

 

Aquela manhã não era do meu tempo, muito mais antiga. Uma manhã velha fazendo-me reconhecer a marca das idades, como se me revelasse páginas amarelecidas pelo tempo. A rua, a calçada, o casario, os passageiros, tudo ancestral. E a inquietação minha por sentir-me novo, recente, uma violência dentro daquelas imagens remissivas.

O menino vinha ao meu encontro, uma paródia de meninos anteriores, olhos mortos de pálpebras imóveis, passos cansados de séculos, uma imagem recém – saída de um calendário esquecido. Um vulto sem emoções como uma estampa desbotada. Uma agressão ao meu tempo de barco sobre ondas azuis e iluminadas. A dor de um encontro absurdo, indesejável.

O casario abria as janelas, olhos de múmias, bocas desdentadas de palavras, hálito de recantos escondidos no silêncio das paredes assombradas de vazios. E eu me via naqueles interiores e assustavam-me os meus habitantes, então reencarnando todos os meus eus. Um pavor maior, vendo-me em tantas posses, meus olhos de infinitas dimensões, as mãos de centenas de dedos, todas as minhas almas que não assumi.

O menino e o casario completavam-se à sombra das árvores que nem existiam mais, ramos de aves sem pouso, o corpo dos troncos maltrapilhos, raízes contorcidas no leito de orgasmos incompletos. Os jardins anêmicos sem as rosas de dezembro, asas de borboletas esfarrapadas, zumbis de cores secas, cigarras de cantorias estiadas, uma vertigem.

O menino era a alma das árvores, dos pássaros e do casario e me roubava do meu tempo, violentando a minha idade, agora um aborto desmembrado, dispersado por caminhos perplexos. Afundava o meu barco de águas azuis e iluminadas, era a minha morte em profundezas agoniadas. A agonia dos meus habitantes e dos meus despovoados. A angústia das minhas casas desdentadas e de bocas sem palavras, das árvores sem aves, dos meus olhos de múmia, de um hálito de silêncio.

Um violino, um piano, um violão vinham das noites desaparecidas, de uma sala nenhuma, de uma sacada qualquer, onde uma moça qualquer premia os seios e o coração, uma serenata cortada ao meio, numa meia noite. E as fantasias / fantasmas, no gume da rua nua, apedrejavam telhados desalmados.

Aquela manhã, dia / noite, que não era do meu tempo, intrometeu-se em mim como uma noite desperdiçada. Carregando todos os meus escondidos e indesejados. Pela primeira vez, recusei uma manhã, desacordando-me. Um amanhecer amarelo, fosco, esfumaçado, idoso. Um acorde de restos embaralhados, confusos, sem fronteiras, na alma e no tempo.

Aquela manhã que nunca existiu e, se existiu, foi tanto que não havia mais nada além dos olhos mortos do menino espiando de dentro de um velho calendário.

JÚLIA CONTO DE JOÃO HENRIQUES DA SILV A

 

JÚLIA

 

João Henriques da Silva

(In Memoriam 20/09/1901 – 16/4/2003)

 

Júlia, a Negra Júlia, não havia nascido para brincadeira. Virara mulher antes do tempo e não queria negócio com gente pobre. Gente pobre que prestasse só existia mesmo ela; e mesmo admirava o contraste das classes sociais. Só se vestia de branco ou roupas claras combinando com os dentes iguais, completos e alvos como coco. Não dispensava uma flor nos cabelos e nem uma cinta colorida, de longe já se sabia.

- Lá vem a Negra Júlia. E que Deus a livrasse dos filhos. Poderia nascer um bastardo que lhe daria sério desgosto.

Também não falava em casamento que era negócio pra gente rica. pobre casado só servia para aumentar a miséria.

Negra Júlia empregava-se numa casa e noutra, mas logo dava nas vistas das patroas que a mandava passear.

 E ao sair sempre dizia: - A senhora deveria mandar era o seu marido. É patroa. O que ele me pede eu faço. E não é nada de mais, aliás. Não lhe arranco pedaço.

Era melhor ficar calada, antes que à Júlia se saísse com outras mais vexatórias. Em segundo lá vinham às briguinhas.

- Não tem vergonha, Chico, de andar pedindo as coisas a Negra Júlia. Por que não te das o respeito?

- Conversa daquela doida. Acha-me com a coragem de me misturar com uma pobretona daquela? Só mesmo tua cabecinha tonta pode sair semelhante pensamento.

- Pensamento, o que. Foi ela mesma quem me passou nas ventas. Acha que eras tu que eu deveria mandar embora.

- Mulher atrevida e diabólica. Como tem coragem de inventar uma fuxicada dessa.

- De qualquer forma, pedi a confiança em ti. Bem que eu podia ver, pelo bamboleio, que aquela safada era perigosa.

