SETENTA ANOS
DA BATALHA DE MONTE CASTELO PELA FEB
A Batalha de
Monte Castelo (ou Monte Castello) foi travada ao final da Segunda Guerra
Mundial, entre as tropas aliadas e as forças do Exército Alemão, que tentavam
conter o seu avanço no Norte da Itália. Esta batalha marcou a presença da Força
Expedicionária Brasileira (FEB) no conflito. A batalha arrastou-se por três
meses, de 24 de novembro de 1944 a 21 de fevereiro de 1945, durante os quais se
efetuaram seis ataques, com grande número de baixas brasileiras devido a vários
fatores. Quatro dos ataques não tiveram êxito, por falhas de estratégia.
Monte situado a
61,3 km a sudoeste de Bolonha (monumento ai Caduti Brasiliani), via Località
Abetaia (SP623), próximo a Abetaia. Coordenadas 44.221799°N 10.954227°E, a 977
m de altitude, nos Apeninos setentrionais, entre as regiões Toscana e
Emília-Romanha. A batalha de Monte Castello está inserida na 2ª fase da
Operação de Rompimento da Linha Gótica (no setor de responsabilidade do IV
Corpo do V exército americano), na Campanha da Itália.
Em novembro de 1944
a 1ª DIE, após cumprir as missões a ela delegadas na frente de batalha no vale
do rio Serchio (aonde vinha combatendo há cerca de dois meses), foi enviada
para a frente do rio Reno, na base dos Apeninos setentrionais, na divisa
central das regiões Toscana e Emília-Romanha. Neste ponto da Linha Gótica, num
perímetro que tinha um raio aproximado de 20 quilômetros, cobrindo uma área que
tinha à frente montanhas sob controle dos alemães, o general Mascarenhas de
Moraes montou seu quartel-general avançado, na localidade de Porretta Terme.
As posições de
artilharia alemãs eram consideradas privilegiadas, submetendo os aliados à uma
vigilância constante, dificultando qualquer avanço em direção à Bolonha e ao
Vale do Pó. Estimativas davam conta que o inverno seria rigoroso, complicando a
situação que no outono, já havia se degenerado devido às chuvas que
transformaram as estradas já esburacadas pelos bombardeiros aliados, em
lamaçais.
O general Mark
Clark, comandante das Forças Aliadas na Itália, pretendia liberar com o IV
Corpo de exército (do qual a divisão brasileira fazia parte), o caminho do 8º
Exército Britânico rumo à Bolonha, antes que as primeiras nevascas começassem a
cair. Entretanto, o complexo de defesas formado pelos alemães em torno de Monte
Castello, (Lizzano in) Belvedere, Monte Della Toraccia, Castelnuovo (di
Vergato), Torre di Nerone e Castel D'Aiano, se mostrou extremamente resistente.
A frente italiana estava sob a
responsabilidade do Grupo de Exércitos C, sob o comando do general Oberst Heinrich
von Vietinghoff. A ele estavam subordinados três exércitos alemães: 10º, 14º e
"Exército da Ligúria", este último defendendo a fronteira com a
França. O 14º era composto pelo 14º Corpo Panzer e pelo 51º Corpo de Montanha.
Dentro do 51º Corpo estava a 232ª DI Alemã, sob o comando do tenente-general
Eccard Freiherr von Gablenz, um veterano de Stalingrado.
A 232ª foi
ativada a 22 de junho de 1944, sendo formada por uma mescla de recém recrutados
e veteranos da frente russa. Era composta por três regimentos de infantaria
(1043º, 1044º e 1045º), cada um com apenas dois batalhões, mais um batalhão de
fuzileiros (batalhão de reconhecimento) e um regimento de artilharia com 4
grupos, além de unidades menores. Esta formação totalizava cerca de 9.000
homens. A idade da tropa variava entre 17 e 40 anos e os soldados mais jovens e
aptos foram concentrados no batalhão de fuzileiros. Durante o final de 1944,
esta unidade foi reforçada com elementos do 4º Batalhão de Montanha
(Mittenwald), além de membros das 1ª Divisão SS e 1ª Divisão de Paráquedistas.
