segunda-feira, 16 de maio de 2016

PEDRA ENCANTADA


- O autor tempos atrás -
14 de maio de 1838 – 14 de maio de 2016
178 anos da hecatombe da Pedra do Reino

Para relembrar a história da Pedra, nesta data, fui cutucar nos meus arquivos e encontrei minhas primeiras anotações sobre o caso.
Meu primeiro contato com a história da Pedra Bonita, Pedra do Reino ou Pedra Encantada, se deu com essa personagem há mais de trinta anos atrás. Tempo depois se tornou, minha dissertação (TCC) no curso de História na Universidade Estadual Vale do Acaraú e atualmente estou construindo, um texto literário, remontando a genealogia dos personagens, onde só se sabe que o Antonio Pedro era um mameluco vindo da Paraíba. O resto quem viver verá...

HISTÓRIA DE PEDRA BONITA
De tanto ouvir Tatiz (Beatriz Pereira Neves) tia de minha esposa, falar sobre a batalha da Pedra do Reino me deixava tão curioso que puxava conversa com ela insistentemente até me contar religiosamente como acontecera tudo.
Naquela época já na casa dos setenta anos ou mais. Hoje, com um século de experiência vivida, lúcida e bonita, apenas o que mudou na sua vida foi sua residência. Antes morava numa casa própria, com todo conforto, onde era dona da sua vontade. Hoje, aos cuidados de médicos, alugou um apartamento no hospital do seu sobrinho para ser mais bem assistida.
Nasceu no dia 17 de janeiro de 1910 na cidade de Jardim sul do Ceará, no sítio Belo-Horizonte (em casa construída por seu pai e que ainda continua em perfeito estado de conservação, onde hoje mora minha sogra com sua família); debaixo das asas protetoras da Chapada do Araripe, onde sempre corre forte e saudável refrigério, de inverno a verão e que sustenta vários engenhos de rapadura.
Diplomada pelo Colégio das Dorotéias em Fortaleza. Voltando a sua cidade natal, ensinou a centenas de alunos no Grupo Escolar de Jardim, até à sua aposentadoria.
Toda vez que eu ia a passeio a Jardim, tinha por obrigação de visitá-la, para vê-la e para ouvi-la contar histórias verídicas da sua família: Os Pereiras: Onde tinha de Barão a Cangaceiro (Barão do Pajeú e os lendários Sinhô Pereira e Luis Padre) tinha quase tudo escrito em agendas e cadernos, mas nunca precisava deles para narrar essas histórias, sabia tudo de cor, é uma autêntica historiadora.
Um dia ela me mostrou numa agenda o que havia escrito sobre a Pedra do Reino; a qual xeroquei e transcrevo agora ipsis litteris:
Nota – Desencarnou em 2012.

Beatriz Pereira Neves
(Manuel Pereira era irmão do meu avô materno Joaquim)

