sexta-feira, 20 de setembro de 2019


RECORDAÇÃO DA FAZENDA ARARA

                                                                                                                             João Henriques da Silva

Quantas vezes, tantas, eu me lembro
Do sítio tão distante onde nasci.
Dos cajueiros florados em setembro,
Do tanque do Araçá que nunca mais vi.

A velha casa de farinha
Onde tantas vezes me escondia,
Estou só, ela está sozinha;
A penúria a tristeza deste dia.

E o tanque do Bemba, lá no recanto,
Que recordação me traz de tia Aninha,
E Zé Maria tão manso como um santo
Capaz de rastejar uma andorinha.

Ninguém sabe só eu sei
A saudade que me dá

A terra que tanto amei
E longe de mim está.

Aquela casa alpendrada
Com o jardinzinho ao lado
A canafístula florada
E o juazeiro copado

A velha casa de farinha,
A burra leiteira, o facheiro,
Os cortiços, os pés de pinha,
As trovoadas em janeiro

O gado, a vaca mansinha,
Novato, o burro de sela,
A criação de galinha
E o carneiro da panela.

As pororocas da porta,
Os balanços que fazíamos,
A canafístula já morta
Os lajedos onde nasciam.


Sinto muitas saudades dos balanços
Onde tanto brinquei. Hoje só resta saudades.

Açude velho, a lagoa do capim
Onde tantas vezes me banhei
Tuas águas são menos para mim
Do que todas lágrimas que chorei.

E o tanque Milagre, que lembrança
De minha boa mãe quando chovia,
Tu guardas meu retrato de criança
Na fina água que mamãe bebia.

Os uruçus do sítio das pinheiras
E o pequeno caroço de jati,
Onde meu pai nas vezes derradeiras,
Junto dele chorava como eu vi.

Os cajueiros encarnados e amarelos,
Onde tantas frutas a meninada chupou,
Ninguém os teve melhores e mais belos
Onde meu sonho de menino se embalou.

Os imbuzeiros da mata não os vejo
E quem sabe se lá ainda existem?
E nesta dúvida, solitário já prevejo
Que deles minhas saudades ainda persistem.

E esquecer jamais eu poderia
As jabuticabeiras tão amigas
Que frutificavam logo que chovia
Das novas àquelas mais antigas.

O frondoso juazeiro descascado
Ao lado do antigo cemitério;
Onde aparecia assombração,
Simples luz de fogo-fátuo e santelmo.

O roçado da tapera, imburana,
Romã cheia de bagos sumarentas
E aquela grande cobra muçurana
Que nos deixava medrosos e atentos.



As corridas de cavalo na lagoa
O velho pampa fogoso e invencível,
Como a vida era alegre e era boa
Tempo de criança inesquecível.

E o prazer imenso que sentia
Andando pelo mato, sempre atento,
Quando um ninho qualquer aparecia
Preso nos ramos ou balançando nos ventos.

O pé de tamarindo lá da porta
Onde as casacas de couro fazem ninho;
Preferia que já estivesse morta
Esta saudade que anda em meu caminho.

E vocês se lembram, tanto quanto eu,
Da rainha do prado tão copada
Que em todos os tempos floresceu                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                              
E que lembra minha vida florada


E os canários que faziam ninhos
Nas estacas secas dos curais,
Onde se ouvia o pipilar nos ninhos
E que também se aninhavam nos beirais.

E por onde o pensamento corre e vai
Encontrar uma visão inesquecível
A lembrança saudosa do meu pai
E da minha mãe uma saudade imperecível.

E tudo que ali se vê e sente,
Fala-me do passado tão distante
E de tudo que me fica tão presente
Nessa rememoração dilacerante.

O facheiro da casa de farinha
Com a burra leiteira bem ao lado;
O facheiro morreu ficou sozinha
Como eu que estou só e desolado.

A bonita canafístula do terreiro
Do nosso tempo alegre de menino,
Namorada do velho juazeiro
Que me viu ainda pequenino.
As novenas de Maria,
Santuário com os santos de nossa devoção
E minha mãe pegada no rosário
Tão contrita rezando uma oração.

