sábado, 3 de maio de 2014

SERTANEJO


TRES DE MAIO

 DIA DO SERTANEJO

O dia do sertanejo é comemorado hoje, dia três de maio e o do nordestino dia 8 de outubro. Quase que se confundem os predicados.

Sertanejo tem em todo interior do Brasil. Significado: do Sertão, que habita o Sertão, rústico, agreste, rude – Em cada região este sertanejo tem um nome diferente, ora se enaltecendo e ora menosprezando como, por exemplo: caipira, matuto, jeca, roceiro, casca-grossa, beiradeiro, brocoió, caboclo tabaréu e ai vai de mato adentro mudando de nome e de valor.

Quando se fala de Sertão. Fala-se, segundo o dicionário de Aurélio o seguinte: “Sertão – Região agreste, distante das povoações ou das terras cultivadas, longe do litoral, interior pouco povoado, zona pouco povoada do interior do Brasil, em especial do interior semiárido da parte norte-ocidental, mais seca do que a catinga, onde a criação de gado prevalece sobre a agricultura, e onde perduram tradições e costumes antigos”.

É deste sertanejo que quero comemorar este dia - e não como em muitos sites e blogs os fazem com Cantores Sertanejos, que por sinal não os aprecio – Quero festejar em nome deles e parabenizar o Euclides da Cunha, quando sabiamente dizia em seu livro Os Sertões publicado 1902, p91 Ed.Abril Cultural 1979 São Paulo, que ele era: Ante de tudo um forte  – Mas também e antes do Euclides valho-me do jornalista Manuel Benicio, - onde também festejo, - que fora contemporâneo e antes mesmo do livro os Sertões ser publicado, ele já dizia do “sertanejo do Nordeste”, em seu livro O Rei dos Jagunços publicado em 1899, sobre a Guerra de Canudos, o seguinte; - onde acho que sua descrição sobre este povo coroa maravilhosamente suas qualidades:

 “Ninguém ainda conseguiu pintar e colorir bem os costumes, a bravura, as artimanhas e o modo de guerrear destes bandidos acoitados em Canudos.

Em face do sistema de luta por eles adotado, a arte de guerra dos povos policiados é uma convenção nula e até fatal. Eles têm toda a probabilidade de ferir 100 homens, antes que um deles seja atingido por projéteis daqueles. Munidos e conhecedores atualmente do alcance das armas modernas, visão de longe e acampamento ou grupo de soldados embolados, perdendo raras vezes o alvo. E mais, escopeteiam com perícia de caçador traquejado, dormindo na pontaria o olho esquerdo, enquanto o direito, como os das aves de rapina, alcança ao longe. Criados nestes sertões estéreis, a talo de macambira, miolo de coroa-de- frade, a batata-de-umbu, frutas de catinga, mel, e nos tempos de seca a beber água das tabocas, taquaras, bambus e gravatás, tornam-se monteses como os maracajás, ágeis, lépidos e velozes como tejus.

Conhecem todas as bibocas, todas as veredas das caças e das criações, os altos, as planícies, as moitas, os descampados, os antros e as cristas penhascosas das serranias, onde os bodes fazem ginástica e os urubutingas aninham os filhotes brancos.

Pelo nascer do sol, que é a sua bússola, metem-se por dentro das catingas e carrasqueiros com o intuito de dormir a 12 léguas e mais adiante. E o sol, ao se pôr, os vê chegar ao objetivo. Têm o faro dos tatus, a vista das acauãs e o ouvido sempre alerta, semelhante aos dos habitantes primitivos dos sertões florestais. Ameaçados de todos os perigos, já não os tremem e encaram a morte com o frio absoluto da indiferença. Vivendo em tal meio, adaptam-se a passar sem comer dias inteiros e por isto todos têm a secura corporal das múmias e a insensibilidade de pele de anta.

Os tipos de jagunços, em geral negros e mestiços fulos, são, devido a à existência de privações e constantes riscos por que passam, como que mumificados, dando a lembrar a figura esquálida de um feiticeiros selvagem ou de um iogue bramânico.

Conhecem pelo rastro se foi uma vaca ou um boi que veio beber na curva do rio; distinguem as pegadas dos parentes e amigos e outras, dias depois, se o tempo não apaga-las do solo”.

“... Eis aí como um homem rude, ignorante, pelo traquejo da existência quase selvagem que leva nestes sertões, tira de um fato fútil e insignificante, que passaria despercebido a qualquer outro, uma sucessão de deduções fiéis, transportando o fato a uma realidade que a lógica do civilizado nunca alcançaria”.

 

Extraído do livro O Rei dos Jagunços. P230. Ed. Do Senado Federal. Brasília 2013.

 

Transcrevo abaixo mais um texto, descrevendo os sertanejos do Nordeste, que achei conveniente, vindo de uma pessoa nascida fora da nossa região:

 

 

O nordestino é, antes de tudo, um forte.

 

No livro "Os Sertões", Euclides da Cunha disse que "O sertanejo é, antes de tudo, um forte". A mesma frase ainda se repete sempre que o assunto abordado é o Nordeste e seu povo. Por esta razão, sempre que se resolve exaltar o Nordeste e sua gente, usamos a famosa frase de Euclides da Cunha da seguinte maneira: "O nordestino, é antes de tudo, um forte". Não importa se a palavra que destaca a frase é "sertanejo" ou "nordestino", ambas no seu contexto exaltam a força e a bravura desse povo, seja ele do sertão ou não. Mesmo não sendo nordestino, sou um profundo admirador desse glorioso povo. Morei por razões profissionais por quatro anos no nordeste. Nesse período em que vivi na Bahia, aprendi que o nordestino tem um encanto especial. Ele consegue transformar a dor em esperança, a tristeza em fé e a fome em força. É da força desse povo que enxergamos a pujança das grandes cidades. É do calo de suas mãos que o progresso ganha contorno e presença nelas. Por mais que a distância faça aumentar a saudade de seus familiares em suas terras natais, nunca deixa de sorrir e acreditar num futuro melhor. Que os amigos de outras regiões do Brasil ao lerem essa publicação não se sintam menosprezados, por favor. O Brasil no seu todo tem a mesma importância. Apenas faço essa justa homenagem ao bravo, sofrido, porém, feliz povo nordestino, por entender que essa é uma boa forma de demonstrar todo o meu carinho por eles. Nada mais que isso.

por Paulo Cesar PC às 00:56 

 

 
GM. HENRIQUES - Historiador Positivista e da Direita.

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