- Já te disse que não tolero gente com aquelas maneiras, basta vê-los para ter arrepios.

- Duvido! Com uma mulher daquela qualquer um se perde. A bichota dá voltas no corpo igual a uma cobra de cipó. Só por ser muito vulgar. Duvido que enjeite. De qualquer maneira, uma pessoa daquela não me põe mais os pés aqui.

- Bobagem tua. É melhor em casa reservadamente, do que lá fora às vistas do mundo.

- Não gosto de gaiatice!

A Negra Júlia era violenta nos seus amores. Criara fama. Não se oferecia diretamente a ninguém. Bastava, contudo, sua presença para assanhar qualquer um. Eram as suas formas, o seu jeitão de mulher vadia e atrevida. Nenhuma casa de família a queria mais. Achavam até que o delegado deveria proibir de andar pelas ruas naquele desespero de mulher insaciável. Mas, quanto mais se falava, mas ela se exibia, balançando as curvas do corpo, presas no vestido colado. Havia desassossego na cidadezinha. Se ao menos a danada ficasse buchuda, daria um descanso às donas de casa. Mas nem isso. A velha Totonha preparava-lhe garrafadas que impediam de pegar menino. E o pior era aquela sua ojeriza pelos pobres, pois poderia ir se chafurdar com a sua classe. Mas não. Só insultava gente de dinheiro, sadia e corada. Detestava magrecelas. Não tinham sangue nem para eles, quanto mais para derretê-la. Já não trabalhava mais e não lhe faltavam vestidos novos, perfumes e outros adereços femininos. Era evidente que estavam gastando muito com ela e só podia ser os maridos sem vergonha. Os apelos feitos às autoridades eclesiásticas falharam. Não era crime andar pelas ruas decentemente. O melhor era esquecerem a Negra Júlia. O esquecimento é um santo remédio. Além disso, sem emprego. A Negra Júlia teria que arranjar um meio de sobrevivência.

- É pobre, mas também é gente. Tranquem bem os seus maridos. Eu, por exemplo, não a procuro. E Júlia é mulher sem outro trabalho. Tem quer ir mesmo vivendo dos seus encantos. As donas de casa não a querem, mas os maridos querem.

- Mas seu Juiz, precisa-se de uma solução definitiva. A Negra Júlia toma conta de tudo. A gente mesmo se fosse homem estaria sendo tentada. A danada tem azougue é pior dos que visgo de jaca. Pisou caiu!

- Vão ao delegado. Falem com ele. Talvez ele possa conversar com a Júlia, dar-lhe uns conselhos e amenizar a situação.

- Vamos lá, minha gente.

- Seu tenente, viemos aqui pedir providencias contra a Negra Júlia. Anda aí pelas ruas botando feitiço em nossos maridos. Não se tem mais sossego.

- A Negra Júlia! O que foi que ela fez? Cometeu algum crime?

- Pior. Está intranquilizando as famílias. Assanhando nossos maridos que não ligam mais para a gente.

- Mais isso é um descalabro senhoras: ricas, educadas, de posição social elevada, com medo ou ciúme da Negra Júlia? Nem é possível acreditar, este é assunto para tratar como Dr. Juiz.

De lá já viemos.

Então deixam a Negra Júlia em paz. Ela também precisa viver e se divertir.

 

 

 

 

 

segunda-feira, 6 de março de 2023

 

IDALINA

João Henriques da Silva

(In Memoriam 20/09/1901 – 16/04/2003)

 

            Idalina era a menina mais triste da pensão de dona Marialva. Olhava para as pessoas como se estivesse com vontade de chorar. Quando lhe perguntavam o motivo, respondia invariavelmente:

- Nada, nada não!

Nunca se vira uma beleza tão triste. E por isto mesmo era Idalina a atração daquela casa de mulheres. Todos que a viam desejavam saber por que uma menina tão nova ainda e bonita como era, podia ser tão triste. Uma tristeza comovente. A tristeza passeava nos olhos de Idalina como um cisne sozinho num lago, solitário. E os frequentadores da pensão, juraram descobrir a causa. Saia com um, saia com outro e todos procuravam entrar-lhe de alma adentro para descobrir o segredo.

            - Nada não, gente. É porque sou assim mesmo. Nasci assim, com este ar de tristeza.

