Dia desse me lembrei do Bar do Relógio,
lá da minha segunda “pátria”, Maceió. Que saudades!
Me lembrei porque li uma mensagem
sobre a mulher; quando o marido chegava em casa e como devia prestigiar a
querida esposa, depois de um dia e uma meia noite, no trabalho e na boemia.
Eu, Aldemaro Calheiros e
Alfredinho, como de costume, de vez enquanto, com exceção do sábado e do
domingo que era destinado aos fazeres compromissais das namoradas. Praias,
cinemas e visitas aos parentes das pretendida para ver se éramos aprovados.
Eu e
Alfredinho trabalhávamos, o Aldemaro, naquela época, falava sobre Cavalhadas,
das suas vitórias e ensinado os bons manejos. Porém ao término do sol poente e
fim do expediente cada qual tomava seu rumo. Eu assistia uma aula na Escola de
Comércio de Maceió e apressadamente descia para o bairro do Poço atrás de uma
morena bonita e bem feita, filha de um plantador e fornecedor de cana de
açúcar, metido a rico e Semianalfabeto Tinha até piano na grande sala da
frente. Foi aí que conheci o tal de Waldick Soriano que para deleite de todos
cantou e tocou no danado do piano, que eu pensava que era só para enfeitar.
Aldemaro
seguia atrás das suas paqueras. Alfredinho ficava por perto da Praça dos
Martírios onde tinha um caso com uma das diversas namoradas.
Onze horas!
Houvesse o que houvesse, os três periclitantes lisos e metidos a boêmios, largávamos
tudo e seguíamos para o bar do relógio.
Local definido
não sei por quem; ideal para o fim das noitadas dos notívagos e avulsos,
prófugos, estroinas, temulentos e muitos mais eteceteras. Não sei em qual me
enquadro.
A cachaça
cantava por todos os lados. Violão, poesias, filosofias descritas por
intelectuais já calibrados, dor de cotovelo. Era uma torre de babel da peste. Porém
todo mundo se entendia. Ninguém saia de tomar umas, mesmo sem dinheiro. Ainda
me lembro de um desses intelectuais que trazia o tira gosto de cenoura dentro
do bolso do paletó.
O bar do
relógio ficava na descida para a praia da Avenida, de lá se sentia o cheiro bom
das águas espumantes do oceano atlântico como também erámos obrigado a ouvir a
rádio Gazeta de Alagoas que por sinal era que determinava a hora do fechamento.
Nos dozes badalares, o locutor danava Édith Piaf cantando Mea Culpa. Escutávamos
empolgados e quando findava essa inesquecível música, o bicho do apresentador
dizia:
- Vamos
encerar nossa programação ao final dessa música, porém quando chegarem em casa
dê um beijo no cachorro e um chute na mulher.
Pronto estava encerrado a fase daquele saudoso
encontro. Então fazíamos as contas para ver se dava para comer alguma coisa com
mais sustança a caminho dos cabarés no velho Jaraguá. Era uma verdadeira festa
aquela rua. Cheia de gente, boates em todos recatos; nas calçadas vendedores de
tira-gosto, pipocas, e toda sorte de troço que a noite exigia; raparigas de
segunda classe, bêbados e o diabo a quatro. As luzes cintilavam como chama para
a orgia nas boates: Alhambra, Night and Day, Tabariz, São Jorge, as que me
lembro. Marcávamos presença conversamos miolo de pote e subíamos em direção ao
farol onde nos recolhíamos cansados, mas satisfeitos.
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