segunda-feira, 28 de janeiro de 2013





NO CEARÁ TEM DISSO SIM!

Grijalva Maracajá Henriques*

Vejam que perola de missiva para um pedido de empréstimo ou doação de um dicionário.
As pessoas citadas são verdadeiras. O solicitante o Sr. Antonio Ramos de Oliveira fora professor Municipal na cidade de jardim e nascido em Jati CE.
E o Sr. Antonio Franco Neves (Totonho) era irmão do meu sogro, José Franco Neves morador da cidade de jardim – Ceará.
O bilhete original foi extraviado, porém decorado e recitado por meu cunhado Teodomiro Sampaio Neves Sobrinho do solicitado, para empréstimo do dificultoso “Pai dos Burros”.




Ilmo.  Senhor ilustre Antônio Neves é um tédio manifesto que faço essa majestosa benevolência desejando boa saúde a sua mercê com a mais excelentíssima família.
Envio-lhe essas missivas linhas coordenando sem fatos emergentes com a lecionação de aula vocálica no termo do pequeno contingente e etc. E se possível confessar-me ao ilustre de alto senhoril pois se têm-se-me-nos para ministrar-me-o é que pretendemo-nos pois magnificências.
É um desejo falar-lhe sobre a vossa passagem para a fazenda Baixa Grande, mas não vi vossa passagem ao refém do tratado que ia falar-lhe. Peço me franquear por meio de pagamento ou queira deter-me um dicionário, ainda que seja pequeno muito bem poderá consinenciar-me  com seu valor categórico.
Descorne-me-o seu servo e criado
 Antônio Ramos de Oliveira

“Achar que o mundo não tem um criador é o mesmo que afirmar que um dicionário é o resultado de uma explosão numa tipografia.”
Benjamim Franklin

*O autor é historiador e pesquisador.


quarta-feira, 23 de janeiro de 2013






O Brasil nunca pertenceu aos índios

Sandra Cavalcanti

Quem quiser se escandalizar, que se escandalize. Quero proclamar, do fundo da alma, que sinto muito orgulho de ser brasileira. Não posso aceitar a tese de que nada tenho a comemorar nestes quinhentos anos. Não agüento mais a impostura dessas suspeitíssimas ONGs estrangeiras, dessa ala atrasada da CNBB e dessas derrotadas lideranças nacional-socialistas que estão fazendo surgir no Brasil um inédito sentimento de preconceito racial.

Para começo de conversa, o mundo, naquela manhã de 22 de abril de 1500, era completamente outro. Quando a poderosa esquadra do almirante português ancorou naquele imenso território, encontrou silvícolas em plena idade da pedra lascada. Nenhum deles tinha noção de nação ou país. Não existia o Brasil.

Os atuais compêndios de história do Brasil informam, sem muita base, que a população indígena andava por volta de cinco milhões. No correr dos anos seguintes, segundo os documentos que foram conservados, foram identificadas mais de duzentos e cinqüenta tribos diferentes. Falando mais de 190 línguas diferentes. Não eram dialetos de uma mesma língua. Eram idiomas próprios, que impediam as tribos de se entenderem entre si. Portanto, Cabral não conquistou um país. Cabral não invadiu uma nação. Cabral apenas descobriu um pedaço novo do planeta Terra e, em nome do rei, dele tomou posse.

O vocabulário dos atuais compêndios não usa a palavra tribo. Eles adotam a denominação implantada por dezenas de ONGs que se espalham pela Amazônia, sustentadas misteriosamente por países europeus. Só se fala em nações indígenas.

Existe uma intenção solerte e venenosa por trás disso. Segundo alguns integrantes dessas ONGs, ligados à ONU, essas nações deveriam ter assento nas assembléias mundiais, de forma independente. Dá para entender, não? É o olho na nossa Amazônia. Se o Brasil aceitar a idéia de que, dentro dele, existem outras nações, lá se foi a nossa unidade.

Nos debates da Constituinte de 88, eles bem que tentaram, de forma ardilosa, fazer a troca das palavras. Mas ninguém estava dormindo de touca e a Carta Magna ficou com a palavra tribo. Nação, só a brasileira.

De repente, os festejos dos 500 anos do Descobrimento viraram um pedido de desculpas aos índios. Viraram um ato de guerra. Viraram a invasão de um país. Viraram a conquista de uma nação. Viraram a perda de uma grande civilização.