Questão de Pedra Bonita – hoje Pedra do Reino
Este histórico é resultado de uma pesquisa em livro de Gustavo Barroso, Dr. Antonio Áttico de Souza Leite, Pe. Correia de Albuquerque, do vaqueiro de Manoel Pereira* (José Gomes) testemunha ocular e de minha mãe, filha de um dos combatentes.
Desde 1819 era pregado nos sertões, em versos ou falsas histórias a ressurreição de D. Sebastião, rei de Portugal, desaparecido na batalha de Alcácer Quibir. #
Perto de Vila Bela, hoje Serra Talhada e, distante mais ou menos 14 léguas da fazenda Carnaúba de Joaquim Pereira (meu avô materno) existem um cenário adequado à tragédia que se ia desenrolar.
Ali naquele sertão de solo áspero encontram-se duas torres de pedra, uma com 150 palmos ou 30 metros de altura e outra com 148 palmos ou 29 metros. Uma delas é coberta de mica brilhante, recebeu o nome de Pedra Bonita. Entre as duas, há um corredor arejado e claro. Ao pé de uma delas, larga área formada por 3 grandes lajes que se apóiam nas duas torres. Depois um amontoado de rochas com um terraço em cima. Do outro lado uma laje baixa lembrando um altar, e pouco adiante uma vasta caverna com a capacidade para 200 pessoas e em derredor muitos catolezeiros, que ao sopro do vento produzem sons que parecem verdadeiros gemidos.
No começo do ano de 1836 apareceu nesta região um caboclo chamado João Antonio dos Santos, que diziam ter vindo do Catolé do Rocha, Paraíba, o qual mostrava aos habitantes ignorantes daquelas brenhas umas pedrinhas bancas e brilhosas; dizendo serem brilhantes de uma mina oculta que descobrira. Lia também trechos em versos de um velho folheto sebastianista no qual se contava que D. Sebastião desapareceu na batalha Alcácer Quibir ressuscitaria quando se lavasse com sangue humano aquelas pedras erguidas no campo, e “quando João se casasse com Maria”, aquele reino desencantaria. Logo João Antonio casou-se com uma jovem chamada Maria, e começou a receber a maior sagacidade, dos moradores da redondeza, gado, dinheiro, etc., dizendo que seriam devolvidos em dobro, por El Rei D. Sebastião.
Seduzidos pelas promessas da mina de diamante, afluía gente de toda aquela redondeza para o local misterioso. A pedra chata começou a servir de altar. O terraço passou a ser a tribuna de onde o sagaz João Antonio pregava para o povo pulando que nem um cabrito. A caverna grande se chamava casa santa e era abrigo dos fanáticos. A pequena, o santuário. Seu próprio pai Gonçalo José dos Santos, seu irmão Pedro Antonio e seus tios e parentes Carlos Vieira e irmãos, José Maria Juca e João Filé, seus cunhados João Ferreira, acreditaram piamente e espalhava o novo credo, o mais que podia; assim foi atraindo gente de Piancó, dos Inhamúns, do Cariri, do Riacho do Navio, das duas margens do São Francisco, etc. As pessoas mais esclarecidas, alarmadas com as teorias empregadas em tais reuniões, reclamaram a presença do velho missionário Francisco José Correia de Albuquerque, pedindo nova missão. Este veio instalou-se na fazenda Cachoeira, perto da Pedra Bonita, e mandou chamar João Antonio dos Santos à sua presença, o qual depois de ouvir o padre, confessou publicamente os embustes de que lançara. Não lhe entregou as pedrinhas brilhosas, e prometeu ir embora, o que o fez, seguindo para o Rio do Peixe, daí para os Inhamúns, sendo preso anos mais tarde no interior de Minas Gerais.
Na sua ausência o seu cunhado João Ferreira, assumiu o seu lugar proclamando-se rei do reino encantado e João Antonio, embusteiro nato, de longe instruía. João Ferreira usava na cabeça uma coroa de cipó de japecanga e falava ao povo do terraço da pedra, cantando e pulando como um possesso do demônio. Em seguida levava-os para a Casa Santa onde bebiam o vinho encantado, uma composição de jurema e manacá com que se embriagam até cair.
Ali Frei Simão, que na era outro senão seu primo Manoel Vieira, que se fez de frade, fazia casamento e em seguida entregava a noiva ao Frei para ser dispensada, dispensa esta, que consistia em passar à noiva a 1ª. Noite com o Rei, que no dia seguinte a entregava ao marido, já dispensada. Terminada a bebedeira os fanáticos fumavam cachimbos para verem as riquezas, segundo dizia José Gomes, testemunha ocular, que contava também, que todos os dias seu Tio José Joaquim em companhia de outros, saia e quando voltavam por caminhos furtados traziam homens, mulheres e cães que encontravam; como sucedeu com ele.
Sempre que o rei João Ferreira pregava, dizia que seu cunhado, o rei João Antonio, estava reunindo gente no cariri, de onde, voltaria brevemente para ajudá-lo na restauração do reino e que aquele reino era encantado e só desencantaria quando as pedras e os campos vizinhos fossem banhados com o sangue de inocentes, jovens, velhos e irracionais. Isto era necessário não só para apressar a vinda de D. Sebastião, trazendo as riquezas, como também, para que as criaturas ali imoladas ressuscitassem com todas as vantagens: brancas, ricas, poderosas, moças e imortais. Os cães se levantariam como valentes dragões para devorarem aqueles que não acreditassem.      Então começou a matança que durou 3 dias: 214,15 e 16 de maio de 1838. Na manhã do dia 17 o rei João Ferreira foi destronado, porque Pedro Antonio, irmão de João Antonio, o fundador deste embuste, tremendo, subiu ao terraço da pedra e disse ter sonhado com D. Sebastião, dizendo que faltava somente a presença dele, que era o verdadeiro rei, para o reino desencantar. João Ferreira ao ouvir isto, tremia que nem vara verde e os fanáticos gritavam pedindo sua morte. Os irmãos Vieira agarraram-no e mataram-no, quebrando-lhe a cabeça e extraindo as entranhas. Seu cadáver foi atado a duas árvores fortes por causa dos berros, roncarias e dos sinistros movimentos que ele depois de morto executava com a boca, com o ventre e com os braços. Era de fato um possesso do demônio.
Então Pedro Antonio tomou a coroa e ficou sendo D. Pedro I. A estas alturas já se encontravam em derredor da pedra os cadáveres de 14 cães, 30 crianças que as mães colocavam seus corpos na pedra para serem degolados, na ânsia de vê-los ressuscitados ricos, poderosos e imortais. A idade deles ia de 10 a 8 anos. Havia também os cadáveres de 11 mulheres, estando duas com filhinhos no ventre; 12 homens que morreram de espontânea vontade, e o do rei João Ferreira atado as duas árvore.
No dia da matança fugiu dois meninos apavorados, que foram contar ao fazendeiro de Poços, Manoel Ledo, o que estava ocorrendo na Pedra Bonita. Neste mesmo dia 14 de maio, fugiu também amedrontado José Gomes, (o vaqueiro de Manoel Ferreira de Serra Talhada), que se achava sumido há vários dias e presumiam que ele estivesse lá, o que realmente aconteceu. No campo, o vaqueiro encontrou Alexandre Pereira, irmão do seu patrão (Manoel Pereira) e atemorizado que vinha gritou: não me mate seu Alexandre. Este respondeu: tu és besta, negro, que mal te posso fazer? Monta aqui na garupa do meu cavalo. O vaqueiro obedeceu e cravou-lhe um punhal nas costas.
Manoel Pereira que já era sabedor do que estava se passando na Pedra Bonita, dos roubos de gado etc. e com a morte do irmão (dia 14 de maio) no dia 18 de maio de 1838 reuniu seus oito irmãos: Antonio, Cipriano, Francisco, João, Joaquim, (meu avô materno) Sebastião, Simplício, Vitorino e alguns acostados e marcharam sem detença para Pedra Bonita. Não tiveram sorte, porque lá não havia ninguém. Os fanáticos não suportando a fedentina dos cadáveres em putrefação, haviam se retirado para uns umbuzeiros um pouco distante. Dirigiram-se para lá e deram com o rei Pedro Antonio com uma coroa de cipó de japecanga à cabeça, nu da cintura para cima, comandando grande número de homens, mulheres e meninos armados de facão e cacetes.
Os fanáticos investiram como verdadeiras feras contra aquele punhado de homens, aos gritos de: viva El Rei D. Sebastião. Travou-se luta tremenda entre o diminuto grupo de Manoel Pereira e o aluvião de endemoniados, dos quais 16 foram mortos, inclusive o próprio rei. Manoel pereira perdeu mais um irmão, Vitorino, que era coxo de uma perna e 4 acostados e houve muitos feridos da parte dos fanáticos. Os sebastianistas recuaram, mas esbarraram com a força do capitão Simplício Pereira (que não foi no grupo dos irmãos, mas pela Serra Vermelha) e chegava em marcha forçada, os atacavam pela retaguarda e deu-se a derrota completa e a maioria rendeu-se, dizendo que se entregavam a Manoel Pereira. Simplício ao saber da morte do irmão Vitorino, dos 4 acostados, além da morte de Alexandre, que o trouxera até ali, indignado, quis linchar todos os prisioneiros, mas Manoel Pereira, apesar da morte dos dois irmãos, não consentiu que tocasse num fio de cabelo dos vencidos e os entregou à justiça. Simplício ficou indignado com a atitude do irmão, mas obedeceu.
Manoel Pereira mandou chamar o Pe. Correia Albuquerque, que veio e mandou abrir grande cova, nela sepultado todas as carcaças e ossadas, diante das duas colunas de pedra e colocou sobre a sepultura grande cruz de madeira tosca.
O satânico João Antonio dos Santos criador desta idéia demoníaca que anos antes se retirara da Pedra Bonita, conforme prometera ao Pe. Correia, mas que de longe instruía os fanáticos, logo que soube do acontecimento de Pedra Bonita, levantou acampamento e mandou um recado a Manoel Pereira, dizendo que vinha voltando para a Pedra do Reino e desta vez era pra valer. Então Simplício Pereira nomeou dos homens da sua confiança, oficial de justiça, (Isidório e outro) e mandou-os ao encontro de João Antonio. Este estava num samba quando chegaram os dois cabras, prenderam-no, algemaram–no e vinham trazendo de volta, mas como a viagem era longa e fatigante, um dos homens adoeceu de maleita, com febre alta, o outro camarada, com medo de adoecer também, pois já começava a sentir ameaça da doença e temendo que o preso usasse de algum sortilégio e os matasse, combinou com o amigo e resolveram matá-lo, o que fizeram no lugar denominado, Lagoa Encantada, 3 léguas antes da Vila de xique-xique e trouxeram as duas orelhas e alguns documentos, a fim de provarem que o haviam matado.
Assim terminou o drama satânico da Pedra Bonita, hoje Pedra do Reino.