As fogueiras acessas no terreiro
Festejando as noites de São João
O milho assado no braseiro
E o céu enfeitado de balão.

O busca-pé correndo atrás da gente,
No ar estourando foguetão;
Zé Caíco que chega de repente
E Zé Maria que dá um carreirão.

E como era penoso ir à escola.
Deixando as costumeiras brincadeiras,
De livros na mão merenda na sacola
Andando a pé batendo com as porteiras.

Joaquim Moreno, Joaquim Apolinário,
Dona Dodom, o velho Santiago;
A palmatória empurrando o abecedário
Com tudo na memória ainda trago.

O calor das fogueiras de São João
Bacias d’água para ver o rosto
E quem não visse que desilusão;
Não veria outro São João, e que desgosto.

A canjica, fervendo na tigela,
O corre-corre na casinha,
As pamonhas compridas na panela
As tachadas de peru e de galinha.

As famílias todas reunidas
Nas alegres noites de São João
E depois as tristes despedidas
Na hora amarga da separação.

Minha terra.
Ninguém sabe só eu sei,
A saudade que me dá
A terra que tanto amei
E longe de mim está.
Nota
Esses versos foram copiados por Nize Maracajá de um caderno onde meu pai escrevia suas saudades. Porém, como ela não entendia sua letra, ocorreu muitos equívocos; tive então que fazer pequenas modificações.







sábado, 27 de julho de 2019






Passei a semana meio chateado. Fui furtado. Levaram minhas galinhas. Joguei pragas, mandei rezar para o desgraçado devolvê-las, fiz tudo o que minha pobre imaginação mandava.
Hoje à tarde voltando de uma reunião espírita, o tema – São Francisco e suas obras de caridade e amor para com os bandidos que viviam assaltando os caminhos que levava a seu mosteiro – casa de caridade.
Lembrei-me da angustia que teve Augustos do Anjos, quando condenavam sua ama de leite. E, aí pensei, quem sabe se não fiz pior do que dos Anjos com a pobre Guilhermina???

RICORDANZA DELLA MIA GIOVENTÚ
A minha ama de leite Guilhermina
Furtava as moedas que o doutor me dava.
Sinhá-Mocinha, minha Mãe, ralhava...
Via naquilo a minha própria ruína!

Minha ama, então, hipócrita, afetava
Suscetibilidades de menina:
"- Não, não fora ela! -" E maldizia a sua sina,
Que ela absolutamente não furtava.

Vejo, entretanto, agora em minha cama,
Que a mim somente cabe o furto feito...
Tu só furtaste a moeda, o oiro que brilha...

Furtaste a moeda só, mas eu, minha ama,
Eu furtei mais, porque furtei o peito
Que dava leite para a tua filha!




segunda-feira, 24 de dezembro de 2018








Senhor, Nesta Noite Santa, depositamos diante de Tua manjedoura todos os sonhos, todas as lágrimas e esperanças contidos em nossos corações. Pedimos por aqueles que choram sem ter quem lhes enxugue uma lágrima. Por aqueles que gemem sem ter quem escute seu clamor.
Suplicamos por aqueles que Te buscam sem saber ao certo onde Te encontrar. Para tantos que gritam paz, quando nada mais podem gritar. Abençoa, Jesus-Menino, cada pessoa do planeta Terra, colocando em seu coração um pouco da luz eterna que vieste acender na noite escura de nossa fé.
Fica conosco, Senhor! Assim seja! Feliz Natal!

São dos votos de Grijalva e família

sábado, 8 de setembro de 2018

Raios, Ondas, Médiuns, Mentes...