Campanha da FEB
Como se constatou
posteriormente, uma DI (divisão de infantaria) era tropa insuficiente para uma
missão daquela magnitude naquelas condições e terreno. No entanto, como o
comando aliado na Itália carecia de tropas e mantinha o objetivo de atingir
Bolonha antes do Natal, assim foi determinado. Em 24 de novembro, o Esquadrão
de Reconhecimento e o 3º Batalhão do 6º Regimento de Infantaria da 1ª DIE
juntaram-se à Força-Tarefa 45 dos Estados Unidos para a primeira investida ao
monte Castello.
No segundo dia de ataques tudo indicava que a
operação seria exitosa: soldados americanos chegaram até a alcançar o cume do
monte Castello, depois de conquistarem o vizinho Monte Belvedere. Entretanto,
em uma contra-ofensiva poderosa, os homens da 232ª DI germânica, responsável
pela defesa dos montes Castello e Della Torracia, recuperaram as posições
perdidas, obrigando os soldados brasileiros e americanos a abandonar as
posições já conquistadas - com exceção do monte Belvedere.
Em 29 de
novembro, planejou-se o 2º ataque ao monte. Nesta contra-ofensiva a formação de
ataque seria quase em sua totalidade obra da 1ª DIE - com três batalhões -
contando apenas com o suporte de três pelotões de tanques americanos. Todavia,
um fato imprevisto ocorrido na véspera da investida comprometeria os planos: na
noite do dia 28, os alemães haviam efetuado em contra-ataque contra o monte
Belvedere, tomando a posição dos americanos e deixando descoberto o flanco
esquerdo do aliados.
Inicialmente a
DIE pensou em adiar o ataque, porém as tropas já haviam ocupado suas posições e
deste modo a estratégia foi mantida. Às 7 horas uma nova tentativa foi
efetuada.
As condições do
tempo mostravam-se extremamente severas: chuva e céu encoberto impediam o apoio
da força aérea e a lama praticamente inviabilizava a participação de tanques. O
grupamento do general Zenóbio da Costa no início conseguiu um bom avanço, mas o
contra-ataque alemão foi violento. Os soldados alemães dos 1.043º, 1.044º e
1.045º regimentos de infantaria barraram os avanços dos soldados. No fim da
tarde, os dois batalhões brasileiros voltaram à estaca zero.
Em 5 de dezembro,
o general Mascarenhas recebe uma ordem do 4º Corpo de que "caberia à DIE
capturar e manter o cume do Monte Della Torracia - Monte Belvedere." Ou
seja, depois de duas tentativas frustradas, Monte Castello ainda era o objetivo
principal da próxima ofensiva brasileira, a qual havia sido adiada por uma
semana.
Mas em 12 de
dezembro de 1944, a operação foi efetivada, data que seria lembrada pela FEB
como uma das mais violentas enfrentadas pela tropas brasileiras no teatro de
operações na Itália. Com as mesmas condições meteorológicas da investida
anterior, o 2º e o 3º batalhões do 1º Regimento de Infantaria fizeram,
inicialmente, milagres. Houve inicialmente algumas posições conquistadas, mas o
pesado fogo da artilharia alemã fazia suas baixas. Mais uma vez a tentativa de
conquista se mostrou infrutífera e, o pior, causando 150 baixas, sendo que 20
soldados brasileiros haviam sido mortos.
A lição serviu
para reforçar a convicção de Mascarenhas de que o monte Castello só seria
tomado dos alemães se toda a divisão fosse empregada no ataque - e não apenas
alguns batalhões, como vinha ordenando o 5º Exército. Somente em 19 de
fevereiro de 1945, após a melhora do inverno o comando do 5º Exército
determinou o início de uma nova ofensiva para a conquista do monte. Tal
ofensiva denominada de Operação Encore utilizaria as tropas da 10ª Divisão de
Montanha americana e da 1ª DIE.
