domingo, 6 de dezembro de 2015

MEU ANIVERSÁRIO



Perambulando por esse mundo afora, dando carreiras, peitadas e gritos, cheguei em fim aos meus setenta e três anos. Agradecendo por tudo isso; aos meus pais que resgataram meu espírito errante, lá de outras eras; dos familiares que me suportaram por esse tempo todo; meus amigos e colegas e até os que não concordam com as minhas ideias, meu muito obrigado pela lembrança desse cinco de dezembro.
Segue, em tempo, esse verso do Augusto dos Anjos que põem por terra todo esforço feito em vão.

VOZES DE UM TÚMULO

Morri! E a Terra – a mãe comum – o brilho
Destes meus olhos apagou!… Assim
Tântalo, aos reais convivas, num festim,
Serviu as carnes do seu próprio filho!

Por que para este cemitério vim?!
Por quê?! Antes da vida o angusto trilho
Palmilhasse, do que este que palmilho
E que me assombra, porque não tem fim!

No ardor do sonho que o fronema exalta
Construí de orgulho ênea pirâmide alta…
Hoje, porém, que se desmoronou

A pirâmide real do meu orgulho,
Hoje que arenas sou matéria e entulho
Tenho consciência de que nada sou!


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