Raios, Ondas, Médiuns, Mentes...
A Ciência do século 20, estudando a constituição da matéria, caminha de surpresa a surpresa, renovando aspectos de sua conceituação milenar. Não obstante a teoria de Leucipo, o mentor de Demócrito, o qual, quase cinco séculos antes do Cristo, considerava todas as coisas formadas de partículas infinitesimais (átomos), em constante movimentação, a cultura clássica prosseguiu detida nos quatro princípios de Aristóteles, a água, a terra, o ar e o fogo, ou nos três elementos hipostáticos dos antigos alquimistas, o enxofre, o sal e o mercúrio, para explicar as múltiplas combinações no campo da forma. No Século XIX, Dalton concebe cientificamente a teoria corpuscular da matéria, e um maravilhoso período de investigações se inicia, através de inteligências respeitabilíssimas, renovando ideias e concepções em volta da chamada ―partícula indivisível‖. Extraordinárias descobertas descortinam novos e grandiosos horizontes aos conhecimentos humanos. Crookes surpreende o estado radiante da matéria e estuda os raios catódicos. Röntgen observa que radiações invisíveis atravessam o tubo de Crookes envolvido por uma caixa de papelão preto, e conclui pela existência dos raios X. Henri Becquerel, seduzido pelo assunto, experimenta o urânio, à procura de radiações do mesmo teor, e encontra motivos para novas indagações. O casal Curte, intrigado com o enigma, analisa toneladas de pechblenda e detém o rádio. Velhas afirmações científicas tremem nas bases. Rutherford, à frente de larga turma de pioneiros, inicia preciosos estudos, em torno da radioatividade. O átomo sofre irresistível perseguição na fortaleza a que se acolhe e confia ao homem a solução de numerosos segredos. E, desde o último quartel do século passado, a Terra se converteu num reino de ondas e raios, correntes e vibrações. A eletricidade e o magnetismo, o movimento e a atração palpitam em tudo. O estudo dos raios cósmicos evidencia as fantásticas energias espalhadas no Universo, provendo os físicos de poderosíssimo instrumento para a investigação dos fenômenos atômicos e subatômicos. Bohrs, Planck, Einstein erigem novas e grandiosas concepções. O veículo carnal agora não é mais que um turbilhão eletrônico, regido pela consciência. Cada corpo tangível é um feixe de energia concentrada. A matéria é transformada em energia, e esta desaparece para dar lugar à matéria. Químicos e físicos, geômetras e matemáticos, erguidos à condição de investigadores da verdade, são hoje, sem o desejarem, sacerdotes do Espírito, porque, como consequência de seus porfiados estudos, o materialismo e o ateísmo 8 – Francisco Cândido Xavier (André Luiz) serão compelidos a desaparecer, por falta de matéria, a base que lhes assegurava as especulações negativistas. Os laboratórios são templos em que a inteligência é concitada ao serviço de Deus, e, ainda mesmo quando a cerebração se perverte, transitoriamente subornada pela hegemonia política, geradora de guerras, o progresso da Ciência, como conquista divina, permanece na exaltação do bem, rumo a glorioso porvir. O futuro pertence ao Espírito! E, meditando no amanhã da coletividade terrestre, André Luis organizou estas ligeiras páginas, em torno da mediunidade, compreendendo a importância, cada vez maior, do intercâmbio espiritual entre as criaturas. Quanto mais avança na ascensão evolutiva, mais seguramente percebe o homem a inexistência da morte como cessação da vida. E agora, mais que nunca, reconhece-se na posição de uma consciência retida entre forças e fluidos, provisoriamente aglutinados para fins educativos. Compreende, pouco a pouco, que o túmulo é porta à renovação, como o berço é acesso à experiência, e observa que o seu estágio no Planeta é uma viagem com destino às estações do Progresso Maior. E, na grande romagem, todos somos instrumentos das forças com as quais estamos em sintonia. Todos somos médiuns, dentro do campo mental que nos é próprio, associando-nos às energias edificantes, se o nosso pensamento flui na direção da vida superior, ou às forças perturbadoras e deprimentes, se ainda nos escravizamos às sombras da vida primitivista ou torturada. Cada criatura com os sentimentos que lhe caracterizam a vida íntima emite raios específicos e vive na onda espiritual com que se Identifica. Semelhantes verdades não permanecerão semi-ocultas em nossos santuários de fé. Irradiar-se-ão dos templos da Ciência como equações matemáticas. E enquanto variados aprendizes focalizam a mediunidade, estudando-a da Terra para o Céu, nosso amigo procura analisar-lhe a posição e os valores, do Céu para a Terra, colaborando na construção dos tempos novos. Todavia, o que destacamos por mais alto em suas páginas é a necessidade do Cristo no coração e na consciência, para que não estejamos desorientados ao toque dos fenômenos. Sem noção de responsabilidade, sem devoção à prática do bem, sem amor ao estudo e sem esforço perseverante em nosso próprio burilamento moral, é impraticável a peregrinação libertadora para os Cimos da Vida. André Luis é bastante claro para que nos alonguemos em qualquer consideração. Cada médium com a sua mente. Cada mente com os seus raios, personalizando observações e interpretações. E, conforme os raios que arremessamos, erguer-se-nos-á o domicilio espiritual na onda de pensamentos a que nossas almas se afeiçoam. Isso, em boa síntese, equivale ainda a repetir com Jesus: — A cada qual segundo suas obras.
Emmanuel Pedro Leopoldo, 3 de outubro de 1954.

