quarta-feira, 27 de junho de 2012

A VIDA É ASSIM


A VIDA É ASSIM*
João Henriques da Silva
(In Memoriam 20/09/1901 – 16/04/2003)

             Zé Mariano não brincava em serviço. Todos os anos aumentavam a meninada, sem se preocupar com o pirão de cada dia.
            E continuava a dizer conformado. “É a vontade de Nosso Senhor”. Quando menos esperou foi contar e já era dezoito.
            Chamou a mulher para abrir os olhos:
            - Tens que parar Josefina.
- Eu hein! A culpa é tua. Bicho. Fico no meu canto sossegada e lá vem tu com teus arrodeios. Por mim não havia passado de dois ou três. E já era demais para uma vida como é a nossa.
            -Tem nada não Josefina. Deus dá o frio conforme a roupa. Os meninos já estão trabalhando e uns vão ajudando a criar os outros. Quando todos estiverem crescidos já poderemos descançar.
            - Bem, vamos ver. Agora, tem uma coisa, não chegues perto de mim, já sabes que sou mesmo que visgo de burra-leiteira... Botou o pé, pegou.
            - Sei não, Josefina. Sabes como é. Quanto mais à gente jejua mais dar fome. Quando as coisas têm que acontecer, acontecem.
             Repara só. O patrão, rico como um danado, com dinheiro sobrando, os depósitos apinhados de comida, só tem dois filhos. Deus quer assim e acabou-se. Às vezes eu fico pensando mulher, que isso é de propósito. Pobre tem que ter muito filho para trabalhar para eles. Quanto mais, melhor.
             Os filhos do patrão não fazem patavina. Vivem de colégio para colégio, embora não aprendam nada. Imagina que não sabem botar sela num cavalo, nem tirar uma gota de leite. Tem que ter um moleque para selar os cavalos e um vaqueiro para encher os copos de leite.
              Não sabem plantar um pé de batata, mas vivem luxando. Todos de mãos fininhas que parecem mãos de donzelas. Os nossos, as mãos parecem um ralo. Não achas que isto está tudo errado? Só ensinam a mandar.
             Desde pequenos se habituam a isso e o vício continua. Pobre é no eito, com o couro da barriga pregado nas costas.
             Larga-se o eito as doze e ao entardecer e nem se pergunta se há alguma coisa para roer. Dezoito bocas pra mastigar quase nada. E a barriga que se agüente, as tripas roendo uma as outras.
            Um dia, mulher, a gente tem que melhorar de vida. Trabalhar todo mundo. Um batalhão desses tem que render.
             Planta-se de tudo para comer e bota-se um roçado grande de algodão. Há de sobrar para se ter um pedaço bom de terra e depois gado, vacas de leite e bezerros.
             - É mesmo Zé Mariano. Quanto mais filho melhor. Família grande não atrasa ninguém.
            - Eita mulher! Agora falaste certo. Aquela conversa de ficar cada um para um canto, só olhando um pro outro é negócio pra gente besta. Às vezes a gente tem cada idéia sem pé nem cabeça...
             Quando dar aquela vontade na gente, Josefina, não há diabo que atalhe. Para quem já tem dezoito, mais um, menos um, não altera nada...
              Quanto mais bezerro maior a boiada. Vou falar com o homem para aumentar o roçado. Na meação não dar. Se não fizer arrendamento, muda-se pra outro lugar.  A gente já trabalha aqui há tanto tempo e não se fez mais do que sustentar o rebanho e comer pouco.
              - Não, Zé Mariano. Caso sai do regime de meação, todos os outros vão querer também e terei prejuízo. Algodão tem que ser assim. Tenho filhos para criar e educar.
             - Sim senhor. E eu tenho já dezoito pra comer e vestir. De leitura não conheceu nem o O, como se costuma se dizer. A escola é o cabo do freijó. O senhor não pode, não pode! Pois já combinei com a Josefina. Vamos nos mudar. É contra a nossa vontade, mas não tem outra saída.
             - Mais isso é um absurdo, Zé Mariano. Depois de sustentá-los todos esses anos no trabalho e agora, querer me deixar?
            - Coronel Gonzaga, vá lá em casa e vai ver menino por toda a parte. Tudo sem roupa, comendo farelos.
            Às vezes não se tem nem feijão macassar com farinha. Não dá mais...
             - E o seu roçado de meia, como fica?
            - Deixo aí. O senhor me dá alguma coisa se ver que eu mereço. Nós não queremos terra de graça, na meação nunca vestiremos uma camisa nova pelas festas.
            Todo mundo tem suas roupinha nova para ir às festas no fim do ano e só os meus vão de camisinhas e calças remendadas, arrastando uma alpercata roída.
             Nem posso mais ver aquilo. São pobres, mas são meus filhos. E as meninas, já quase umas mocinhas, encabuladas pelos cantos sem graça, como se estivessem doentes.
