sábado, 17 de agosto de 2013

HISTÓRIA DO BRASIL

CABO DE SÃO ROQUE


Grijalva Maracajá Henriques*

                Hoje faz 512 anos da chegada da segunda esquadra portuguesa às novas terras, chamada até então de Terra de Vera Cruz, trazia André Gonçalves, Américo Vespúcio, e comandada por Gaspar Lemos; saindo do Tejo no mês de maio de 1501; avista o cabo a que se deu o nome de São Roque, e começa daí em diante, para o sul a exploração da costa brasileira. 
                Aproveitando a data comemorativa do início da exploração das terras brasileiras, ou terras de Pindorama, pelos navegantes portugueses, incluo nesta pequena lembrança o primeiro item de um trabalho que estamos realizando sobre a violência em solo tupiniquim. Coincidentemente esta ocorrência se deu exatamente nesta data.


001         1501 – 16 DE AGOSTO - MASSACRE NO CABO DE SÃO ROQUE
                A primeira notícia de violência em terras brasileiras ocorreu quando dois jovens marinheiros desembarcaram no Cabo de São Roque, na latitude de 5º3’41” - situado acima da praia de Muriú, em Maxaranguape a 51 km da cidade de natal. Este é o ponto da costa brasileira mais próxima da costa africana, com exceção das ilhas de Fernando de Noronha e Atol das Rocas. - Vindo com Américo Vespúcio, André Gonçalves e comandada pelo capitão Gaspar Lemos em três naus, tendo partido  de Portugal em maio de 1501, para fazer o primeiro reconhecimento das terras que por Cabral - acidentalmente ou não, havia descoberta, ou ainda “achamento” – como afirma Francisco Adolfo¹ -. Foram vítimas de traição, barbaridade e antropofagia dos habitantes naturais, no mês de agosto de 1501²
                O historiador Rocha Pombo³ descreve o acontecimento da seguinte forma:
                “Em agosto tinham os expedicionários vista de terra a cerca de 4 ou 5 graus de latitude. Ali desembarcaram alguns,  e sentiram logo que os selvagens se mostravam desconfiados, conquanto muito curiosos. Assim que os estrangeiros se recolheram às naus, multidões de íncolas afluíram à praia, parecendo que desejavam comunicar-se. Dois homens de bordo obtiveram permissão, e afoitaram-se a ir à terra metendo-se entre aquela gente; e nunca mais foram vistos.
                Alguns dias depois mandou o capitão à terra um escaler com uns quantos homens, à busca de notícias daqueles aventureiros. Grande número de mulheres os receberam, ficando, porém, a certa distancia da praia, suspeitas, mas  dando mostras de quererem entrar em relações com os hóspedes.
                Um rapaz taludo e destemido não hesitou em ir para o meio delas. Maravilhadas o examinavam, quando de outeiro próximo vem, armada de clava, outra mulher, e de um golpe, à traição, prostrou morto o mancebo incauto.
                Enquanto as mulheres conduziam o cadáver para o bosque vizinho, uma porção de flechas se lançavam contra os do batel, ainda na praia.
                ... Ainda assim, não se sabe se aquele seria o primeiro encontro do bárbaro com o europeu...”
(os índios eram os Potiguares)
1 - Varnhagen, F.A. História Geral do Brasil V.I – p95. 4ª Ed. 1948 - São Paulo - Edições Melhoramentos
2 - Tanto Varnhagen como Osório Duque – Estrada; citam que foi avistada e desembarcados em terra só no dia 16 de agosto de 1501; apesar de muitos escritores darem como certo o dia 15 de agosto, não achei ainda fundamento histórico para tal data.
3 - Pombo, Antonio Francisco da Rocha – História do Brasil – p37 6ª Ed. 1952 - São Paulo - Edições Melhoramentos.

*Historiador e Pesquisador

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