O AMIGO RAFAEL
Negros da Elite Imperial Brasileira
O Imperador Dom Pedro II sempre abominou a
escravidão, não possuía escravos e sim empregados assalariados, e desde a
declaração de sua maioridade, quando herdou quarenta escravos, libertou todos.
Os mesmos passos sempre foram seguidos por suas filhas e aqueles que desejavam
a admiração do Imperador.
Um dos maiores amigos do Imperador, desde sua
infância foi um ex-escravo chamado Rafael, nascido em 1791 em Porto Alegre, e
que durante a Campanha da Cisplatina admirou Dom Pedro I. Desde o nascimento do
então Príncipe Imperial do Brasil, Rafael foi apontado como criado de Dom Pedro
II, encantando a Imperatriz Leopoldina com sua dedicação.
Com a partida de seu pai e de sua madrasta, a
Imperatriz Dona Amélia, o “órfão da Nação” foi criado com muita rigidez por
seus tutores, e, solitário, tinha somente a suas irmãs e ao criado Rafael para
proporcionar momentos de liberdade e descontração, ou de alento nas situações
difíceis.
Rafael assumiu todas as funções com relação ao
jovem Imperador, dando lhe afeto, carregando-o nos ombros e lhe dando refúgio
no seu quarto quando não queria estudar. Assim como dormindo próximo a ele
quando se assustava nas noites, contando-lhe histórias de ninar ou para sua
diversão, arrumando-lhe a roupa e dando banhos.Com o passar dos anos o
Imperador-Menino ensinou seu protetor Rafael a ler e a escrever.
O Primeiro Criado Particular do Imperador se
manteve por mais de trinta anos ao lado de Dom Pedro II em suas funções,
acompanhando-o em todas as suas viagens, e como amigo até o fim de sua vida.
Já muito velho, Rafael, com noventa e oito anos,
faleceu em 16 de Novembro de 1889, abalado ao tomar conhecimento da prisão do
Imperador Dom Pedro II no Paço Imperial e a Proclamação da República. De acordo
com Múcio Teixeira, autor de uma versão romanceada de sua vida, intitulada “O
Negro da Quinta Imperial”, suas últimas palavras foram:
“Que a Maldição de Deus caia sobre a cabeça dos algozes do
meu Senhor!”
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