Notas sobre o croqui.

1)                25 crianças imoladas de 1 a 8 anos
2)                12 homens
3)                11 mulheres
4)                14 cães
5)                Grupo de fanáticos mortos no combate
6)                Tribuna de pedra onde o rei pregava
7)                Caverna ou casa santa
8)                Cruz de madeira tosca
9)                Catolezeiros
10)            Imbuzeiros, local do combate.
11)            Rampa da matança
12)            Cadáver do rei João Ferreira atado a duas árvores
13)            Duas torres de pedra





quinta-feira, 28 de abril de 2016

O GRANDE DESGOVERNO NO BRASIL VARONIL

O GRANDE DESGOVERNO NO BRASIL VARONIL

Grijalva maracajá Henriques

Abril, 28 de 2016




Aristófanes, meu velho Aristófanes. Parece que você viaja no tempo. Lendo, hoje, “A Paz” que você escreveu há 421 anos antes de Nosso Senhor Jesus Cristo, me confunde. Não sei se hoje foi ontem ou se você escreveu para hoje este peça sobre Trigeu. Que desejava subir aos céus num escaravelho para falar com o deus Hermes para acabar com a bagunça que estava acontecendo na velha Grécia.
Fico pensando, se fosse nos dias de hoje e desse na veneta de Lula tentar fazer o mesmo, para socorrer o governo de Dilma, (parecido com o fim do mundo que Trigeu pensava que estava prestes a acontecer) como Lula faria? Com toda classe que Helias? Subindo num carro azul de glória; como Trigeu, no escaravelho? Acho que não pelo jeitão dele, fedendo a bolor de cachaça?
Vejam que coincidência. Augusto dos Anjos escreveu em resposta a outro imbecil pelas tolices que vinha fazendo. Leiam e compare se não se parecem. Mas, caso tentasse fazê-lo – na sua insana tolice de ser rei – subiria montado num grande Rola-Bosta!
Bilhete Postal

Ilustre professor de Carta Aberta: - Almejo
Que uma alimentação a fiambre e a vinho e a queijo
Lhe fortaleça o corpo e assim lhe fortaleça
As mãos, os pés, a perna et coetera e a cabeça.
Continue a comer como um monstro no almoço
Inche como um balão, cresça como um colosso
E vá crescendo, vá crescendo e vá crescendo,
E fique do tamanho extraordinário e horrendo
Do célebre Titão e do Hércules lendário;
O seu ventre se torne um ventre extraordinário,
Cheio do cheiro ruim de fétidos resíduos,
As barrigas então de cinqüenta indivíduos
Não poderão caber na sua ampla barriga;
Não mais lhe pesará a desgraça inimiga,
O seu nome também não será mais Antonio.
Todos hão de chamá-lo o colosso, o demônio,
A maravilha das brilhantes maravilhas.
As hienas carniçais, as leoas e as novilhas,
Diante do seu vigor recuarão, e diante
Do estribado metal de sua voz atroante
Decerto correrão mansas e espavoridas.
Se as minhas orações forem, pois, atendidas,
O senhor há de ser o Teseu do universo.
Seja um gigante, pois; não faça porém, verso
de qualidade alguma e nem também me faça
Artigos tresandando a bolor e a cachaça,
Ricos de incorreções e de erros de gramática,
Tenha vergonha, esconda essa tendência asnática,
Que somente possui o seu cérebro obtuso -
Esconda-a, e nunca mais se exponha a fazer uso
Da pena, e nunca mais desenterre alfarrábios.
Os tolos, em geral, são tidos como sábios,
Que sabem calar-se e reprimir-se sabem,
O senhor é papalvo e os papalvos não cabem
No centro literário e no centro político.
Respeite-me, portanto!
O Poeta Raquítico.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