domingo, 25 de março de 2018

GEAPE



GRUPO DE ESTUDO - AVENTURA - PESQUISA.
Fundado em 02 de fevereiro de 2015

Coordenador
Grijalva Maracajá Henriques

Campina Grande – Paraíba
083 33223099 – ZAP 991401855 – 999437319 - 998382100
Convidamos todos os historiadores, pesquisadores, estudiosos, aventureiros e simpatizantes para conhecimento Universal, para abrilhantar este grupo. Primeiras ideias de visitação e estudos dos seguintes locais conforme programação abaixo. Recebemos de bom grado inscrições e sugestões para enriquecer nosso grupo.

Programação para visitação em 2017/18

Fevereiro/2018 Realizado           - Serra da Capivara/Piauí
Sem data                                            - Princesa Isabel/Paraíba
Sem data                                            - Paulo Afonso/Canudos/ Bahia
Sem data                                            - Pedra de Itacoatiara- Ingá/Paraíba
Agosto/2017 Realizado                                - Pedra do Reino - São Jose do Belmonte/Pernambuco
Sem data                                            - Xingó - Piranhas/Alagoas e Canindé do São Francisco/Sergipe
Sem Data                                           - Lenções Maranhenses/ Maranhão
Sem Data                                           - Chapada dos Veadeiros/ Goiás
Sem Data                                           - Vale dos dinossauros/Sousa/PB
Sem data                                            - Lajedo do Pai Mateus/Cabaceiras/PB
Sem data                                            - Parque Estadual da Pedra da Boca/Araruna/PB

Viajamos de carro, moto e a cavalo.
 Participantes
Gérsio Fabiano – Serra Branca/PB
Juarez Rodrigues do Nascimento - Campina Grande/PB
Inácio Gonçalves – Esperança/PB
Leonardo Alves – Campina Grande/PB
José Maximino Pinto Barbosa - Campina Grande/PB



terça-feira, 26 de dezembro de 2017





AS LICHIAS DO DR. JOÃO

Franco Neves
21 de dezembro às 22:39



São tantas coisas incríveis que partiram de tua sabedoria e dedicação, que o que se pode fazer hoje é te agradecer e tecer palavras de gratidão e amor por sua luz em nossas vidas.
O que vemos nas fotografias à cima é mais uma comprovação desse impressionante dom de fertilizar e fazer ser útil tudo em que tocas.
O fruto que é destaque na imagem e nos abrilhanta com sua exoticidade, é uma espécie de frutífera da família das "Sapindaceae", mais conhecida como Lichia.
Dentre centenas de espécies plantadas em nossa granjinha, que se perde na contagem a variedades que já se plantou, cresceu, frutificou, colheu, doou, essa foi a mais exótica e difícil de produzir. Era uma mão abençoada. Não bastava mais ser o agrônomo renomado e humildade que foi. Quando se descobria algo de suas façanhas, já eram por recortes de revistas, nas homenagens guardadas (sem muita ostentação do agraciado), ou por ex-alunos, ex-funcionários e pesquisadores que buscavam em suas obras, luz para outros projetos. Como o seu livro "O CAROÁ" , que hoje faz parte dos acervos de Harvard, momento no qual a universidade remeteu uma carta pedindo copia desta obra. Nunca ostentou a grandeza que o fez ser chamado de o “mago do arroz". Mago não pelo porte físico, mas sim pela magia que suas falanges causavam.
Hoje meu avô, temos a satisfação de provar do fruto da imagem. Fruto que não reproduz no nordeste. Fruto de regiões frias e que precisam de uma quantidade de características climáticas para florescer, reproduzir e frutificar. Pois é.... Mais uma vez sua magia deu certo. Após 20 anos do plantio estamos colhendo e saboreando mais uma de suas obras.
Minha mãe me contava que logo quando plantada a muda, o senhor já com mais de 85 anos, falara que: - Eu não irei provar, mas meus netos irão!!! O que mostra o quão grande é o senhor. Não aprendia, não trabalhava, não plantava pra si... Plantava para os que viessem à frente. Era tudo pelo amor à agricultura e para que sua família aproveitasse os frutos de tanto trabalho.