             O senhor não sabe como isso dói na gente. Nunca sobra para fazer um agrado. Vivem sempre desconfiadas no meio das outras mocinhas.
             Teremos que dar a elas e aos outros, na próxima festa, roupas e sapatos novos, mesmo que isso venha exigir todos os sacrifícios.
             Não agüentamos mais tanta tristeza no meio de tanta alegria.
            Zé Mariano despediu-se e saiu pisando firme no chão duro da vida.
            - Fica aí, Josefina, com a cambada toda e eu vou sair com os meninos mais velhos a procura de terra e um casebre para morar. O patrão não quer sair da meação quer deixar a gente pelada. Bota mais rapadura numa sacola e farinha e isto basta. A gente se arranja por aí. Os outros vão para o trabalho da fazenda; ganhar a farinha e o sal da semana.
            Zé Mariano andava e andava, de fazenda em fazenda, mas o regime não mudava. Sempre a meação que não dava camisa. Já se desenganava, quando teve uma idéia, procurar pequenos proprietários, gente mais humilde. E foi aí que pisou em cima da botija.
             Propriedade quase abandonada, com açudeco e velha roça de algodão mocó. O proprietário havia se mudado para a vila próxima, e tornara-se comerciante. Não pretendia retornar a agricultura, e já pensava em vender as terras ou arrendá-las. Pelo menos lhe daria algum rendimento e não permanecia abandonada.
            Ajustou preço e condição de pagamento. Palavra de sertanejo sempre mereceu fé. Apressou a volta e já deixou a casa varrida para meter-se dentro. Era só botar o pé no caminho, liquidar as contas com o patrão e cuidar da sua vida.
             Logo do terreiro da casa foi gritando para mulher:
            - Arruma os pinicos Josefina e vamos embora. Só se dorme aqui uma noite. Freta-se o carro de bois do compadre Fortunato e toma-se rumo.
             Vou agora mesmo à casa do patrão, acertar nossas contas.
             Com muita luta recebeu algum dinheiro pela roça de algodão. Disse pra onde ia e despediu-se. Lá estariam as ordens.
             Ao tomar conta da pequena propriedade arrendada, foi um alvoroço da meninada. Casa maior, um campo de algodão semi-abandonado mais ainda em fase produtiva.
              O açudeco, cacimba e as quatro vacas que o proprietário acertara para ficarem lá com as crias de meia e o leite a ser dividido. Duas com crias e duas amojadas. Era mesmo que ter saído de um atoleiro e entrado no céu.
              Arrumada a casa. Zé Mariano voltou-se para o trato das vacas, do algodoal e a escolha de mais terra para semear. Por traz do açude, cinco mangueiras e dois coqueiros, algumas goiabeiras.
            Com poucas semanas a propriedade parecia ter tomado um banho e trocado de roupa.
             Agora era preparar as terras e esperar as chuvas. O milho, o feijão, as sementes de jerimum e de melancia estavam bem guardadas, restavam adquirir caroço de algodão para plantar três hectares.
              A foice e a enxada cortavam mato e a terra.
              - A terra é boa, mulher. Só falta Deus ajudar, mandando chuva e boa sorte pra gente.
            O algodão teria que ser podado. Uma poda de limpeza. Facões afiados ceparam a galharia velha e envarada que, reunida foi queimada.
             Quando chegaram as trovoadas, os rebentos apareceram. E o algodoal revigorou-se com a força de uma cultura nova. Queria apenas trato. Não era possível esperar mais. As lavouras de ano saiam da terra e cresciam com vigor. Depois vieram as safras e as colheitas. Zé Mariano pagou o arrendamento. A dispensa suprida oferecia-lhe uma mesa farta. Dinheiro como nunca havia em suas mãos era um desafogo.
             Se aquilo não era um milagre, também outra coisa não poderia ser.
             - Josefina, as festas de fim de ano vêem aí. Vamos comprar roupas novas para a turma. Sapatos também e mais uma coisinha para as meninas.
              - Não se deve gastar tudo, Zé Mariano. Põe a regra na boca do saco.
            - Vai sobrar, Josefina, tem que sobrar. E mesmo que não sobre desta vez todo mundo vai se vestir e todos irão às festas como gente, fazendo figura. Fazem-se as contas da loja, do alfaiate e da costureira. E vamos cuidar nisso.
              Compraram, compraram e ainda sobrou um dinheirinho alentado. Dezembro botou a cara. Zé Mariano tinha uma idéia. Iriam passar às festas em Riacho Seco, lá de onde tinham vindo. Mostrar que miséria também se acaba.
             Não era por vaidade não, mas era uma forma de acabar com a tristeza dos anos anteriores, apagarem os vestígios daquela pobreza humilhante. Nunca poderia esquecer aquele ar desconsolado dos filhos, se escondendo para não serem vistos maltrapilhos, parecendo filhos da preguiça ou de esmoler.