LEGIONÁRIOS

A VIDA DOS LEGIONÁRIOS ROMANOS

Durante os mais de vinte anos que durava seu serviço militar, os legionários viviam em áreas de fronteira, sujeitos a uma disciplina severa. Muito do aconteceu com estes combatentes no passado, faz parte da rotina de vários quartéis pelo mundo afora.
“Um homem que se alista no exército muda de vida completamente. Para de ser alguém que toma suas próprias decisões e embarca numa nova vida, deixando para trás a anterior”.
O grego Artemidoro de Daldis, também conhecido como Artemidoro de Éfeso, que viveu na segunda metade do século II D.C., explicou em seus escritos a mudança drástica da sua vida quando se tornou um legionário romano.
Naqueles tempos muitos queriam seguir por esse caminho, pois além da demanda por soldados ser intensa em meio a tantas guerras, a carreira oferecia muitos incentivos aos candidatos. Roma precisava a cada ano de 7.500 e 10.000 novos recrutas e a vida no exército garantia comida, abrigo e um salário que, se não fosse bem superior ao de um trabalhador livre, tinha a vantagem de ser corrigido.
Havia também atendimento de saúde, oportunidades de promoção interna, bem como certos privilégios ao lidar com processos judiciais.
Durante o serviço o combatente romano poderia aprender uma profissão, aprender a ler e escrever e receber uma melhor assistência médica do que a média dos outros romanos. Além disso, o graduado receberia uma quantia de dinheiro ou terras ao fim da carreira.
Naturalmente não faltavam exigências: o legionário devia obedecer às ordens sem contestação, onde suas faltas eram punidas com fortes castigos corporais e a pena de morte era aplicada sem grandes opções de defesa. Também eles não podiam se casar legalmente, embora na prática muitos soldados tivessem mulheres e filhos não reconhecidos oficialmente.
A vida no campo
Tal como hoje em qualquer exército, para um homem entrar numa Legião Romana (Romana Legio, em latim) tinha de cumprir uma série de requisitos verificados pelos oficiais de recrutamento. Como o serviço durava cerca de vinte e cinco anos, o candidato tinha de ser jovem, com não mais de vinte anos de idade. Era dada preferência aos homens do campo, porque eles viviam em condições duras e eram naturalmente preparados ​​para aguentar mais facilmente os rigores da vida militar.
A altura ideal de um recruta para infantaria, ou cavalaria, variou entre 1,72 e 1,77 metros de altura, embora não eram rejeitados aqueles mais baixos, mas tinham que ser fortemente constituídos. No final do Império a exigência de altura caiu para 1,65.
Uma certa simplicidade e ignorância também eram necessários a este militar, com vista as fileiras não terem homens que questionassem as ordens recebidas. Mas, para ocupar cargos administrativos, isso não excluía alguns recrutas que tivessem educação em letras e números.
Era muito valioso para as Legiões aqueles que trouxessem da vida civil uma profissão e habilidades úteis para a vida nos acampamentos, como ferreiros, carpinteiros e caçadores. Alguns fizeram uso de cartas de recomendação escritas por pessoas influentes, em que as suas competências foram exaltadas.
Após o recrutamento o legionário estava destinado a sua unidade, inicialmente em um pequeno quartel localizado nas brenhas do Império Romano, onde o novo militar viveria de uma forma totalmente diferente do ambiente civil.
Estes aquartelamentos tinham uma estrutura comum, embora cada um pudesse apresentar as suas próprias particularidades.
Normalmente sua forma era retangular e sua extensão cobria cerca de vinte ou vinte e cinco hectares. Havia duas ruas principais: a via principalis, que ficava no centro e nas laterais do campo; e a via praetoria, que era a entrada principal, que seguia até o coração do acampamento. No centro geralmente ficava a sede administrativa da unidade militar, o comando. No mesmo ponto poderia haver uma grande praça, um pórtico, ou um templo. Este último era o espaço mais prestigiado, onde altares, estátuas e bustos de imperadores ficavam expostos e mantidos, além dos padrões e a águia que representava a Legião.
Ao lado destas dependências normalmente ficava a residência do comandante, sempre de qualidade superior, onde este vivia com sua família e sua comitiva de escravos. Aos centuriões e legionários sobravam as dependências comuns e coletivas do quartel.
O hospital (do latim “hospes”, que significa hóspede, dando origem a “hospitalis” e a “hospitium”) era um edifício essencial.
Ali era comum a presença dos soldados atingidos por ferimentos de combate ou, mais comumente, por doenças e acidentes da dura rotina diária. O hospital costumava ter um pátio central, em torno do qual os alojamentos para os enfermos estavam prontos. Os militares eram assistidos por médicos militares com certo grau de profissionalismo. As descobertas de instrumentos médicos e informações de receitas criadas por médicos militares indicam uma maior qualidade de cuidados que os militares recebiam em relação a um civil que não tinham recursos para pagar um médico particular.
Muitos soldados viviam em longos barracões, onde era normal serem alojados cerca de cinquenta homens, que por sua vez eram subdivididos em grupos de dez. Cada um desses grupos, chamados Contubérnio, tinha duas pequenas salas, com cerca de cinco metros quadrados cada: uma para a guarda de bens pessoais e armas e outra que servia como dormitório.
Embora possa parecer um pequeno lugar para viver, era muitas vezes melhor do que as condições de habitação que viviam os civis romanos de baixa renda. Mas também na maioria das vezes os soldados estavam sempre em suas tarefas diárias fora do quartel.
O centurião tinha o seu alojamento em quartos mais espaçosos, em uma extremidade da unidade militar e sua missão era comandar. Muitos centuriões buscavam uma positiva convivência com seus homens nos quarteis, mas muitos agiam duramente e com muita brutalidade e arbitrariedade. Alguns centuriões utilizavam pedaços de madeira para punir adequadamente as faltas dos soldados, ou durante os treinamentos. O historiador Públio Cornélio Tácito, ou simplesmente Tácito, deixou escrito a história de um centurião chamado Lucílio, extremamente cruel com seus comandados. Este costumava quebrar fortes pedaços de pau nas costas dos subordinados como forma de disciplinar. Era tão cruel que foi morto em um motim.
Um suborno no momento certo poderia fornecer benefícios, como uma folga desejada, expandir uma já concedida, ou fazer com que o soldado recebesse tarefas mais confortáveis. Em uma carta de um soldado chamado Claudio Terenciano Mauro, atestava que no exército “nada era conseguido sem dinheiro”.
Tarefas e manobras
Ficaram cuidadosamente registradas para a posteridade as atividades diárias da Terceira Legião. Este grupo militar ficava baseado na região da Cirenaica, na costa oriental da moderna Líbia e as informações que chegaram até nossos dias consistia das atividades dos soldados durante os primeiros dez dias de um mês de outubro, no final do primeiro século D.C..