Desta vez a
tática utilizada, seria a mesma idealizada por Mascarenhas de Moraes em 19 de
novembro, utilizando duas divisões. Assim, em 20 de fevereiro, as tropas da
Força Expedicionária Brasileira apresentaram-se em posição de combate, com seus
três regimentos prontos para partir rumo ao monte Castello. À esquerda do
grupamento brasileiro, o avanço seria iniciado em 18 de fevereiro pela 10ª
Divisão de Montanha dos Estados Unidos, tropa de elite, que tinha como
responsabilidade tomar o monte Belvedere e garantir, dessa forma, a proteção do
flanco mais vulnerável do setor. A resistência alemã se fez mais uma vez
presente, e a 10ª Divisão de Montanha americana não tinha assegurado suas
posições, assim o ataque brasileiro ao Castello se fazia imprescindível. Tal
ataque começou ao amanhecer do dia 21 de fevereiro, com o Batalhão Uzeda
seguindo pela direita, o Batalhão Franklin na direção frontal ao monte, e o
Batalhão Sizeno Sarmento aguardando nas posições privilegiadas que alcançara
durante a noite, o momento de juntar-se aos outros dois batalhões. Conforme
descrito no plano Encore, os brasileiros deveriam chegar ao topo do monte
Castello no máximo ao entardecer, após a tomada do Monte Della Torracia ser
executada pela 10ª Divisão de Montanha, de tal modo o comando do IV Corpo
estava certo de que o Castello não seria tomado antes do Della Torracia.
Entretanto, às 17h30, quando os primeiros soldados do Batalhão Franklin do 1º
Regimento conquistaram o cume do monte Castello, os americanos ainda não haviam
vencido a resistência alemã, só o fazendo noite adentro, quando com a ajuda de
alguns elementos brasileiros que já haviam completado sua missão. Grande parte
do sucesso da ofensiva foi creditada à Artilharia Divisionária, comandada pelo
general Cordeiro de Farias, que entre 16h e 17h do dia 22, efetuou um fogo de
barragem perfeito contra o cume do monte Castello, permitindo a movimentação
das tropas brasileiras.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Monte_Castello
FEB COMEMORA EM BH 70 ANOS DE BATALHA
DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Inexperiência, frio,
posicionamento desfavorável... Não bastassem os tradicionais desafios de uma
guerra, os pracinhas da Força Expedicionária Brasileira (FEB) acumulavam uma
série de adversidades no combate por Monte Castelo, na Itália. Mas não sucumbiram.
Depois de exaustivo combate entre 24 de novembro e 21 de fevereiro, a maior
parte deles no inverno europeu, as tropas brasileiras conseguiram derrubar os
soldados dos exércitos nazi-fascistas de Itália e Alemanha, dando passo
importante em pleno território inimigo. A tomada de Monte Castelo, considerada
fundamental para o avanço dos Aliados rumo a Bolonha, completa hoje 70 anos.
Uma cerimônia em Belo Horizonte vai homenagear os veteranos de guerra.
Na
parte baixa do Monte Castelo, os soldados brasileiros tinham a missão de
derrubar as tropas inimigas para permitir o avanço das forças aliadas. Mas a
ofensiva tinha a complexa missão de dominar o adversário, que estava em posição
bastante favorável. Tanto é assim que as primeiras tentativas de ataque
fracassaram. Por três vezes, os brasileiros foram batidos por alemães. Assim, o
objetivo de dominar a região antes do inverno não vingou.
Em
um dos ataques, o então cabo João Batista Moreira acompanhava a infantaria,
mas, num erro de comunicação, os disparos da artilharia, que vinham logo atrás,
acertavam o soldados do mesmo exército. Ele então foi designado pelo comandante
a avisar o problema aos soldados da artilharia. “Moreira, você vai morrer, mas
vai salvar a companhia”, disse o comandante. Em velocidade, ele aproveitava os
buracos no solo feitos pela bombas de 155 mm do exército alemão para
esconder-se entre um avanço e outro. “Uma bomba não pode cair duas vezes no
mesmo lugar”, diz ele hoje, aos 92 anos, com os resultados da bateria de exames
necessários para visitar a Itália durante a comemoração de 70 anos do fim da
guerra. Todo o esforço garantiu sobrevida aos militares da FEB. Apesar da
valentia demonstrada em mais de uma ocasião, Moreira não pôde fazer muito ao
ver de perto Frei Orlando ser morto com um tiro no peito depois de um disparo
sem querer de um capitão brasileiro.