De repente, somos todos levados a ficar constrangidos. Coitadinhos dos índios! Que maldade! Que absurdo, esse negócio de sair pelos mares, descobrindo novas terras e novas gentes. Pela visão da CNBB, da CUT, do MST, dos nacional-socialistas e das ONGs européias, naquela tarde radiosa de abril teve início uma verdadeira catástrofe.

Um grupo de brancos teve a audácia de atravessar os mares e se instalar por aqui.
Teve e audácia de acreditar que irradiava a fé cristã. Teve a audácia de querer ensinar a plantar e a colher. Teve a audácia de ensinar que não se deve fazer churrasco dos seus semelhantes.
Teve a audácia de garantir a vida de aleijados e idosos.
Teve a audácia de ensinar a cantar e a escrever.
Teve a audácia de pregar a paz e a bondade.
Teve a audácia de evangelizar.

Mais tarde, vieram os negros. Depois, levas e levas de europeus e orientais. Graças a eles somos hoje uma nação grande, livre, alegre, aberta para o mundo, paraíso da mestiçagem. Ninguém, em nosso país pode sofrer discriminação por motivo de raça ou credo.

Portanto, vamos parar com essa paranóia de discriminar em favor dos índios. Para o Brasil, o índio é tão brasileiro quanto o negro, o mulato, o branco e o amarelo. Nas nossas veias correm todos esses sangues. Não somos uma nação indígena. Somos a nação brasileira.

Não sinto qualquer obrigação de pedir desculpas aos índios, nas festas do Descobrimento. Muitos índios hoje andam de avião, usam óculos, são donos de sesmarias, possuem estações de rádio e TV e até COBRAM pedágio para estradas que passam em suas magníficas reservas. De bigode e celular na mão, eles negociam madeira no exterior. Esses índios são cidadãos brasileiros, nem melhores nem piores. Uns são pobres. Outros são ricos. Todos têm, como nós, os mesmos direitos e deveres. Se começarem a querer ter mais direitos do que deveres, isso tem que acabar.



terça-feira, 15 de janeiro de 2013


AS BELEZAS DO ENEM 2011


"O Brasil não teve mulheres presidentes mas várias primeiras-damas foram do sexo feminino".


(Ou seja: alguns ex-presidentes casaram-se com travestis.)


"Vasilhas de luz refratória podem ser levadas ao forno de microondas sem queimar".


(Alguém poderia traduzir?!)


"O bem star dos abtantes da nossa cidade muito endepende do governo federal capixaba".


(Vende-se máquina de escrever faltando algumas letras.)


"Animais vegetarianos comem animais não-vegetarianos".


(Esse aí deve comer capim.)


"Não cei se o presidente está melhorando as insdiferenças sociais ou promovendo o sarneamento dos pobres. Me pré-ocupa o avanço regresssivo da violência urbana".


("Sarneamento” deve ser o conjunto de medidas adotadas por Sarney no Maranhão. Quer dizer, eu “axo”, mas não me “pré-ocupo” muito.)


"Fidel Castro liderou a revolução industrial de 1917, que criou o comunismo na Russia".


(Não, besta, foi o avô dele.)


"O Convento da Penha foi construído no céculo 16 mas só no céculo 17 foi levado definitivamente para o alto do morro".


(Demorou o "céculo" inteiro pra fazer a mudança.)


"A História se divide em 4: Antiga, Média, Momentânea e Futura, a mais estudada hoje".


(Esqueceu a História em Quadrinhos.)


"Os índios sacrificavam os filhos que nasciam mortos matando todos assim que nasciam".


(Mas e se os índios não matassem os mortos????)


"Bigamia era uma espécie de carroça dos gladiadores, puchada por dois cavalos".


(Ou era uma "biga" macho que tinha duas "bigas" fêmeas, puxada por um burro?!)


"No começo Vila Velha era muito atrazada mas com o tempo foi se sifilizando".


(Deve ter sido no tempo em que lá chegaram as primeiras prostitutas.)


"Os pagãos não gostavam quando Deus pregava suas dotrinas e tiveram a idéia de eliminá-lo da face do céu".


(Como será que eles pretendiam fazer isso?!)


"A capital da Argentina é Buenos Dias".


(De dia. À noite chama-se Buenas Noches.)