            Para uma mariposa, aquela tristeza, infinda era inexplicável. E nem se podia compreender como se atrevera uma pessoa tão triste, vir para o ambiente das mulheres alegres. Um verdadeiro contra senso. Mas a verdade é que Idalina estava ali e era tão disputada. E também nunca se tinha visto tanta beleza nuns olhos tão tristes. E nem jamais a tristeza dera tanta sorte a uma criatura de vida livre. Idalina passou a ser conhecida pela menina dos olhos tristes. Todas as outras mulheres foram se enchendo de ciúmes por Idalina. Porque aquela preferência, que chegava ao ponto de esperarem que ela saísse de seu apartamento pra voltar a ele logo em seguida ainda cheirando a outro? Que filtro possuía Idalina, que jeito ela dava no corpo para ser assim tão requisitada, bonita ela era, nova também, mas outras possuíam os mesmos encantos. Havia de desvendar o milagre de tanta sorte na prostituição.

            Pois não era, Idalina se enchia de dinheiro, depositando as sobras na Caixa Econômica, quando muitas havia, que mal conseguiam para as despesas obrigatórias. E, além disso, não passava de uma menina triste, recolhida dentro de si mesma, como se não houvesse e nem quisesse amar. Enquanto as demais se enfeitavam, perfumavam, e procurava exibir a máxima sensualidade, Idalina permanecia no seu cantinho com a timidez de uma virgem. Outras mulheres procuravam imitar os seus hábitos, mas sem resultado. É que nenhuma possuía aqueles olhos lindos e tristes que lhe davam uma expressão irresistível. Quem, por acaso já vira olhos mais belos e atraentes num rosto de mulher. E as companheiras chegavam a ter a impressão que Idalina deveria ser um demônio na cama. Só podia ser para enfeitiçar a todos. A inveja crescia e não adiantava procurar recanta-la.

            A procura era a mesma. Sempre aquele – Vamos Idalina. E ela levantava-se com um sorriso feiticeiro e vitorioso.

            No ato comportava-se como se fosse sempre a primeira vez. E como não descobriam o mistério daquela procura ansiosa, as companheiras resolveram aproximar-se de Idalina na intenção de alguma revelação daquele intrincado mistério nos seus amores.

            - Não meninas, não tenho nada demais e nem faço nada de especial. Eu é que não sei por que sou tão assediada. Mas essa fase passa. Perguntem aos que me procuram. Vocês sabem que sou uma criatura triste, sem graça na vida. Aquele risozinho que desprendo quando vou com alguém, é uma pura formalidade. Também seria impossível receber os amigos com secura total. Eles me pagam bem e tenho que me comportar como uma verdadeira amante. Se sou boa no quarto, só eles sabem. Cada uma usa os artifícios que podem e sabem. Um relacionamento, embora sem nenhum prazer, tem que ser agradável aos companheiros. Disso vocês sabem muito mais do que eu, uma quase estreante na arte de enganar os homens. Chego às vezes até a chorar, fingindo um prazer imenso e diabólico. Estou lhes confessando essas bobagens porque estarei pouco tempo mais nesta profissão miserável e suja. Já possuo economias para dedicar-me a outras coisas menos sórdidas. Por que tenho tido também sorte, não sei. E quero deixar de ser mulher de todo mundo antes que a sorte me abandone.

            - E com tanta sorte, porque tens esse aspecto permanente de tristeza. Sempre fostes assim, ou isto é coisa calculada. Não há dúvida de que esses teus olhos tristes são encantadores, aliás, uma coisa estranha.

            - E o que pretendes fazer. Largar tanta sorte por uma aventura qualquer.

            - Nada disto. Não era triste assim. A tristeza veio depois. Esperem mais um pouco e contarei tudo. Quando eu estiver com as malas prontas e o dinheiro economizado na bolsa. Quando tiver a felicidade de pisar pela última vez os batentes de uma pensão de mulheres e não ter que ir para a cama com um desconhecido, fingir amor. Estou chegando ao fim do meu plano. Ninguém é triste porque quer. A tristeza entra nos olhos da gente como um ladrão, força a porta de um apartamento. Entra, leva tudo e deixa a casa vazia. Pois é. Entraram em minha vida e me esvaziaram. Só sobrou apenas esta mulher triste que conhecem. Pensei em suicídio até, mas a morte nada resolve. Morrer é covardia, medo de enfrentar a vida, mergulhar no nada. Ser enterrado numa cova fria e ali apodrecer como um fruto já bichado. Seria uma forma de fuga, mas uma fuga inútil e estúpida. Preferi enfrentar o mundo como ele é. E tive que tomar esta direção, talvez o pior, ou quem sabe, o que o destino ingrato me reservava para me pôr à prova. Descer até o último degrau da degradação humana, vender minhas emoções, o meu corpo, como se vende uma mercadoria deteriorada e esperando quem o queira a qualquer preço, sem ajuste, esperando pela generosidade do comprador. E o pior é que é uma mercadoria que muitas vezes se entrega com repugnância, com nojo do comprador, mas procurando agradá-lo sempre. Ainda hoje guardo o desgosto de relacionamento com um criador de bodes. Tive a impressão de que estava enrolada em um couro de pai de chiqueiro ou me impregnando com aquele cheiro do satanás a que tenho pavor. Fique de tal forma impressionada que de lá para cá nunca mais comi queijo de coalho que as vezes tem o cheiro do bicho. Atirei fora minhas sandálias de arreatas de couro. Quando me vi com aquele bicho em cima de mim, forçando e grunhindo, quase tive uma vertigem. E até hoje não houve banho, nem água quente que retirasse o cheiro caproíco do animal mal lavado. E quando penso que dentro de mim estava um pedaço daquele cheiro que o diabo botou no bicho, é que avalio quanto é desgraçada a prostituição. O dinheiro que me deu, dei ao primeiro pedinte que apareceu. A mesma nota de cinco mil reis.

