RESPOSTA À
REVISTA VEJA
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Abaixo estou enviando uma cópia da
carta escrita por uma professora que trabalha no Colégio
Estadual Mesquita, à revista Veja. Peço por favor que repasse a
todos que conhece, vale a pena ler.
ALexandre
Ferreira
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Sou professora do Estado do Paraná e fiquei
indignada com a reportagem da jornalista Roberta de Abreu Lima “Aula
Cronometrada”. É com grande pesar que vejo quão distante estão seus
argumentos sobre as causas do mau desempenho escolar com as VERDADEIRAS
razões que geram este panorama desalentador. Não há necessidade
de cronômetros, nem de especialistas para diagnosticar as falhas
da educação. Há necessidade de todos os que pensam que: “os professores
é que são incapazes de atrair a atenção de alunos repletos de estímulos
e inseridos na era digital” entrem numa sala de aula e observem a
realidade brasileira. Que alunos são esses “repletos de estímulos” que
muitas vezes não têm o que comer em suas casas quanto mais inseridos na
era digital? Em que pais de famílias oriundas da pobreza
trabalham tanto que não têm como acompanhar os filhos em suas
atividades escolares, e pior em orientá-los para a vida? Isso sem falar
nas famílias impregnadas pelas drogas e destruídas pela ignorância e
violência, causas essas que infelizmente são trazidas para dentro da
maioria das escolas brasileiras. Está na hora dos professores se
rebelarem contra as acusações que lhes são impostas. Problemas da
sociedade deverão ser resolvidos pela sociedade e não somente pela
escola. Não gosto de comparar épocas, mas quando penso na minha
infância, onde pai e mãe, tios e avós estavam presentes e onde era
inadmissível faltar com o respeito aos mais velhos, quanto mais aos
professores e não cumprir as obrigações fossem, escolares ou simplesmente
caseiras, faço comparações com os alunos de hoje “repletos de
estímulos”. Estímulos de quê? De passar o dia na rua, não fazer
as tarefas, ficar em frente ao computador, alguns até altas horas da
noite, (quando o têm), brincando no Orkut, ou, o que é ainda pior,
envolvidos nas drogas. Sem disciplina seguem perdidos na vida.
Realmente, nada está bom. Porque o que
essas crianças e jovens procuram é amor, atenção, orientação e
disciplina.
Rememorando, o que tínhamos nós, os mais
velhos, há uns anos atrás de estímulos? Simplesmente:
responsabilidade, esperança, alegria. Esperança que se estudássemos
teríamos uma profissão, seríamos realizados na vida. Hoje os jovens
constatam que se venderem drogas vão ganhar mais. Para quê o estudo?
Por que numa época com tantos estímulos não vemos olhos brilhantes nos
jovens? Quem, dos mais velhos, não lembra a emoção de somente brincar
com os amigos, de ir aos piqueniques, subir em árvores?
E, nas aulas, havia respeito, amor pela
pátria... Cantávamos o hino nacional diariamente, tínhamos aulas
“chatas” só na lousa e sabíamos ler, escrever e fazer contas com
fluência.
Se não soubéssemos não iríamos para a 5ª.
Série. Precisávamos passar pelo terrível, mas eficiente, exame de
admissão. E tínhamos motivação para isso.
Hoje, professores “incapazes” dão aulas na
lousa, levam filmes, trabalham com tecnologia, trazem livros de
literatura juvenil para leitura em sala de aula (o que às vezes resulta
em uma revolução), levam alunos à biblioteca e a outros locais
educativos (benza, Deus, só os mais corajosos!) e, algumas escolas
públicas onde a renda dos pais comporta, até a passeios
interessantes, planejados minuciosamente, como ir ao Beto Carrero.
E, mesmo, assim, a indisciplina está
presente, nada está bom. Além disso, esses mesmos professores
“incapazes”, elaboram atividades escolares como provas,
planejamentos, correções nos
fins de semana, tudo sem remuneração;
Todos os profissionais têm direito a um
intervalo que não é cronometrado quando estão cansados. Professores têm
10 minutos de intervalo, quando têm de escolher entre ir ao
banheiro ou tomar às pressas o cafezinho. Todos os profissionais têm
direito ao vale alimentação, professor tem que se sujeitar a um
lanchinho, pago do próprio bolso, mesmo que trabalhe 40 h.semanais. E a
saúde? É a única profissão
que conheço que embora apresente atestado médico tem que repor as
aulas.Plano de saúde? Muito precário.
