Eu te pergunto, o que se fazer nesse caso?
COMO A MEDICINA DA DOENÇA FUNCIONA
Por Carlos Bayma (médico)
Aos 30 anos, você tem uma
depressãozinha, uma tristeza meio persistente: prescreve-se FLUOXETINA.
A Fluoxetina dificulta seu
sono. Então, prescreve-se CLONAZEPAM, o Rivotril da vida. O Clonazepam o deixa
meio bobo ao acordar e reduz sua memória. Volta ao doutor.
Ele nota que você aumentou
de peso. Aí, prescreve SIBUTRAMINA.
A Sibutramina o faz perder
uns quilinhos, mas lhe dá uma taquicardia incômoda. Novo retorno ao doutor.
Além da taquicardia, ele nota que você, além da “batedeira” no coração, também
está com a pressão alta. Então, prescreve-lhe LOSARTANA e ATENOLOL, este último
para reduzir sua taquicardia.
Você já está com 35 anos e
toma: Fluoxetina, Clonazepam, Sibutramina, Losartana e Atenolol. E,
aparentemente adequado, um “polivitamínicos” é prescrito. Como o doutor não
entende nada de vitaminas e minerais manda que você compre um “Polivitamínico
de A a Z” da vida, que pra muito pouca coisa serve. Mas, na mídia, Luciano Huck
disse que esse é ótimo. Você acreditou, e comprou. Lamento!
Já se vão R$ 350,00 por mês.
Pode pesar no orçamento. O dinheiro a ser gasto em investimentos e lazer,
escorre para o ralo da indústria farmacêutica. Você começa a ficar nervoso,
preocupado e ansioso (apesar da Fluoxetina e do Clonazepam), pois as contas não
batem no fim do mês. Começa a sentir dor de estômago e azia. Seu intestino fica
“preso”. Vai a outro doutor. Prescrição: OMEPRAZOL + DOMPERIDONA + LAXANTE
“NATURAL”.
Os sintomas somem, mas só os
sintomas, apesar da “escangalhação” que virou sua flora intestinal. Outras
queixas aparecem. Dentre elas, uma é particularmente perturbadora: aos 37 anos,
apenas, você não tem mais potência sexual. Além de estar “brochando” com
frequência, tem pouquíssimo esperma e a libido está embaixo dos pés.
Para o doutor da medicina da
doença, isso não é problema. Até manda você escolher o remédio: SILDANAFIL,
TADALAFIL, LODENAFIL ou VARDENAFIL, escolha por pim-pam-pum. Sua potência
melhora, mas, como consequência, esses remédios dão uma tremenda dor de cabeça,
palpitação, vermelhidão e coriza. Não há problema, o doutor aumenta a dose do
ATENOLOL e passa uma NEOSALDINA para você tomar antes do sexo. Se precisar,
instila um “remedinho” para seu corrimento nasal, que sobrecarrega seu coração.
Quando tudo parecia
solucionado, aos 40 anos, você percebe que seus dentes estão apodrecendo e
caindo. (entre nós, é o antidepressivo). Tome grana pra gastar com o dentista.
Nessa mesma época, outra constatação: sua memória está falhando bem mais que o
habitual. Mais uma vez, para seu doutor, isso não é problema: GINKGO BILOBA é
prescrito.
Nos exames de rotina, sua
glicose está em 110 e seu colesterol em 220. Nas costas da folha de
receituário, o doutor prescreve METFORMINA + SINVASTATINA. “É para evitar Diabetes
e Infarto”, diz o cuidador de sua saúde (?!).
Aos 40 e poucos anos, você
já toma: FLUOXETINA, CLONAZEPAM, LOSARTANA, ATENOLOL, POLIVITAMÍNICO de A a Z,
OMEPRAZOL, DOMPERIDONA, LAXANTE “NATURAL”, SILDENAFIL, VARDENAFIL, LODENAFIL ou
TADALAFIL, NEOSALDINA (ou “Neusa”, como chamam), GINKGO BILOBA, METFORMINA e
SINVASTATINA (convenhamos, isso está muito longe de ser saudável!). Mil reais
por mês! E sem saúde!!!
Entretanto, você ainda
continua deprimido, cansado e engordando. O doutor, de novo. Troca a Fluoxetina
por DULOXETINA, um antidepressivo “mais moderno”. Após dois meses você se sente
melhor (ou um pouco “menos ruim”). Porém, outro contratempo surge: o novo
antidepressivo o faz urinar demoradamente e com jato fraco. Passa a ser
necessário levantar duas vezes à noite para mijar. Lá se foi seu sono, seu
descanso extremamente necessário para sua saúde. Mas isso é fácil para seu
doutor: ele prescreve TANSULOSINA, para ajudar na micção, o ato de urinar. Você
melhora, realmente, contudo... Não ejacula mais. Não sai nada!
Vou parar por aqui. É
deprimente. Isso não é medicina. Isso não é saúde.
Essa história termina com
uma situação cada vez mais comum: a DERROCADA EM BLOCO da sua saúde. Você está
obeso, sem disposição, com sofrível ereção e memória e concentração
deficientes. Diabético, hipertenso e com suspeita de câncer. Dentes: nem vou
falar. O peso elevado arrebentou seu joelho (um doutor cogitou até colocar uma
prótese). Surge na sua cabeça a ideia maluca de procurar um CIRURGIÃO BARIÁTRICO,
para “reduzir seu estômago” e um PSICOTERAPEUTA para cuidar de seu juízo
destrambelhado é aconselhado.
Sem grana, triste, ansioso,
deprimido, pensando em dar fim à sua minguada vida e... DOENTE, muito doente!
Apesar dos “remédios” (ou por causa deles!!).
A indústria farmacêutica?
“Vai bem, obrigado!”, mais ainda com sua valiosa contribuição por anos ou
décadas. E o seu doutor? “Bem, obrigado!”, graças à sua doença (ou à doença
plantada passo-a-passo em sua vida).
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