            Como mulher de pensão, tenho sido feliz na infelicidade da profissão. Posso imaginar a amargura de algumas mulheres que além de tudo, ainda não tem sorte pelo menos para ter o suficiente às suas necessidades primárias. Criaturas que vão envelhecendo sem um níquel amealhado e na perspectiva de se apresentarem como mendigas ou simples peniqueiras em uma pensão qualquer de mulheres. Chega-se, assim, a estrema degradação social. Ser puta e nem mais isto poder ser, por que ninguém as quer mais.

             Estou preste a abandonar esta profissão infame. Irei voltar para minha família, da qual me afastei para não a envergonhar. E não culpo ninguém por este acidente na minha vida.  Casei-me contra a vontade de todos. Casei fugida. Nasceu uma menina a mais linda criatura que já vi. Meu marido tornou-se estúpido e violento. Fugi dele. Agora sei que ele morreu de um colapso cardíaco. Procurava-me para vingar-se. Havia de liquidar comigo. E o fantasma da morte, me apavorava. Escondida aqui, mesmo assim tinha medo. E até antes de morrer, jurava acabar com minha vida.

            Era odiento e irresponsável. Minha filha eu a deixei com minha mãe, onde ainda está. Se tivesse ouvido os conselhos de minha família, os seus apelos, suas advertências, não seria a Idalina que sou, esta moça triste que vocês conhecem, vivendo da prostituição, coisa que nem chega a ser uma profissão e se fosse seria a mais desclassificada de todas. Tenho hoje, no meu corpo marca abjeta de todos esses homens que me levaram a saciar os seus desejos. Marcas que não se desfarão nunca. Jamais senti prazer com nenhum deles. O bem querer que fingia cada vez que me procuravam, era uma nova ferida que não cicatrizava. Era apenas uma espécie de deposito onde se despeja liquido sujo dos prazeres dos outros.

            Eu seria a Berenice dos anjos, aquela moça criada com mimo, de alma limpa e coração puro. Minha família, no meu entender, não sabia o que era o amor. E eu amava, inocentemente, um animal indomável e coiceiro. A estupidez chegava às raias da monstruosidade. Cada gesto era uma patada, cada palavra um coice. Fugi numa de suas ausências. Deixei as escondidas minha filhinha e uma carta à porta da casa de meus pais. E deixei uma amiga para me informar dos acontecimentos.

Vou despedir-me. Sejam felizes.

            Partiu de verdade. Ganhou o oco do mundo, para um lugar mais perto dos seus, até tomar chegada de novo.

            A turma da pensão, logo depois recebeu uma carta da colega que agora era uma borboleta livre.

            - Meu ex-marido morreu. Mesmo assim, talvez ainda me ande procurando para uma vingança. Mas estou aliviada e sem medo. Aquela minha tristeza era saudade de minha filha e medo de ser surpreendida a qualquer momento. Tudo poderia acontecer. Agora estou livre e não essa mulher de vida livre que vocês conheceram, mas, livre para abraçar e beijar minha filha, meus pais e manos. Nunca terão de saber que me prostitui. Antes de encontrá-los, vou me confessar para expurgar-me. Em casa serei uma ex-empregada doméstica. Mentir para não dar mais desgosto à família. Se souberem que levava esta vida miserável, nem me receberiam. E há quanto tempo não tem notícias minhas. Eu tenho deles. E pelo que sei, nem têm coragem de perguntar por mim.

            E quando, por acaso falam, apenas uns olham para os outros em silêncio. Sinal de desapontamento e tristeza. Mas vou chegar lá com esses meus olhos tristes, e que tanto sofreram. Não irei fazer surpresa. Já escrevi para casa. Meu ex-marido não me faz mais medo, pois não tenho medo de alma do outro mundo. Paguei caro minha desobediência. Quem não ouve pai e mãe, sempre se dá mal. Eu estava cega, mas não estava mouca.

            Quero um abraço de todas vocês. Perdoem-me e sejam felizes. Deixem esta vida suja quando puder. Creio que não nos veremos mais.

            Adeus,

            Berenice.