            - Mas é longe, Zé Mariano.
            - Que nada, Josefina. É ali. Temos que ir. Tem que ver os nossos filhos vestidos de gente, com dinheiro no bolso comprando cocadas, doce seco, aluá e o que der na cabeça. E vai-se visitar o patrão. Ele precisa ver quem é a família de Zé Mariano e Josefina.
             Ninguém vai mais ficar se escondendo, com os olhos compridos só espiando a alegria dos outros. Vamos soltar a cambada toda lá no Riacho Seco, fazendo figura.
            - Vão chamar a atenção! Pensa só. Roupa nova, sapato novo, chapéu novo, um dinheirinho no bolso. E depois, Josefina, a turma é toda jeitosa.
             - Cuidado Zé Mariano. As meninas já estão ficando mocinhas. E tem muito cabrito enxerido para tirar chetas com as meninas.
            - E agora me lembrastes de uma coisa que faltou. Vai comprar para cada uma um enfeitizinho. Um para ti, também. Toda mulher gosta destas coisas.
            - O que, Zé Mariano?
            - Sabes mais do que eu, voltinhas, anéis, broches para cabelos, laços de fita. Tanta coisa.
            Quero tudo bem vistoso. Vá com as meninas e elas mesmas ajudam a escolher. Mesmo que sejam baratas, mas enfeitam as bichinhas. Sim, mande cortar o cabelo dos meninos. Do maior ao menor. E nos dias de festas têm que tomar banho com sabonete. Corta as unhas e vai ajeitando a cambada toda. Não te esqueça de mandar ir calçando os sapatos para amaciar...
              Bem sabes que quem nunca comeu mel quando come se lambuza. Quero todo mundo pisando firme, sem se preocupar com os pés. Quem não está habituado com calçado, tem que amaciar e aprumar os pés.
             Véspera de Natal, a família de Zé Mariano estava toda em Riacho Seco, espalhada pela casa dos parentes e amigos. Juntava-se para os festejos e passeios.
             Era preciso ver para acreditar, o espanto que causou. Tudo lorde daquele jeito. E nunca se viu uma família tão alegre. Ria a toa, como se estivesse alguém fazendo cócegas. Era a satisfação de se parecerem com gente, de poderem participar da alegria de todos.
            Nem podiam imaginar que uma roupinha nova, uns sapatos nos pés e uma voltinha no pescoço, pudessem dar tanta vida às pessoas.
             No dia de Natal lá se foram visitar o antigo patrão. Zé Mariano bate na porta e o coronel foi chegando. E espantou-se. Não poderia ser a família de Zé Mariano, naquela lordeza.
             - Viemos fazer uma visita ao senhor.
            - Que maravilha Zé Mariano. Arrancou botija?
             Bem sabia que não saíram daqui sem ter sonhado com botija. E pelo que vejo, foi muito ouro e muita prata.
            - Foi sim senhor. Botija de ouro branco, meu roçado de algodão. Propriedade arrendada e a turma toda trabalhando. Bem que o senhor podia ter me arrendado uma roça maior. Preferiu que a gente fosse embora, findou nos dando sorte. Para o ano já pensamos em comprar uma terrinha e morar no que é dá gente.
             Basta que Nosso Senhor mande chuva. Se estivesse na meação, estaria tudo de pé no chão e com a barriga roncando.
            - Cuidado, Zé Mariano. Isto pode durar pouco.
            - Com as graças de Deus, não. Só queremos chuva e saúde. Quando precisar de Zé Mariano está às ordens. Vamos aproveitar o resto da festa, gastar mais um dinheirinho. Lá em casa a dispensa está cheia e ainda não bulimos no roçado de milho. Vamos esperar preço. A Josefina tem um terreiro de galinhas. A turma vai este ano que vem para a escola.
            Já arranjamos uma professora para ensinar à noite, lá em casa. Tem que pelo menos aprender assinar o nome. Pelo dia, na roça, à noite na escola.
            - Mais como foi esse milagre, assim de um ano para o outro?
             -Trabalhar pra gente mesmo, enquanto se tem força. No ano que vem, esperamos dobrar a safra e comprar umas vacas ou uma terrinha. O dono da terra confia na gente e é um homem até bom demais. O algodão mocó está situado e a enxada não sai de dentro.
             - Também com esse batalhão de gente...
              - É sim senhor. Mais esse mesmo batalhão vivia nu e passado fome.
             - Preguiça. Aqui não queriam fazer nada.
             - Era a meação coronel. A meação e os preços. E com vão os seus rapazes?
            - Um vai se formar, em medicina, outro em direito. Vão ser dois doutores.
             - Deus os ajude. Até outra vista coronel.