Tal como nos atuais quarteis pelo mundo afora, era dada muita importância aos turnos de guarda, aos componentes da vigilância do aquartelamento, da disposição dos homens na área, etc.
Havia legionários que eram responsáveis ​​pela manutenção dos calçados, armas, latrinas e banheiros. Outros realizavam escoltas de oficiais, em tarefas fora do acampamento, ou executando patrulhas nas estradas.
Além de tarefas individuais os soldados treinavam muito, tanto de maneira individual, ou em grupo. Realizavam pesadas marchas de desempenho e formação de grupos de ataque e defesa. Os vários exercícios e manobras eram realizados com tal rigor que no primeiro século D.C., o historiador judeu Flávio Josefo comentou admirado que os exercícios pouco diferissem da própria guerra, onde cada soldado se exercitava todos os dias, com a maior intensidade possível.
Comida, entretenimento e religião.
Legionários faziam duas refeições por dia: café da manhã (prandium) e jantar (jantar), o principal, no final do dia. A dieta básica de um legionário consistia basicamente de cereais (principalmente trigo), carne, verduras, legumes, lentilha e feijão. A caça e a pesca realizadas próximo aos acampamentos poderiam contribuir para uma melhor alimentação. Às vezes os soldados pediam nas cartas aos seus familiares que estes lhes enviassem comida extra. Os oficiais tinham uma maior variedade, qualidade e quantidade de alimentos. Para beber havia água, cerveja e vinho azedo. O fato de cozinhar e comer juntos proporcionava muita camaradagem entre os soldados romanos.
O legionário tinha várias opções para aproveitar seu tempo livre. Uma delas era os locais de banho, como as fontes, rios e lagos próximos aos acampamentos. Eram locais adequados não só para a higiene e descanso, mas também para a vida social e jogos de azar.
Eles poderiam ir para as comunidades que surgiam na sombra dos grandes aquartelamentos, que foram chamados canabae. Havia sempre os comerciantes ansiosos para aliviar os bolsos dos legionários, tabernas para beber, jogar e até os prostíbulos. Mas nestas comunidades também viviam as famílias dos legionários, embora pareça que estes também pudessem ter habitado dentro dos acampamentos.
Estes locais tornaram-se ao longo do tempo as vici (aldeias) e deram origem a cidades. Alguns acampamentos possuíam um anfiteatro, como em Caerleon (ao norte da cidade de Newport, Gales do Sul, Grã-Bretanha), em que, além de lutas de gladiadores, ou caçar animais selvagens, eram realizadas paradas militares e exibições de lutas pelos próprios legionários.
O exército romano não negligenciava a vida religiosa de seus soldados, o que servia como um aglutinador entre as pessoas de diversas origens e favorecia o equilíbrio pessoal. Cerimônias religiosas em honra dos deuses e divindades oficiais, como Júpiter, eram incentivadas. Os feriados religiosos eram também uma válvula de escape para a rotina diária e permitia alguma flexibilização dos costumes. Oficiais, ao lado dos simples soldados, podiam adorar os deuses em particular harmonia.
A fim de alcançar a adesão e lealdade dos legionários a Roma e ao imperador que estava no poder, eram comuns as festas pela ocasião do aniversário do imperador, ou a celebração da fundação de Roma.
Como um incentivo em sua vida militar o legionário romano tinha um salário regular, que sob o Imperador Augusto ascendeu a 225 pence por ano. Este montante que aumentou gradualmente à medida que o avanço do Império Romano foi acontecendo. Embora neste pagamento houvesse deduções ocasionadas pela alimentação, manutenção de equipamentos e outras despesas, aparentemente muitos soldados conseguiam economizar até vinte e cinco por cento do salário anual. Além disso, o aumento no efetivo do exército implicou em um aumento considerável no dinheiro circulante nos quartéis salário, fazendo com que um centurião pudesse ganhar mais com subornos pagos pelo maior número de soldados.
Como a renda adicional os legionários tinham ocasionalmente contribuições extraordinárias pagas pelos imperadores. Isso acontecia por vontade dos mandatários romanos, por vitórias, ou em ocasiões especiais. Nestas ocasiões as tropas foram pagas proporcionalmente, de acordo com a patente militar.
O prêmio de uma vida de serviço
Afora a morte, que não era algo nada excepcional naqueles tempos, existiam três maneiras do militar de deixar a sua Legião.
O primeiro era resultado de uma grave doença, ou lesão que deixava o combatente inútil para o exército. A chamada (missio causaria). Nesse caso, tal como hoje, o legionário era licenciado após um rigoroso exame de sua condição.
O segundo caso era por haver cometido atos criminosos que provocavam a sua dispensa desonrosa e desqualificação de qualquer serviço imperial. Conhecida como (missio ignominiosa).
Por fim havia os legionários, cerca de metade do efetivo, que conseguiram sobreviver aos vinte e cinco anos, ou mais, de serviço e eram licenciados com honra (missio honesto).
Uma vez licenciados estes homens tinham uma série de direitos e privilégios como cidadãos e veteranos.
Eles estavam isentos de muitos impostos e recebiam um tratamento preferencial em relação à justiça. Se quisessem eles também poderiam legalizar seu estado civil. Estes combatentes recebiam um documento escrito, que declarava a sua dispensa. Alguns destes militares se destacavam tanto que recebia um diploma de bronze, com o detalhamento do seu status legal como soldado veterano.
O licenciamento permitia aos legionários “voltarem para suas casas”. Mas muitos não voltavam para lugar algum, pois durante a sua vida aquilo que significava “casa” sempre foram seus quartéis.
Muitos receberam terras perto de seus acampamentos, ou na região onde eles tinham servido. As parcelas de terras reservadas para cada licenciado eram delimitadas por técnicos agrários, em um processo chamado centuriação. Isso era interessante, especialmente se eles tinham casado com mulheres das regiões dos aquartelamentos.
Aqueles que tinham sido centuriões poderiam desfrutar de uma boa posição na cidade onde eles decidiram fixar sua residência e até atingir os mais altos escalões do judiciário local. Outros investiam suas economias visando abrir um negócio; por exemplo, a venda de cerâmica, ou espadas.
Mas diferentemente dos centuriões, os legionários veteranos, mesmo com certos reconhecimentos por parte do Império, normalmente tinha uma vida muito dura no fim de sua existência. Na maioria dos casos muitos terminavam com o corpo mutilado pelas feridas, com saúde limitada, recebendo salários miseráveis ​​que recebiam em troca de uma vida de dedicação e lutas. Mas, por incrível que possa parecer, estes soldados viviam melhor do que muitos civis pobres do Império Romano.
29/03/2016 ROSTAND MEDEIROS           
Fonte – http://www.wikiwand.com/