Finalizando, falo sobre a maior ação de tuas mãos, que foi tocar nas mãos de Da. Nícia e cultivar um amor de 75 anos, que até hoje produzem frutos. Frutos plantados pelo senhor!!

quinta-feira, 2 de março de 2017

ASSIS CHATEAUBRIAND BANDEIRA DE MELO





Assis Chateaubriand

Nome completo Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello
Nascimento    4 de outubro de 1892
Umbuzeiro, Paraíba Brasil.
Morte  4 de abril de 1968 (75 anos)
São Paulo, São Paulo Brasil.
Nacionalidade            brasileiro
Ocupação       Empresário, jornalista, mecenas, político, advogado, professor universitário e escritor.
Prêmios          Prêmio Maria Moors Cabot (1945)
Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello, mais conhecido como Assis Chateaubriand ou Chatô, (Umbuzeiro, 4 de outubro de 1892 — São Paulo, 4 de abril de 1968) foi um jornalista, empresário, mecenas e político destacando-se como um dos homens públicos mais influentes do Brasil nas décadas de 1940 e 1960. Foi também advogado, professor de direito, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras Chateaubriand foi um magnata das comunicações no Brasil entre o final dos anos 1930 e início dos anos 1960, dono dos Diários Associados, que foi o maior conglomerado de mídia da América Latina, que em seu auge contou com mais de cem jornais, emissoras de rádio e TV, revistas e agência telegráfica.  Também é conhecido como o cocriador e fundador, em 1947, do Museu de Arte de São Paulo (MASP), junto com Pietro Maria Bardi, e ainda como o responsável pela chegada da televisão ao Brasil, inaugurando em 1950 a primeira emissora de TV do país, a TV Tupi. Foi Senador da República entre 1952 e 1957. Figura polêmica e controversa, odiado e temido, Chateaubriand já foi chamado de Cidadão Kane brasileiro, e acusado de falta de ética por supostamente chantagear empresas que não anunciavam em seus veículos e por insultar empresários com mentiras, como o industrial Francisco Matarazzo Jr. Seu império teria sido construído com base em interesses e compromissos políticos, incluindo uma proximidade tumultuada porém rentosa com o Presidente Getúlio Vargas.
Filho de Francisco José Bandeira de Melo e de Maria Carmem Guedes Gondim foi batizado Francisco de Assis por ter nascido no dia dedicado ao santo, a quem a mãe era devota. O nome "Chateaubriand" tem origem na admiração do pai pelo poeta e pensador francês François-René de Chateaubriand, a ponto de comprar uma escola em meados do século XIX, na região de São João do Cariri/PB, dando-lhe o nome do pensador francês. Logo, Francisco José passou a ser conhecido na região como "seu José do Chateaubriand", que, por corruptela, derivou para "José Chateaubriand". O nome ficou tão vinculado a Francisco José que ele batizou seus filhos com o sobrenome francês.
Chateaubriand casou-se uma vez apenas, com Maria Henriqueta Barroso do Amaral, filha do juiz Zózimo Barroso do Amaral. Teve três filhos: Fernando, Gilberto e Teresa. Em 1934 desquitou-se e uniu-se a uma jovem de nome Corita, com quem teve uma filha, Teresa, que decidida a deixar Chatô, levou a filha com ela. Chatô consegue sequestrar a própria filha, assumindo a paternidade e, com o apoio de Getúlio Vargas, obtém o pátrio poder.
As relações de Chatô, especialmente com os filhos, são conturbadas e repletas de grandes conflitos e separações radicais.
Nascido na Paraíba, formado pela Faculdade de Direito do Recife. A estreia no jornalismo aconteceu aos quinze anos, na Gazeta do Norte, escrevendo para o Jornal Pequeno e para o veterano Diário de Pernambuco. Neste, enfrentou uma situação inusitada: teve que dormir na redação do jornal, chegando a pegar em armas, para se defender da multidão que se empoleirava à frente do jornal em protesto contra a vitória do candidato Francisco de Assis Rosa e Silva (proprietário do jornal). Em 1917, já no Rio de Janeiro, colaborou para o Correio da Manhã, em cujas páginas publicaria impressões da viagem à Europa que realizou em 1920.
