O Grande Mestre Guerreiro, estrategista militar de
competência inquestionável, mas com viés democrata, resolve consultar as
fileiras do seu exercício sobre a oportunidade de deflagrar uma nova guerra.
Embora, sempre contra os mesmos adversários.
Determinou que cada regimento teria direito a um
voto, representativo dos mestres guerreiros a ele filiado. Sendo assim, em cada
regimento foi realizado uma assembleia de mestres guerreiros para decidir o
voto do seu representante.
Reunidos todos os representantes, em um grande
conselho, foi realizada uma votação definitiva. O resultado foi a deliberação
favorável à guerra, pela justeza da causa e pela oportunidade favorável à
vitória.
Tudo decidido, marcada a data da guerra, quis o
Grande Líder que esta decisão fosse ratificada nas fileiras dos regimentos.
Então, para surpresa geral, o regimento localizado nos Açudes Velhos ao
promover a escuta dos seus mestres guerreiros ouviu da maioria deles que a
causa era justa, mas a oportunidade não era perfeita. E, portanto, não entrariam nessa guerra.
Melhor dizendo, entrariam sim. Mas, apenas, por um
dia. Daí para frente seria tão somente torcedores pela vitória dos seus
colegas. E, no final, claro, sorridentes poderão compartilhar os espólios dos
vitoriosos.
O Grande Líder ficou perplexo! Quando determinou a
ratificação, pensava ele que não estava mais em questão a entrada ou não na
guerra. Apenas esperava uma maior empolgação dos mestres guerreiros. E queria
ouvir gritos de guerra: "Guerreiros unidos jamais serão vencidos!"
Do Regimento dos Açudes Velhos o que ouviu foi
ponderações extemporâneas e a velha e surrada fórmula dos vencidos em antigas
batalhas: "A causa é justa, mas não temos forças para alcançar a vitória.
Melhor dá um tempo, esperar...”
Por estranho que lhe pareça esta história que estou
narrando, vou acrescentar mais estranhezas. Na assembleia se faziam presentes
um significativo número de aprendizes guerreiros. E, esses, eram contra a
guerra, sob o argumento de que a mesma iria atrasar as suas instruções e adiar
a data em que iriam receber a diplomação de Mestre Guerreiro.
Dizem que ao tomar conhecimento de tão grande
disparate, o velho Nietzsche chorou.
Hiran de Melo - Professor da UFCG
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