sexta-feira, 1 de abril de 2016

PESCADORES CRIMINOSOS

PESCADORES CRIMINOSOS

Catástrofe! O MAIOR CRIME AMBIENTAL DO BRASIL! (Não é o de Mariana/MG, não). Um tubarão encontrado a beira da praia de João Pessoa/Paraíba, foi retirado por três banhistas que evitaram no futuro, viesse a atacar alguma criança indefessa.    Fizeram o maior carnaval da história praísta. Algum Zé Bedégua filmou; colocou nas redes sociais e dai prá frente apareceu todos os órgãos meio-ambientalistas e mais um monte de gente tola. Foram presos e processados por ter retirado o bichinho pela calda. Violência contra o assassino dos mares. Já diziam que a roda grande ia passar por dentro da roda pequena... Acredito piamente que já passou mesmo!
(Pedro, tu deverias ter deixado o Lula ter descoberto nosso Brasil varonil).

Oco do mundo, 01 de Abril de 2016.

Zé Cachorro

domingo, 21 de fevereiro de 2016

CAPELA



Emmanuel informa, no livro “A Caminho da Luz”, psicografia de Chico Xavier, que há cerca de dez mil anos um planeta do sistema de Capela, situado na Constelação de Cocheiro, passava por decisivas reformas, consolidando importantes conquistas morais. Diríamos que se efetuava ali a transição anunciada para o próximo milênio na Terra: de “Mundos de Expiações e Provas”, onde consciências despertas trabalham incessantemente em favor da própria renovação.
No entanto, uma minoria agressiva, recalcitrante no mal, barulhenta na defesa de suas ambições, ainda que requintada intelectualmente, retardava a esperada promoção.
Decidiram, então, os gênios tutelares que governam aquele orbe confiná-los em planeta primitivo, onde estariam submetidos a limitações e dificuldades que atuariam como elementos desbastadores de sua rebeldia.
A escolha recaiu sobre a Terra, cujos habitantes praticamente engatinhavam nos domínios do raciocínio, e que de pronto beneficiaram-se com a encarnação dos capelinos. Inteligentes, dotados de iniciativa e capacidade de organização, dispararam um notável surto de progresso. No curto espaço de alguns séculos a Humanidade aprendeu a cultivar a terra, concentrando-se em cidades, aprimorou a escrita, inventou os utensílios de metal, domesticou os animais...
A presença dos Capelinos explica o espantoso “salto evolutivo” que ocorreu naquele período, chamado neolítico, que ainda hoje inspira perplexidade aos antropólogos.
Concentrando-se em grupos distintos, explica Emmanuel, eles formaram 4 grandes culturas: egípcias, hindu, israelense e europeia, que se destacaram por extraordinárias realizações.
É interessante salientar que nos princípios religiosos desses povos há a referência à sua condição de degredados, particularmente nas tradições bíblicas do paraíso perdido.
Depurados após milênios de duras experiências, os Capelinos regressaram ao planeta de origem. Com a nova migração, as civilizações que edificaram perderam consistência, sucedidas por culturas menores, filhas do homem terrestre.
Informações da espiritualidade nos dão conta de que estamos às vésperas de dois surtos migratórios em nosso planeta.
O primeiro, marcado pela encarnação de espíritos altamente evoluídos, que pontificarão em todos os campos do conhecimento, num grandioso renascimento moral e espiritual da Humanidade. Virão de esferas mais altas, preparando a promoção da Terra para Mundo de Regeneração.
O segundo será constituído por milhões de Espíritos acomodados, comprometidos com o mal, que se recusam sistematicamente ao esforço por ajustarem-se às Leis Divinas, semelhante à minoria barulhenta de Capela. Confinados em mundos primitivos, também aprenderão, à custa de muitas lágrimas, a respeitar os valores da Vida, superando seus impulsos inferiores.
Teremos, então, a decantada Civilização do Terceiro Milênio, edificada sob inspiração dos princípios redentores do Cristo, nosso Governador espiritual.
A “senha” que nos habilitará a permanecer na Terra nesse futuro promissor está definida na terceira promessa de “O Sermão da Montanha”: “Bem-aventurados os mansos e pacíficos, porque herdarão a Terra.”
A mansuetude, característica do indivíduo que cumpre a lei, que observa a ordem, que respeita o semelhante, que superou o individualismo e venceu a si mesmo, superando a agressividade, será o emblema do homem terrestre nesse sonhado Reino de Deus.
Richard Simonetti

Postado por GRUPO DE ESTUDO ALLAN KARDEC

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

REATOR NUCLEAR DE 2 MILHÕES DE ANOS









Pesquisadores descobriram um reator nuclear com 2 milhões anos na África
19 Julho, 2015           História, Ufologia comentários


Se você gosta de ufologia certamente gosta de saber todas as novidades e vive pesquisando sobre isso. Quem gosta desse assunto sabe que coisas estranhas ou como são vulgarmente chamadas “objetos voadores não identificados” estão sempre aparecendo, principalmente desde a massificação da internet e ainda mais agora que qualquer pessoa usa as redes sociais para compartilhar o que acontece no mundo.
UM REATOR NUCLEAR COM 2.000 MILHÕES ANOS
Em 1972, durante uma análise de rotina de urânio, conseguido a partir de uma fonte mineral na África, um empregado de uma fábrica de combustível nuclear, viu algo duvidoso.
Como qualquer urânio natural, o material submetido para analise continha três isótopos, ou seja, três formas com massas atômicas diferentes: de urânio 234 (o mais raro), urânio 238, (a variedade mais abundante) e urânio 235, o isótopo que é desejado, pois pode sustentar uma reação nuclear em cadeia.
Durante algumas semanas, os especialistas da comissão francesa de energia atômica (cea) ficaram perplexos.
O urânio 235 pode ser encontrado em vários outros lugares da crosta terrestre, na lua e até em meteoritos, podemos encontrar átomos que representam somente 0,720 por cento do total.
Porém nas amostras que foram examinadas, que vieram do oklo, depósito no gabão, uma antiga colônia francesa na África ocidental, o urânio 235 constava apenas 0,717 por cento.
Foi essa pequena diferença o motivo suficiente para avisar cientistas franceses que algo estranho estava acontecendo com os minerais.
Estes pequenos detalhes levaram a novas pesquisas que indicaram que ao menos uma parte da mina está abaixo da quantidade regular de urânio 235: 200 kg aparentavam ter sido extraídos num passado longínquo, e atualmente esse montante é mais do suficiente para fazer algumas bombas nucleares. Esta descoberta fez com que cientistas e pesquisadores do mundo inteiro se reunissem no gabão, para investigar o que estava acontecendo com o urânio de oklo.
A descoberta que surpreendeu todos os cientistas e pesquisadores foi que o lugar onde o urânio foi gerado é um reator nuclear subterrâneo avançado, que não era do conhecimento científico atual.
Após varias investigações, os cientistas acreditam que esse antigo reator nuclear tem uma idade aproximada de 1,8 bilhões de anos e é trabalhado por pelo menos 500 mil anos no passado distante.
Os pesquisadores executaram vários outras investigações na mina de urânio e as conclusões foram divulgadas em uma conferência da agência internacional de energia atômica. Segundo várias agências de notícias da África, os pesquisadores encontraram vestígios de produtos de fissão e resquícios de combustível em múltiplos lugares dentro da área da mina.
Comparativamente com este reator nuclear de grande porte, os reatores nucleares modernos não são comparáveis ​​nem em funcionalidade nem em design e segundo os estudos, esse antigo reator nuclear teria quilómetros de comprimento.
Incrivelmente, o choque térmico com o meio ambiente para um grande reator nuclear assim foi reduzido a apenas a 40 metros de todos os lados.
O que os investigadores descobriram e que é ainda mais inesperado, é que os resíduos radioativos ainda não se movimentaram para o exterior dos limites do local e como eles ainda são conservados em tanques naquela área.
O que você acha disso? Você já sabia dessa descoberta?



quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

VÍRGULA


100 anos da Vírgula - Excelente!

Muito legal a campanha dos 100 anos da ABI (Associação Brasileira de Imprensa).

Vírgula pode ser uma pausa... ou não.
Não, espere.
Não espere...

Ela pode sumir com seu dinheiro.
R$ 23,4.
R$ 2,34.

Pode criar heróis..
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.

Ela pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.

A vírgula muda uma opinião.
Não queremos saber.
Não, queremos saber.

