sábado, 11 de maio de 2013


PEDRA DO REINO



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Grijalva Maracajá Henriques**
TEMPOS MORTOS
Reportagem do passado
Tragédia na Pedra do Reino
Maio de 1838

                Pedras. Silenciosas testemunhas, da extravagante força da fé de um povo, isolado, pobre, faminto, - d’água, comida e esperança, - recorreram ao imaginário para aliviar as frustrações que a realidade lhes impôs.  Influenciados por idéias antigas de um esquisito filho de índia e um aventureiro; que usou da fé religiosa, associado a uma fracassada vontade de ser um paladino para praticar, através da lenda sebastianista, verdadeira loucura, até então nunca vista, e criar seu próprio reino do centro do Sertão Nordestino. As torres para ele eram catedrais, faróis que iriam iluminar seu pretenso reino, e que ao mesmo tempo desencantar o reino perdido de D. Sebastião, para quando este surgisse magnanimamente desencantado, pelo menos, o elevasse como uns dos seus príncipes guerreiros.
No dia 14 de maio de 1838, faz exatamente 175 anos, que teve início à matança discriminada de crianças, adultos e até cachorros para acalmar a consciência esquizofrênica de um mameluco, e seus parentes, como uma espécie de “epidemia vesânica de caráter religioso” ou “loucura transmitida às multidões” que os acompanhavam, como dizia Nina Rodrigues, “uma loucura epidêmica.”
Fôra mais ou menos assim que tomei conhecimento pela primeira vez, através de uma tia de minha esposa: Beatriz Pereira Neves, historiadora moradora de Jardim – Ceará, filha de uma das testemunhas que assistiu a chegada do vaqueiro-fugitivo, na fazenda de seu tio o Major Manuel Pereira da Silva, que com seus irmãos e amigos colocaram fim naquela absurda matança ocorrido entres os dias 14 a 18 de maio de 1838.
Como estudante no curso de Licenciatura em História, logo me apaixonei pelo tema. Fiz entrevista com a dona Tatiz, (gravada em fita cassete) conversei bastante com o ilustre Médico/Historiador Napoleão Tavares Neves de Barbalha - Ceará, também da família Pereira, que gentilmente enviou todo material pertinente a genealogia dos Pereiras e principalmente dos fatos da Pedra Bonita.
Tomei coragem e nos desviamos do roteiro inicial que íamos e nos aventuramos por estradas carroçáveis entre São José de Belmonte e o reino encantado para redescobrir as curiosas pedras. Realmente são encantadoras (também acho que tem alguém encantado por lá...) passei uma manhã tirando fotos e pisando de leve para não abafar e talvez ouvir sons que não fossem das folhas dos catolezeiros: como choro de criança, latidos agoniados de cães, gritos de “Viva El Rei”, berreiros de homens e mulheres sendo trucidados, pelos Ferreiras, primos e irmãos do primeiro “rei” da Serra Formosa.
Resolvi então pesquisar mais profundamente as causas que levou a tanta violência o sebastianismo no Nordeste. Achei várias interpretações sociais, políticas, culturais e outras mais. No entanto, findei optando por um caminho que me conduziu  ao meu Artigo Científico no curso de Especialização em História do Brasil e da Paraíba, no momento oportuno apresentarei e postarei neste mesmo blog.

*Nas fotos aparecem o autor, sua esposa e filha.
**O autor é historiador e pesquisar.






















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