Beto
Novaes/EM/D.A Press
A
partir de dezembro, além dos exércitos inimigos, os brasileiros tiveram que
enfrentar um outro oponente tão letal quanto o armamento italiano e alemão. Aos
93 anos, o tenente reformado Geraldo Campos Taitson recorda-se de temperaturas
muito abaixo de zero. Os termômetros marcaram até 18 graus negativos. Para
isso, os pracinhas adotavam estratégias para resistir ao frio. À época soldado,
ele lembra-se de, nas proximidades do Monte Castelo, ter ocupado uma casa
abandonada por italianos e arrancado todas as portas internas. Depois disso,
eles atearam fogo para aquecer os soldados brasileiros. Mas, com o rigor
militar, o capitão exigiu que os pracinhas ressarcissem a família proprietária
do imóvel pela destruição das portas e demais avarias.
EXEMPLO
Os pracinhas cavavam buracos no solo para formar os chamados fox holes (tocas
de raposa). Lá se enterravam a meio corpo por horas. Sob o risco de ocorrência
do “pé de trincheira” (congelamentos de dedos e pés), soldados brasileiros
passaram a usar uma galocha com feno em vez do coturno para facilitar a
circulação. Dado o sucesso da inovação brasileira, soldados norte-americanos
adotaram o mesmo para evitar a perda de membros. “Acostumados a bater enxada no
Ceará, o nosso soldado foi para um frio de menos 10 graus”, afirma o
vice-presidente da Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária
Brasileira (Anvfeb), Marcos Moretzsohn Renault Coelho. Outro exemplo para os
Aliados foi o fato de brasileiros negros e brancos sentarem lado a lado para
almoçar e fazer qualquer tipo de atividade, diz Renault. Segundo ele, isso
serviu de exemplo para a tropa americana.
Beto
Novaes/EM/D.A Press
João
Batista Moreira, então cabo, ajudou a salvar uma companhia
Em 21 de fevereiro,
depois de mais de 10 horas de combate, os brasileiros conseguiram derrotar os
adversários. Monte Castelo estava sob domínio das forças aliadas. “A tomada de
Monte Castelo foi parte da ofensiva dos aliados para avançar sobre as posições
alemãs na Itália, especificamente na região montanhosa dos Apeninos. A
conquista brasileira deve ser vista em contexto mais amplo, já que a FEB era
uma pequena unidade lutando ao lado de tropas aliadas muito mais numerosas”,
afirma o professor do departamento de história da UFMG, Rodrigo Patto Sá Motta.
E acrescenta: “Assim, a vitória brasileira — que foi alcançada após derrotas e
mesmo o recuo de algumas tropas - contribuiu para um esforço mais amplo, que
era o avanço conjunto das tropas aliadas naquele setor. Isso não significa
reduzir a importância do feito, pois conquistar uma posição elevada defendida
por tropas alemãs não era fácil”.
Em
comemoração ao aniversário de 70 anos da tomada do Monte Castelo, veteranos da
FEB se reúnem hoje na Avenida Francisco Sales, a partir de 10 horas. Durante o
evento, que terá desfile de tropas militares e exibição de veículos de guerra,
o prefeito Marcio Lacerda deve ser homenageado com uma medalha de honra. O
museu da entidade estará aberto para visitação.
Rodrigo Patto Sá
Motta, professor do departamento de história da UFMG
http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2015/02/21/interna_gerais,620184/batalha-na-memoria.shtml
AI VÃO MINHA HOMENAGEM AOS VERDADEIROS HEROES DO BRASIL, PEÇO DESCULPAS AO COMPANHEIROS DA ASMRAFFAA POR NÃO TER PODIDO IR AO QUARTEL DO 31BImzt RENDER AS JUSTAS HOMENAGENS. ESTOU OPERADO DO OLHO ESQUERDO (CATARATA)
ABRAÇOS
HENRIQUES
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