Em 1924, assumiu a direção d'O Jornal – denominado "órgão líder dos Diários Associados" – e, no mesmo ano, consegue comprá-lo graças a recursos financeiros fornecidos por alguns "barões do café" liderados por Carlos Leôncio de Magalhães (Nhonhô Magalhães), e por Percival Farquhar, de quem Chateaubriand, alegadamente, teria recebido como honorários advocatícios. Substituiu artigos monótonos por reportagens instigantes e deu certo. A partir de então, começou a constituir um império jornalístico, ao qual foi agregando importantes jornais, como o Diário de Pernambuco, o jornal diário mais antigo da América Latina, e o Jornal do Commercio, o mais antigo do Rio de Janeiro. No ano seguinte, Chatô arrebatou o Diário da Noite, de São Paulo. À altura, já possuía os jornais líderes de mercado das principais capitais brasileiras.
A ascensão do império jornalístico de Assis Chateaubriand deve ser entendida no quadro das transformações políticas do Brasil durante as décadas de 1920 e 1930, quando o consenso político oligárquico e fechado da República Velha, centrado em torno da elite agrária de São Paulo, começou a ser contestado por elites burguesas emergentes da periferia do país; não é uma coincidência que Chateaubriand tenha apoiado o movimento revolucionário de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder, assim como, durante toda sua vida, tenha fanfarroneado a condição de provinciano que chegou ao centro do poder como uma espécie de bucaneiro político. A ética quase nunca constava da estratégia empresarial: chantageava as empresas que não anunciassem em seus veículos, publicava poesias dos maiores anunciantes nos diários e mentia descaradamente para agredir os inimigos. Farto de ver o nome na lista de insultos, o industrial Francisco Matarazzo ameaçou "resolver a questão à moda napolitana: pé no peito e navalha na garganta". Chateaubriand devolveu: "Responderei com métodos paraibanos, usando a peixeira para cortar mais embaixo". Foi também inimigo declarado de Rui Barbosa e de Rubem Braga. Apesar disso, Chatô teve relação cordiais (e sempre movidas a interesses econômicos) com muitas pessoas influentes: Francisco Matarazzo, Rodrigues Alves, Alexander Mackenzie (presidente do poderoso truste canadense de utilidades públicas São Paulo Tramway, Light and Power Company), o empresário americano Percival Farquhar e Getúlio Vargas.
Durante o Estado Novo, consegue de Getúlio Vargas a promulgação de um decreto que lhe dá direito à guarda de uma filha, após a separação da mulher. Nesse episódio, profere uma frase célebre: "Se a lei é contra mim, vamos ter que mudar a lei". Em 1952, é eleito senador pela Paraíba e, em 1955, pelo Maranhão, em duas eleições escandalosamente fraudulentas.
Caracterizou-se, muito embora fosse um representante típico da burguesia nacional emergente da época, pelas posturas pró-capital estrangeiro e pró-imperialismo, primeiro o britânico, depois o americano: além de muito ligado aos interesses da City londrina (a escandalosa embaixada na Inglaterra, na década de 1950, foi a realização de um velho sonho pessoal), conta a anedota que ele teria uma vez dito que o Brasil, perante os EUA, estava na condição de uma "mulata sestrosa" que tinha de aceder às vontades dos seu gigolô. Era temido pelas campanhas jornalísticas que movia, como a em defesa do capital estrangeiro e contra a criação da Petrobrás.