"A prinssipal função da raiz é se enterrar no chão".(


E a "prinssipal" função do autor deveria ser a mesma. E ainda vivo...)


"As aves tem na boca um dente chamado bico".


(Cruz credo.)


"A Previdência Social assegura o direito a enfermidade coletiva".


(hehe. Esse é espirituoso...)


"Respiração anaeróbica é a respiração sem ar, que não deve passar de 3 minutos".


(Senão a anta morre.)



“Ateísmo é uma religião anônima praticada escondido. Na época de Nero, os romanos ateus reuniam-se para rezar nas catatumbas cristãs".

(E alguns ainda vivem nas "catatumbas".)


"Os egipícios dezenvolveram a arte das múmias para os mortos poderem viver mais".


(Precisa "dezenvolver" o cérebro. Será que egipício é para rimar com estrupício?)


"O nervo ótico transmite idéias luminosas para o cérebro".


(Esse aí não deve ter o tal nervo, ou seu cérebro não seria tão obscuro.)


"A Geografia Humana estuda o homem em que vivemos".


(I will survive.)


"O nordeste é pouco aguado pela chuva das inundações frequentes".


(Verdade: de São Paulo até o Nordeste, falta construir aquadutos para levar as inundações.)


"Os Estados Unidos tem mais de 100.000 Km de estradas de ferro asfaltadas".


(Juro que eu não li isso.)


"As estrelas servem para esclarecer a noite e não existem estrelas de dia porque o calor do sol queimaria elas".


(Hum... Desconfio que vai ser poeta!)


"Republica do Minicana e Aiti são países da ilha América Central".


(Procura-se urgente um Atlas Geográfico que venha com um Aurélio junto.)


"As autoridades estão preocupadas com a ploleferação da pornofonografia na Internet".


(Deve estar falando do CD dos Raimundos.)


"A ciência progrediu tanto que inventou ciclones como a ovelha Dolly".


(Teve a ovelha Katrina, também. Só que ela era meio violenta...)


"O Papa veio instalar o Vaticano em Vitória mas a Marinha não deixou para construir a Capitania dos Portos no mesmo lugar".


(Foi quando ele veio no papamóvel, lembra?)


"Hormônios são células sexuais dos homens masculinos".


(Isso. E nos homens femininos, essas células chamam-se frescurormônios.)


"Os primeiros emegrantes no ES construiram suas casas de talba".


(Enquanto praticavam “Tiro ao Álvaro”.)


"Onde nasce o sol é o nacente, onde desce é o decente".


(Indecente: o sol não nasceu pra todos).


Minha gente esse povo vai ser professor, médico, dentista, enfermeiro, jornalista, advogado, político, motorista, policial, ministro e o diabo a quatro; ainda de quebra vão votar. Durma-se com uma COTA dessa.

Grijalva Maracajá Henriques




BOA SORTE*
João Henriques da Silva
(In Memoriam 20/09/1901 – 16/04/2003)