A vírgula pode condenar ou salvar.
Não tenha clemência!
Não, tenha clemência!

Uma vírgula muda tudo.
ABI: 100 anos lutando para que ninguém mude uma vírgula da sua informação.

Detalhes Adicionais:

SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA.

* Se você for mulher, certamente colocou a vírgula depois de MULHER...

* Se você for homem, colocou a vírgula depois de TEM...
Moral da história:
'A vida pode ser interpretada e vivida de diversas maneiras. Nós é que fazemos a pontuação.
Pontue sua vida com o que realmente importa.

Isso faz toda a diferença...

domingo, 3 de janeiro de 2016

O ROÇADO


O ROÇADO*

João Henriques da Silva
(In Memoriam 20/09/1901 – 16/04/2003)

            Ananias saiu da escola porque não tolerava leitura, nem conta. Muitos pensavam que era burrice; e, a professora dona Marieta tinha pena do pobre coitado que havia nascido sem memória e sem inteligência. Era mesmo de fazer dó, aquele tapume mental. Por mais que explicasse as coisas repetidamente era como se estivesse pregando no deserto. Nem uma lição certa. Na tabuada pior ainda. Baralhava tudo, metia os pés pelas mãos, confundia os números mais simples.
            Seu problema era sair da escola, e, cuidar daquilo que lhe apetecia. E como nada lhe entrava no bestunto, deixou as aulas de dona Marieta e as caminhadas diárias do sítio do pai à cidade.
            O caderno, cartilha e a tabuada lhe pesavam demais. O que queria mesmo era ter o seu roçadinho de milho, feijão e melancia. Plantar algumas fruteiras e viver sem o atropelo da escola. Não podia haver coisa mais enjoada do que a escola. Decorar aquelas garatujas, dar as lições e sem atinar para que; já sabia falar e dizer o que lhe convinha. Todo mundo lhe entendia. E então, para que a tal leitura. Burrice legítima. Era coisa só e só para quebrar a cabeça. Para trabalhar e mais tarde arranjar uma namorada, não necessitava de letras.
            O pai estava ali, sem saber sequer assinar o nome e tinha propriedade, casa para morar, um bocado de vacas, cabras e ovelhas. E então? Ter que agüentar a chateação de dona Marieta, com aqueles olhos miúdos e lábios finos e secos, dando-lhe gritos, mandando-o estudar. Porque não procurava outra coisa para fazer. Além disso, dois mil réis por semana que saía do bolso do pai. Seria muito mais certo que os desse a ele para comprar doce-seco e cocada. Isto sim valeria à pena.
Quando saiu da escola, benzeu-se às escondidas e rendeu graças a Deus.
            - Pai me dê um cantinho de terra para fazer meu roçado. Lá naquela terra nova da broca. Não tenho cabeça para os estudos, mas talvez dê para a plantação. Eu mesmo quero é plantar, limpar e fazer a colheita. Vou ganhar dinheiro.
            - O meu gosto e de tua mãe é que estivesse na escola, pra não cresceres burro como o teu pai. Não sei ler um bilhete.
            - O senhor não lê, mas fala, diz o que quer. Tem terra, gado, roçado e tem muita gente que sabe ler, sem ter um pau para dar num gato.
            - Vem cá, Ananias. Conta mesmo à verdade. Não acredito nessa tua falada burrice.
            - É pai. Sou burro não. Não gostava daquilo. Só servia para atrapalhar minha vida. Tinha tanto desgosto. E não é assim mesmo quando a gente tem que fazer alguma coisa que não gosta.
            - Não acredito nesta tua roça. Estudar que não pesa, largastes pra lá, quanto mais o cabo do freijó.
            - Tenho forças nos braços. A cabeça é que se cansa com aquela letraria ingresiada.
            - Pois bem. Vais ter o teu roçado e num local dos melhores. Vamos ver a tua disposição.
            Ananias enfiou a enxada na terra. Preparou a rigor para semeá-la quando as chuvas chegassem. Tudo limpinho e ciscado. O pai ficou até com inveja do trabalho do filho. Era só esperar pelas trovoadas. As sementes estavam reservadas e catadas. Sem podres e sem chochas. Deu um solzinho nelas para aquecê-las. Deveria ser bom. Todo mundo gosta de um pouco de sol. Teve vontade de semear no seco, mas poderia chover pouco e não dar para nascer. Era melhor mesmo aguardar. Havia de chover forte para molhar a terra, bem molhada.
            Ananias acordou certa noite com o estalo do trovão e o aguaceiro caindo. Bem sabia que não faltaria chuva para plantar o seu primeiro roçado. Havia de mostrar que renderia mais do que a Escola de dona Marieta, ensinando a ler e escrever gastando o dinheiro do pai.
            A roça iria ver. No fim do ano teria dinheiro para comprar sapatos novos e se empanturrar de doce-seco e aluá. Oras bolas, seria outra vida. De que diabo lhe serviria aprender a somar e multiplicar sem um tostão no bolso. Somar e multiplicar o quê? Só mesmo a cabeça de dona Marieta poderia sair tal idéia.
Entupiu a terra molhada de sementes de milho, feijão, melancia e jerimum caboclo e de leite. Quinze dias depois já o chão mostrava as carreirinhas de suas preciosas lavouras.
            Aquilo sim era escola. Quando estivesse com milho maduro, levaria umas boas espigas a professora que não plantava nem coentro e tinha que comprar tudo, com toda sua sabedoria. Poderia até passar fome ou priva-se de muita coisa. Ele não. Sem cartilha e sem tabuada, tinha para comer e vender. Dava-lhe vontade de perguntar-lhe onde estava sua produção. Uma fava! Ganhar um dinheiro magro para meter bobagens no quengo dos bestas.
            A coisa era mesmo plantar, ter roçado repleto de milho e feijão, encher o depósito, ter para dar e vender. O milharal estava pendoado e o feijão canivetado. Coisa de fazer gosto. Mas, inesperadamente as chuvas pararam. Ananias assustou-se. Andava caldo e ouvia as lamentações do pai e dos vizinhos.
            - Parece que vai se perder tudo. Mais uma ou duas semanas de verão e lá se foi tudo quanto “Marta fiou”!
            Ananias não dormia direito. Temia o fracasso e lembrava-se de suas intenções para com a dona Marieta. Nem uma tamboeira de milho e nem leitura. Um desastre dos diabos. E não choveu mesmo. O cariri era isso assim. Preparar a terra, semear, tratar da lavoura e perder o trabalho. O que sobrava eram apenas os retraços para o gado comer.
            Ananias não tinha gado. Andava triste, macambúzio, sem dizer nada a ninguém. Fora de má sorte. Dona Marieta continuava dando as suas aulas e formando a meninada para o dia sete de setembro e nas procissões da Igreja.