Chateaubriand sempre buscou adquirir novas tecnologias para os Diários Associados. Foi assim com a máquina Multicolor, a mais moderna máquina rotativa da época, sendo o grupo de Chateaubriand o primeiro e único a possuir uma por longo tempo, na América Latina; foi assim também com os serviços fotográficos da Wide World Photo, que possibilitava a transmissão de fotos do exterior com uma rapidez muito maior do que possuía qualquer outro veículo nacional. O mesmo se deu com a publicidade: grandes contratos de exclusividade para lançamento de produtos com a General Electric e para o pó achocolatado Toddy, cujos anúncios estavam sempre nas paginas dos jornais e revistas. A orientação publicitária de Chateaubriand para seus veículos começou a funcionar tão bem que os jornais dos Diários Associados passaram a anunciar os mais diversos produtos e serviços, desde modess a cheques bancários, algo tido como inédito na década de 1930, no Brasil.
Publicou mais de 11870 artigos assinados nos jornais, dando oportunidades a escritores e artistas desconhecidos que depois virariam grandes nomes da literatura, do jornalismo e da pintura, como: Graça Aranha, Millôr Fernandes, Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Cândido Portinari e outros.
Presidiu, entre 1941 e 1943, a Federação Nacional da Imprensa (FENAI - FAIBRA).
Com o tempo, Chateaubriand foi dando menos importância aos jornais e focando em novas empreitadas, como o rádio e a televisão. Pioneiro na transmissão de televisão brasileira, cria a TV Tupi, em 1950. Na década de 1960, os jornais atolavam-se em dívidas e trocavam as grandes reportagens por matérias pagas. Dois dos veículos de comunicação lançados no início da década de 1960 por Assis Chateaubriand, o jornal Correio Braziliense e a TV Brasília, foram fundados em 21 de abril, no mesmo dia da fundação de Brasília.
Trabalha até o final da vida, mesmo depois de uma trombose ocorrida em 1960, que o deixa paralisado e capaz de comunicar-se apenas por balbucios e por uma máquina de escrever adaptada. Em 1968, morria Chateaubriand, velado ao lado de duas pinturas dos grandes mestres: um cardeal de Ticiano e um nu de Renoir, simbolizando, segundo o protegido Pietro Maria Bardi, organizador do acervo do MASP (casado com Lina arquiteta do edifício), as três coisas que mais amou na vida: O poder, a arte e a mulher pelada. Morreu também com o império se esfacelando e com o surgimento do reinado de Roberto Marinho.
Foi um dos homens mais influentes do Brasil nas décadas de 1940 e de 1950 em vários campos da sociedade brasileira. Assis Chateaubriand criou e dirigiu a maior cadeia de imprensa do país, os Diários Associados: 34 jornais, 36 emissoras de rádio, 18 estações de televisão, uma agência de notícias, uma revista semanal (O Cruzeiro), uma mensal (A Cigarra), várias revistas infantis (iniciada com a publicação da revista em quadrinhos O Guri em 1940), e a editora O Cruzeiro.
Deixou os Diários Associados para um grupo de vinte e dois funcionários, atualmente liderados por Álvaro Teixeira da Costa. O Condomínio Acionário das Emissoras e Diários Associados é, conjuntamente, o terceiro maior grupo de comunicações do país. Tendo como carro chefe cinco jornais em grandes cidades do Brasil, líderes em suas respectivas praças (dos quinze que ainda restam).
Em 1941, promoveu a Campanha nacional da aviação, com o lema "Deem asas ao Brasil", na qual foi criada a maioria dos atuais aeroclubes pelo interior do Brasil, juntamente com Joaquim Pedro Salgado Filho, então Ministro da Guerra do governo Vargas. Com o suicídio de Getúlio Vargas, assume a cadeira 37 da Academia Brasileira de Letras.