Há de se pensar, então, que são bem
remunerados... Mera ilusão! Por isso, cada vez vemos menos
profissionais nessa área, só permanecem os que realmente gostam de
ensinar, os que estão aposentando-se e estão perplexos com as mudanças
havidas no ensino nos últimos tempos e os que aguardam uma chance de
“cair fora”.Todos devem ter vocação para Madre Teresa de Calcutá, porque
por mais que esforcem-se em ministrar boas aulas, ainda ouvem
alunos chamá-los de “vaca”,”puta”, “gordos “, “velhos” entre outras
coisas. Como isso é motivante e temos ainda que ter forças para
motivar. Mas, ainda não é tão grave.
Temos notícias, dia-a-dia, até de
agressões a professores por alunos. Futuramente, esses mesmos alunos,
talvez agridam seus pais e familiares.
Lembro de um artigo lido, na revista Veja,
de Cláudio de Moura Castro, que dizia que um país sucumbe quando o grau
de incivilidade de seus cidadãos ultrapassa um certo limite.
E acho que esse grau já ultrapassou. Chega
de passar alunos que não merecem. Assim, nunca vão saber porque devem
estudar e comportar-se na sala de aula; se passam sem estudar mesmo,
diante de tantas chances, e com indisciplina... E isso é um crime! Vão
passando série após série, e não sabem escrever nem fazer contas
simples. Depois a sociedade os exclui, porque não passa a mão na
cabeça. Ela é cruel e eles já são adultos.
Por que os alunos do Japão estudam? Por que
há cronômetros? Os professores são mais capacitados? Talvez, mas o mais
importante é porque há disciplina. E é isso que precisamos e não
de cronômetros. Lembrando: o professor estadual só percorre sua
íngreme carreira mediante cursos, capacitações que são realizadas,
preferencialmente aos sábados. Portanto, a grande maioria dos
professores está constantemente estudando e aprimorando-se. Em vez de
cronômetros, precisamos de carteiras escolares, livros,
materiais, quadras-esportivas cobertas (um luxo para a grande
maioria de nossas escolas), e de lousas, sim, em melhores condições e
em maior quantidade..
Existem muitos colégios nesse Brasil afora
que nem cadeiras possuem para os alunos sentarem. E é essa a nossa
realidade! E, precisamos, também,urgentemente de educação para que tudo que for
fornecido ao aluno não seja destruído por ele mesmo
Em plena era digital, os professores ainda
são obrigados a preencher os tais livros de chamada, à mão: sem erros,
nem borrões (ô, coisa arcaica!), e ainda assim se ouve falar em
cronômetros. Francamente!!!
Passou da hora de todos abrirem os
olhos e fazerem algo para evitar uma calamidade no país,
futuramente. Os professores não são culpados de uma sociedade
incivilizada e de banditismo, e finalmente, se os professores até
agora não responderam a todas as acusações de serem despreparados
e “incapazes” de prender a atenção do aluno com aulas motivadoras
é porque não tiveram TEMPO.
Responder a essa reportagem custou-me
metade do meu domingo, e duas turmas sem as provas corrigidas.
Vamos fazer uma
corrente via internet, repasse a todos os seus!
Grata
Vanessa Storrer - professora da rede Municipal de Curitiba.
Vamos
começar uma corrente nacional que pelo menos dê aos professores
respaldo legal quando um aluno o xinga, o agride... Chega de ECA que
não resolve nada, chega de Conselho Tutelar que só vai a favor da
criança e adolescente (capazes às vezes de matar, roubar e coisas
piores), chega de salário baixo, todas as profissões e pessoas passam
por professores, deve ser a carreira mais bem paga do país, afinal os
deputados que ganham 67% de aumento tiveram professores, até mesmo os
"alfabetizados funcionais". Pelo amor de Deus somos uma
classe com força!!! Somos politizados, somos cultos, não precisamos
fechar escolas, fazer greves, vamos apresentar um projeto de Lei que
nos ampare e valorize a profissão.
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