TRES DE MAIO
DIA DO SERTANEJO
O
dia do sertanejo é comemorado hoje, dia três de maio e o do nordestino dia 8 de
outubro. Quase que se confundem os predicados.
Sertanejo
tem em todo interior do Brasil. Significado: do Sertão, que habita o Sertão, rústico,
agreste, rude – Em cada região este sertanejo tem um nome diferente, ora se
enaltecendo e ora menosprezando como, por exemplo: caipira, matuto, jeca,
roceiro, casca-grossa, beiradeiro, brocoió, caboclo tabaréu e ai vai de mato adentro
mudando de nome e de valor.
Quando
se fala de Sertão. Fala-se, segundo o dicionário de Aurélio o seguinte: “Sertão
– Região agreste, distante das povoações ou das terras cultivadas, longe do litoral,
interior pouco povoado, zona pouco povoada do interior do Brasil, em especial
do interior semiárido da parte norte-ocidental, mais seca do que a catinga,
onde a criação de gado prevalece sobre a agricultura, e onde perduram tradições
e costumes antigos”.
É
deste sertanejo que quero comemorar este dia - e não como em muitos sites e
blogs os fazem com Cantores Sertanejos, que por sinal não os aprecio – Quero festejar
em nome deles e parabenizar o Euclides da Cunha, quando sabiamente dizia em seu
livro Os Sertões publicado 1902, p91 Ed.Abril Cultural 1979 São Paulo, que ele era: Ante de tudo um forte – Mas também
e antes do Euclides valho-me do jornalista Manuel Benicio, - onde também festejo,
- que fora contemporâneo e antes mesmo do livro os Sertões ser publicado, ele já
dizia do “sertanejo do Nordeste”, em seu livro O Rei dos Jagunços publicado em
1899, sobre a Guerra de Canudos, o seguinte; - onde acho que sua descrição
sobre este povo coroa maravilhosamente suas qualidades:
“Ninguém ainda conseguiu pintar e colorir bem
os costumes, a bravura, as artimanhas e o modo de guerrear destes bandidos
acoitados em Canudos.
Em
face do sistema de luta por eles adotado, a arte de guerra dos povos policiados
é uma convenção nula e até fatal. Eles têm toda a probabilidade de ferir 100
homens, antes que um deles seja atingido por projéteis daqueles. Munidos e
conhecedores atualmente do alcance das armas modernas, visão de longe e acampamento
ou grupo de soldados embolados, perdendo raras vezes o alvo. E mais,
escopeteiam com perícia de caçador traquejado, dormindo na pontaria o olho
esquerdo, enquanto o direito, como os das aves de rapina, alcança ao longe.
Criados nestes sertões estéreis, a talo de macambira, miolo de coroa-de- frade,
a batata-de-umbu, frutas de catinga, mel, e nos tempos de seca a beber água das
tabocas, taquaras, bambus e gravatás, tornam-se monteses como os maracajás,
ágeis, lépidos e velozes como tejus.
Conhecem
todas as bibocas, todas as veredas das caças e das criações, os altos, as
planícies, as moitas, os descampados, os antros e as cristas penhascosas das
serranias, onde os bodes fazem ginástica e os urubutingas aninham os filhotes brancos.
Pelo
nascer do sol, que é a sua bússola, metem-se por dentro das catingas e
carrasqueiros com o intuito de dormir a 12 léguas e mais adiante. E o sol, ao
se pôr, os vê chegar ao objetivo. Têm o faro dos tatus, a vista das acauãs e o
ouvido sempre alerta, semelhante aos dos habitantes primitivos dos sertões
florestais. Ameaçados de todos os perigos, já não os tremem e encaram a morte
com o frio absoluto da indiferença. Vivendo em tal meio, adaptam-se a passar
sem comer dias inteiros e por isto todos têm a secura corporal das múmias e a insensibilidade
de pele de anta.
Os
tipos de jagunços, em geral negros e mestiços fulos, são, devido a à existência
de privações e constantes riscos por que passam, como que mumificados, dando a
lembrar a figura esquálida de um feiticeiros selvagem ou de um iogue bramânico.
Conhecem
pelo rastro se foi uma vaca ou um boi que veio beber na curva do rio;
distinguem as pegadas dos parentes e amigos e outras, dias depois, se o tempo
não apaga-las do solo”.
“...
Eis aí como um homem rude, ignorante, pelo traquejo da existência quase
selvagem que leva nestes sertões, tira de um fato fútil e insignificante, que
passaria despercebido a qualquer outro, uma sucessão de deduções fiéis,
transportando o fato a uma realidade que a lógica do civilizado nunca alcançaria”.
Extraído do livro O
Rei dos Jagunços. P230. Ed. Do Senado Federal. Brasília 2013.
Transcrevo
abaixo mais um texto, descrevendo os sertanejos do Nordeste, que achei conveniente,
vindo de uma pessoa nascida fora da nossa região:
O nordestino é, antes de tudo, um forte.
No
livro "Os Sertões", Euclides da Cunha disse que "O sertanejo é,
antes de tudo, um forte". A mesma frase ainda se repete sempre que o
assunto abordado é o Nordeste e seu povo. Por esta razão, sempre que se resolve
exaltar o Nordeste e sua gente, usamos a famosa frase de Euclides da Cunha da
seguinte maneira: "O nordestino, é antes de tudo, um forte". Não
importa se a palavra que destaca a frase é "sertanejo" ou
"nordestino", ambas no seu contexto exaltam a força e a bravura desse
povo, seja ele do sertão ou não. Mesmo não sendo nordestino, sou um profundo
admirador desse glorioso povo. Morei por razões profissionais por quatro anos
no nordeste. Nesse período em que vivi na Bahia, aprendi que o nordestino tem
um encanto especial. Ele consegue transformar a dor em esperança, a tristeza em
fé e a fome em força. É da força desse povo que enxergamos a pujança das
grandes cidades. É do calo de suas mãos que o progresso ganha contorno e
presença nelas. Por mais que a distância faça aumentar a saudade de seus
familiares em suas terras natais, nunca deixa de sorrir e acreditar num futuro
melhor. Que os amigos de outras regiões do Brasil ao lerem essa publicação não
se sintam menosprezados, por favor. O Brasil no seu todo tem a mesma
importância. Apenas faço essa justa homenagem ao bravo, sofrido, porém, feliz
povo nordestino, por entender que essa é uma boa forma de demonstrar todo o meu
carinho por eles. Nada mais que isso.
por Paulo Cesar PC
às 00:56
GM. HENRIQUES - Historiador Positivista e da Direita.
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