Funda o Museu de Arte de São Paulo (MASP) em 1947, com uma coleção particular de pinturas de grandes mestres europeus que ele adquiriu a preços de ocasião na Europa empobrecida do pós-Segunda Guerra Mundial (em aquisições por vezes financiadas à base de chantagem de empresários brasileiros), coleção esta que o presidente Juscelino Kubitschek havia tido o bom senso de, durante seu governo, colocar sob a gestão de uma fundação, em troca de auxílio governamental ao pagamento de parte da astronômica dívida do Condomínio Associado.
Em 10 de agosto de 1967, Assis Chateaubriand entregou ao reitor da Fundação Universidade Regional do Nordeste (hoje Universidade Estadual da Paraíba – UEPB), Edvaldo de Souza do Ó, o primeiro acervo do Museu Regional de Campina Grande, localizado em Campina Grande, Paraíba. O acervo foi chamado de "Coleção Assis Chateaubriand", com cento e vinte peças. A partir de então, o museu passou a ser chamado de "Museu de Artes Assis Chateaubriand".
Em fevereiro de 1960 Assis Chateaubriand foi acometido de uma trombose. Morreu em 4 de abril de 1968, em São Paulo, depois da pertinaz doença, a que ele resistiu por longos anos, continuando, mesmo paraplégico e impossibilitado de falar, a escrever seus artigos. Foi velado ao lado de duas pinturas dos grandes mestres: um cardeal de Ticiano e um nu de Renoir, simbolizando, segundo seu protegido, o arquiteto italiano e organizador do acervo do MASP Pietro Maria Bardi, as três coisas que mais amou na vida: O poder, a arte e a mulher pelada. Seu cortejo fúnebre reuniu mais de 60 mil pessoas pelas ruas de São Paulo.[21] Está sepultado no Cemitério do Araçá.
Assis Chateaubriand já foi retratado como personagem no cinema e na televisão, interpretado por Luiz Ramalho no filme "Chateaubriand, Cabeça de Paraíba” (2000) e por Antonio Calloni em trecho da minissérie "Um Só Coração" (2004).
Chatô, o Rei do Brasil.
Guilherme Fontes adquiriu os direitos de adaptação para o cinema do livro Chatô, o Rei do Brasil, de Fernando Morais. O projeto começou a ser produzido em 1995, foi interrompido em 1999. O filme Chatô, o Rei do Brasil, lançado em 2015, tem Marco Ricca no papel de Chateaubriand. Em 2006, Fontes foi condenado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) a devolver 15 milhões de reais pela não-entrega da série de 36 documentários 500 Anos de História do Brasil. O tribunal julgou irregulares as contas da Guilherme Fontes Filmes Ltda. Embora treze episódios tenham sido produzidos e até mesmo exibidos no canal a cabo GNT, a série, um subproduto do projeto Chatô, não havia sido concluída.
Chateaubriand – Cabeça de Paraíba
Marcos Manhães Marins escreveu, dirigiu e concluiu o filme Chateaubriand – Cabeça de Paraíba, em 2000, tendo sido selecionado para quinze festivais e mostras no Brasil e no exterior, sendo uma na Bélgica e outra na França. Foi exibido na TVE e na TV Cultura, na TV Senado, Canal Brasil, TV O Norte na Paraíba, entre outras.
Enredos de escola de samba. No carnaval de 1999, o Acadêmicos do Grande Rio homenageou com o enredo Ei, ei, ei, Chateau é o nosso rei! Obtendo o 6.º lugar entre as escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro. A Inocentes de Belford Roxo também homenageou com o enredo Chatô – a fanfarra do homem sério mais engraçado do Brasil, terminando em 2.º lugar entre as escolas de samba do Grupo de Acesso B, quase perto de subir para o Grupo de Acesso A.
Foi o quarto ocupante da cadeira 37, eleito em 30 de dezembro de 1954, na sucessão de Getúlio Vargas, recebido pelo acadêmico Aníbal Freire da Fonseca em 27 de agosto de 1955.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Todo paraibano e tem a obrigação de ler a vida de Assis, no livro CHATÔ O REI DO BRASIL de Fernando Morais.
G. M. Henriques