             - Tome cuidado. Luxo não enche barriga. Quem nasceu para cangalha, não pode usar cela.
            - Tem nada não. O pior é passar da cela para a cangalha. Por enquanto, a coisa vai bem. A cangalha está mais macia e a carga pesando menos...
            Três anos depois, Zé Mariano já era o dono das terras. Faltava pagar um pedaço de dinheiro, mais sem atropelo. As roças de algodão e de alimentos iam crescendo. Cavalo para montaria e carga.
            Cela, cangalha, cangalha e cela. Os meninos do coronel não se formaram. No entanto, gastavam mais. Queixavam-se das perseguições dos professores. Marcação com eles. O pai não os agüentou mais. Tirou-os da faculdade. Não sabiam fazer nada, além de ler romances pornográficos e não perdiam as festas. Dois malandros de primeira classe. Era uma má sorte. Botou-os para trabalhar na fazenda.
             Regime duro e sem apelo.
            - Mas, papai, pra que foi que botou a gente no colégio?
            - Para ser gente. Não para malandragem. Estudo não proíbe ninguém de vaquejar gado, nem cortar de foice ou arrastar enxada. Desperdiçaram o meu suor e a canseira de sua mãe.
             Quem come e veste precisa fazer alguma coisa de útil.
            Um ano depois, resolveram voltar à faculdade sob juramento de conclusão do curso. O trabalho dobrado da fazenda, os calos nas mãos e o suor molhando a camisa foram um grande remédio. E dois anos depois estavam formados, cada um cuidando de si.
            Afinal de contas os filhos do coronel deram pra gente. Também o velho deu-lhes uma boa lição. Os dois vadios estavam enganando os pais. Dois pilantras. Só agüentaram um ano na marreta. É assim que se deve fazer com essa classe de malandrecos. Só deseja boa vida e atribuírem aos mais velhos a responsabilidade de seus desmandos.
            Zé Mariano não pensava em muita leitura para os filhos. Achava que ruim mesmo era não saber assinar o nome e ler uma carta. Interessava-lhe, sim, que não fossem mais o que haviam sido. Não ter o que comer e o que vestir. Pobreza mesmo e miséria. Era isso. Nunca tinha visto burro morrer por que não era doutor. Morria quando faltava capim, quando aparecia uma doença braba, ou de velhice. A leitura podia ser muito bonita, mas também achava que coisa feia, era um doutor liso, pedindo benção às ticacas, sem um puto para fazer a feira. A terra já estava comprada e paga. Comprara também as vacas do ex-proprietário e cada filho possuía pelo menos uma cabra. Era um bom começo para quem havia saído do eito e da meação.
             A família vivia unida com se todos fossem um só. O que era de um, era de todos. Dez filhos homens e oito mulheres já exigiam uma casa maior. E a casa foi sendo ampliada. Primeiro um salão para os homens e depois mais divisões. Da propriedade, onde não era lavoura, eram pastos para os bichos. O açudeco já havia sido aumentado para guardar água para o ano todo. As cercas reformadas e enfim, uma propriedade pequena, mas, bem ajeitada e rendosa. Fazia gosto ver à hora do almoço e da ceia, o mesão contornada de gente. O rosto bonito das meninas e a musculatura da rapaziada. Era uma turma igual no comportamento, parecendo até que haviam sido tudo de uma fornada só.
            Aos domingos e dias santos apareciam visitas. Rapazes e moças das vizinhanças ou da cidade. Para Zé Mariano e Dona Zeferina, aqui já estava cheirando a namoro e a casamento. Precisavam ter cuidado. E certo dia Zé Mariano reuniu a turma para uma conversa séria.
              - Já tem aí rapazes e moças que talvez estejam pensando em namoro e casamento. Ninguém vai impedir bem se vê. Tudo tem o seu tempo. Apenas queremos pedir uma coisa e explicar outra. Vocês vivem aqui como Deus é servido, mas todos em harmonia. Se não se tem muito, mas se tem o necessário. A gente vive feliz e se houvesse mais filhos seria do mesmo jeito. Gostaríamos que ninguém saísse. Mas isso é difícil, quando já se está moça ou rapaz. E então, só pedimos uma coisa. Escolham, não pela cara, mas pela raça, gente de boa família. Pelo menos o erro será menor. E não custa consultar pai e mãe. A gente tem mais experiência, riqueza também não é qualidade. É lógico que sendo bom e afortunado, será melhor, mas não é o essencial. Casamento quando não da certo é a pior desgraça que pode acontecer a uma pessoa. Um casamento certo é assim como uma planta sem espinhos. Errado, é uma touceira de urtiga. Incomoda a vida toda. É preciso escolher pela raça, para não se pegar com um cavalo chotão ou uma mula manhosa...
* Este conto pertence ao livro “Vidas Nordestinas”, no prelo.


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