            Ananias vestira roupa nova porque o pai lhe comprara. Teve inveja dos ex-colegas uniformizados, marchando pelas ruas principais da cidade. Olhou para as mãos e estavam grossas de calos. Metera a mão no bolso e tinha apenas as moedinhas que a mãe lhe dera para os doces secos e o aluá. Por falta de uma chuvinha à-toa estava ali deprimido, de cara pro ar.
            No desfile iam faixas em letras graúdas. Não sabia o que elas diziam. Era como estivesse olhando para sua ignorância. A enxada não lhe deu milho, nem feijão. As abobreiras não vingaram. Os alunos que desfilavam, o olhava com um rizinho safado, e zombeteiro. Traduzia aquilo como se estivesse chamando de burro.
            - Olha aí, meu filho. Bem que poderias estar marchando também. Não é tão bonito? Sabem ler, sabem contar e mais tarde poderão até se firmar. E tu, nem estudo nem lavoura. O que pensas disso?
            - Vou plantar de novo. Há de chover!
            - E porque não faz as duas coisas, menino teimoso? Queres te criar bruto como um toco de roçado?
            - Não mãe. Não gosto de escola e não aprendo nada. A cabeça não dá.
            - Dá sim. Bastará um pouco de esforço e boa vontade. Poderás não ser dos primeiros alunos, mas pelo menos não ficarás como um jegue que só sabe rinchar, não muda o tom. Teu pai fica sempre acabrunhado quando pedem para assinar qualquer coisa. Tem que botar o dedão melado de tinta e exigem testemunhas. E já me pediu para lhe ensinar a assinar o nome. E vai aprender. Deixa essa história de roçado, numa terra que só chove por acaso. Pelo menos, muda para criar algum bicho que coma o mato do campo. As poucas chuvas criam alguma coisa.
            - Mais uma vez só, mãe. Se não der certo volto para a escola de dona Marieta.
            E no ano seguinte estava o roçado todo plantado e as lavouras crescidas. Mas as chuvas foram escassas e produção mixurucas. Não pagava o trabalho e as sementes.
            É, mãe.  A senhora tinha razão. Vou para a escola. Aprender qualquer coisa para ter ao menos um emprego.
Ananias matriculou-se. A turma comentava as escondidas. Chegou o jerico, o tapado. Pelo menos será uma distração. Dona Marieta vai ficar fina para enfiar qualquer coisa naquela cabeçota de pedra de mármore.
            Mal sabiam que Ananias não era como pensavam. Não aprendera antes muito de indústria. Gostava era da vidinha do campo, com a cabeça cheia de doces ilusões. O destempero das chuvas tirou-lhe a graça.
            Somente a experiência despertaria para a realidade. Que sabia das coisas era mesmo quem já havias passado pela vida prática. Não acreditara nos conselhos dos pais, e atolara-se até as orelhas. Como havia muita gente tola e pretensiosa.
            Decorrido o primeiro mês de aula, Ananias causava inveja aos colegas. Tinha as lições na ponta da língua e era mestre na tabuada. Dona Marieta estava impressionada. O burroíde de dois anos atrás dava quinau em todo mundo. Certamente dera também um estalo no quengo, como acontecera com o padre Vieira. Ananias não se orgulhava do que sabia e aprendia. Comportava-se com a maior naturalidade, como se não houvesse mudado. Não tinha pretensão de saber mais do que os outros, mas destacava-se e recebia elogios de dona Marieta. A roça lhe ensinara outros caminhos. Boa memória e inteligência não lhe faltavam. Achava antes, que se poderia viver melhor sem as tais letras. E o que lhe aconteceria depois. O pai destripava-se, mas haveria de formá-lo em alguma coisa. E mandou-o para outros colégios e para a escola de farmácia. Depois do diploma, abriu uma botica, farmaciazinha com poucos vidros e tinturas para manipulação.
            O dinheiro foi entrando e a botica foi crescendo. Especializou-se em curativos e injeções. O povo pobre não procurava médico. Corria para o Ananias e era certa a cura. Dois anos depois estava com um casarão repleto de drogas. Lia, lia , lia e formulava remédios para as pessoas pobres. Juntava dinheiro no baú de dona Amélia, sua mãe.
            Chegaria ao que idealizava comprar; uma fazendola e criar gados: bovinos, caprinos e ovelhas. Fazer, talvez, nos bons invernos, suas roças de milho, feijão, jerimum e melancia. Haveria de acertar algumas vezes. Tinha um plano. Comprar 12 novilhas e um burrinho para começar. Uma dúzia de ovelhas e uma dúzia de cabras com os respectivos reprodutores. Queria e fazia questão de ter um pai de chiqueiro especialista no bodejar... E um dia teria de levar o milho verde de sua roça para dona Marieta. Em casamento nem se falava. O bom mesmo era viver com os pais e a irmã que a seu contra gosto já andava noivando.
            Ananias considerava a vida de solteiro a melhor forma de viver. Nada de atrapalho de filhos e depois poderiam não se entender bem e teria que dar grande desgosto aos pais. Tinha o exemplo do seu amigo Fulgêncio, casara-se por amor, segundo dizia, e andava crucificado.
            A mulher, apesar de honesta, era exigente e ciumenta até a raiz dos cabelos. Tinha que atender em casa na hora certinha e que Deus o livrasse de ser apanhado conversando com alguma dona, mesmo das mais respeitáveis. Sua mulherzinha vivia espoletada e mordida. O pobre do Fulgêncio anda sob um controle de cachorro amordaçado. Até para sair com algum amigo, tinha que ser bem selecionado. Andar pelas pontas da rua, mesmo a negócio, era um precipício.
             Em sua casa comercial era fiscalizado constantemente. A empregadinha doméstica era mandada freqüentemente a loja para certificar-se se o “bicho” estava lá e com quem. Era um Deus no acuda.
            - O que anda fazendo menina?
            - Foi dona Florinda quem mandou saber se o senhor estava aqui.
            - Diga a ela que não estou e que nem sabe onde fui. E veja lá. Se eu te pego!
            - Pronto, patroa. Seu Fulgêncio não estava e nem se sabe para onde foi. Está na loja apenas o empregado. E acrescentava por sua conta e risco: “Parece que foi uma dona quem mandou chamá-lo...”.
            - O que? É hoje que bode dá leite e macaco enjoa banana...


*O conto faz parte do livro “Vidas Nordestinas”, no prelo.