ESQUECER OU PERDOAR?
O esquecimento substitui o perdão? Está bastante
claro que não. O esquecimento é uma pedra que se põe sobre uma queixa,
deixando-a fora das nossas cogitações e parecendo que foi alijada da nossa
alma. Entretanto, tal ressentimento continua vivo, latente, subjazendo aos
nossos sentimentos e pronto para voltar à tona na primeira oportunidade.
Já o perdão, nascido sincero e absoluto no âmago da
alma, é uma redenção que favorece o ofensor com plenitude e, a nós, liberta do
peso do passado e livra de assumir compromissos para o futuro. Sua ação tem
caráter permanente, como se fosse marcado a fogo.
O esquecimento comparece ao nosso viver de forma
totalmente sub-reptícia, devagar, cobrindo os acontecimentos dolorosos com seu
nebuloso manto. Prescinde de esforços pessoais conscientes ou intencionais.
O perdão, por sua vez, exige atitude individual
espontânea: primeiro a decisão de perdoar, o que pode ser tão natural que nem
percebemos; depois retiramos do nosso coração a dose de amor necessária e esta
recobrirá as dores existentes com seu bálsamo, libertando de vez a todos os
envolvidos.
Como se vê, o primeiro é muito fácil e não exige
nenhum esforço. É quase involuntário. Então, não se podem esperar recompensas
ou mesmo qualquer satisfação pessoal, uma vez que tudo jazerá nas cinzas do
esquecimento sem, contudo, apagar a brasa, pronta para reavivar ao primeiro
sopro.
O perdão, por sua vez, amadurecido em dificílimo
processo resultante de longo desenvolvimento pessoal — onde vislumbramos o que
é o amor de que o Mestre Jesus tanto nos fala —, traz consigo a felicidade
plena que só um coração puro pode conter. O perdão verdadeiro decorre de termos
aprendido a “amar o próximo”, como recomendava o Cristo, cujo exemplo de amor
universal deve servir de inspiração a cada um.
Que Ele nos abençoe e nos ensine a amar como Ele nos ama.
Um Velho Abade.
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