ILUSÕES DA VIDA
FRANCISCO
OTAVIANO
Quem passou pela vida em
branca nuvem,
E em plácido repouso
adormeceu;
Quem não sentiu o frio da
desgraça,
Quem passou pela vida e
não sofreu;
Foi espectro de homem,
não foi homem,
Só passou pela vida, não
viveu.
Francisco
Otaviano (Francisco Otaviano de Almeida Rosa), advogado, jornalista, político,
diplomata e poeta, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 26 de junho de 1826, e
faleceu na mesma cidade em 28 de junho de 1889. É o patrono da cadeira n. 13,
por escolha do fundador Visconde de Taunay.
Era
filho do Dr. Otaviano Maria da Rosa, médico, e de Joana Maria da Rosa. Fez os
primeiros estudos no colégio do professor Manuel Maria Cabral, e no decorrer da
vida escolar dedicou-se principalmente às línguas, à História, à Geografia e à
Filosofia. Matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo em 1841, na qual
se bacharelou em 1845. Regressou ao Rio, onde principiou a vida profissional na
advocacia e no jornalismo, nos jornais Sentinela da Monarquia, Gazeta Oficial
do Império do Brasil (1846-48), da qual se tornou diretor em 1847, Jornal do
Comércio (1851-54) e Correio Mercantil. Foi eleito secretário do Instituto da
Ordem dos Advogados, cargo que exerceu por nove anos; deputado geral (1852) e
senador (1867). Como jornalista, empenhou-se com entusiasmo nas campanhas do
Partido Liberal e tomou parte preponderante na elaboração da Lei do Ventre
Livre, em 1871. Já participara da elaboração do Tratado da Tríplice Aliança, em
1865, quando foi convidado pelo Marquês de Olinda para ocupar a pasta dos
Negócios Estrangeiros, mas não a aceitou, ficando em seu lugar Saraiva. Por
ocasião da Guerra do Paraguai, foi enviado ao Uruguai e à Argentina,
substituindo o Conselheiro Paranhos na Missão do Rio da Prata. A ele coube
negociar e assinar, em Buenos Aires, em 1º de maio de 1865, o tratado de
aliança ofensiva e defensiva entre o Brasil, a Argentina e o Uruguai, no
combate comum a Solano Lopez, do Paraguai. Recebeu o título do Conselho do
Imperador e do Conselho Diretor da Instrução Pública.
Poeta
desde menino, não se dedicou suficientemente à literatura. Ele mesmo exprimiu
com frequência a tristeza de haver sido arrebatado à poesia pela política, por
ele chamada de “Messalina impura”, num epíteto famoso. Apesar da carreira
fácil, respeitável e brilhante, cultivou sempre a nostalgia das letras. Sua
obra poética representa uma espécie de inspiração do homem médio, mas não
banal, o que lhe dá, do ponto de vista psicológico, uma comunicabilidade
aumentada pela transparência do verso, leve e corredio. Em torno do eixo
central de sua personalidade literária se organizam as tendências comuns do
tempo, num verso quase sempre harmonioso e bem cuidado.
Nas
suas traduções de Horácio, Catulo, Byron, Shakespeare, Shelley, Victor Hugo,
Goethe, revela-se também poeta excelente. Ficou para sempre inscrito entre os
nossos poetas da fase romântica, como autor de duas ou três peças antológicas,
mesmo que não tenha exercido a literatura com paixão, e o patriota que foi
dá-lhe lugar entre os grandes vultos brasileiros do século XIX.
https://www.academia.org.br/academicos/francisco-otaviano/biografia
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