Ter boa sorte é um privilegio e não adianta correr atrás dela, mesmo porque não se sabe onde está, ou se vai ou se vem. É um bichinho invisível e muitas vezes traiçoeiro e enganoso. Esconde-se para muita gente e nem dá a graça de botar a cara de fora. Algumas vezes aparece, dá um empurrão no sujeito para frente, mas acontece que no melhor embalo da rede, a corda se quebra e a queda parte a espinha. E daí para frente não há mais remédio, nem garrafada de esperança que sirva. Nem por isto deixa de haver algum felizardo.
            E um deles era o Birindiba. Imagine-se nasceu num dia santo dia da ressurreição, a mãe amamentou-o quase um ano inteiro sobrando leite, nunca adoeceu, não teve sarampo nem doenças de olhos, dor de barriga nem se fala, e durante a dentição não sofreu a menor alteração. Quando completou os sete anos de vida feliz, foi para a escola e sentia prazer nisso. Era capaz de chorar quando a professora faltava. Terminou o curso primário e achou que já era suficiente, e os pais concordaram com ele. Não pretendia ser doutor de coisa nenhuma e o que sabia dava demais para conduzir-se bem. No entanto, gostava de ler jornais, revistas e bons livros. Maneiroso, fazia montes de bons amigos e as meninas o adoravam, não porque fosse uma imagem, mais pela sua graça e maneira de dizer as coisas. Olhava tudo com simpatia e nunca notava ou criticava defeitos alheios. O seu segredo era este: Ora, não era nem pretendia ser palmatória do mundo. Dava conselhos só, para o bem e desviava os companheiros do mau caminho.
- Ermírio, porque estas atirando pedras no cachorrinho de seu Tristão. Que mal que ele te fez?
- Pode me morder. Sei lá.
- Não, faze o contrário, chama-o e dá-lhe carinhos. Ficará teu amigo e mais tarde poderá até te defender. Cachorro tem bom faro e vê ou percebe as coisas, primeiro do que a gente. Assim, se tem uma cobra na tocaia ele chama a atenção. Qualquer bicho mau que aparece, ele afugenta. Quando se ouve o latido de um cão, já se sabe que há qualquer coisa a chamar atenção. Não se maltratam os animais. Aqueles passarinhos que crias em gaiolas são contra as leis da natureza. Foram criados com asas para voar e é tão bonito ver os bichinhos alegres, voando e cantando. São os donos do espaço e destroem os insetos maus que estragam as lavouras. É bem certo que não gostarias de ficar engaiolado nem preso dentro de casa. Gostas de andar e correr pelos campos como eles também; gosta de voar, de fazer seus ninhos nas frondes das árvores para criar seus filhotes. Repara que o canto deles, soltos no campo é muito mais alegre, mais solto, mais mavioso. Na gaiola o canto é só tristeza e saudade. É possível que nunca hajas notado.
- Ora, mas tem comida sem precisar procurar.
- O que? Alpiste e água. Comer o que lhe dão. Quantos dias suportarias somente arroz. Ficarias zangado até com tua mãezinha, não é mesmo. Eu sou uma pessoa feliz, pois não faço mal nem contrario ninguém.
Birindiba dizia essas coisas com docilidade, sem parecer uma recriminação. Não queira impor nada a ninguém e assim não sofria angustias e nem se tornava antipático.
Birindiba foi crescendo e já era um rapaz feito, trabalhando na mercearia do pai. E era ali a maior atração. Não por ganância ou ambição, mas apenas pela maneira natural de ser feliz e querer desejar felicidade aos outros.
O pai já lhe parecia cansado e a mãe saturada do cotidiano, aquele dia a dia a fazer as mesmas coisas, como um mecanismo de repetição.
O pai teria que ficar somente na supervisão dos negócios. O restante seria com ele. Não iria fazer mais nada por obrigação.
E com a mãe, deu-lhe uma boa empregada. E que fosse descansar. Já haviam lutado demais. Aquele começo de velhice havia de ser respeitado. Os filhos vinham ao mundo para substituir-los na velhice, para poupá-los. E quando isto não acontecia obviamente os filhos não reconhecia o valor de quem os criou. E acrescentava:  - Mais tarde pagará na mesma moeda. Os filhos lhe farão o mesmo. Era questão somente de esperar.
 Tudo quanto João Birindiba fazia era com satisfação, como se nada lhe fosse pesado ou difícil e sim um alegre entretimento. Era de sua própria índole. Nunca se via Birindiba sem um sorriso a soltar-se como uma grande flor que desabrocha. Jamais amanhecera com a boca amargando e nem com enfado. Se por acaso sentia qualquer achaque, guardava só para ele. Não havia porque angustiar alguém.
Birindiba estava à frente dos negócios do pai e em casa, havia quem a dirigisse, para descanso de dona Flor. Os rendimentos do comércio iam sobrando e se acumulando. E para que maior tranqüilidade de espírito. Trabalhar; trabalhava com afinco e honestidade, sem explorar ninguém. Não ia além dos vinte por cento de praxe.
Era necessário, para uma completa felicidade, fazer o bem estar dos ouros. Se os animais domésticos ou silvestres amam-se e se protegem, por que então os homens não fazem o mesmo e mais refinadamente.
Birindiba preocupava-se com o amor universal e em sua forma de ser feliz. Esquecia-se de complementar o seu próprio, com o amor de uma mulher.
E, no entanto, já era tempo de cuidar de si próprio. Mas sem experiência, receava cometer o maior erro de sua vida. Errar na escolha e interromper sua felicidade. Poderia casar-se com alguém que não o compreendesse, uma moça exigente, e egoísta. Rica ou pobre, ninguém estava lá dentro dela para adivinhar seus pensamentos e seus propósitos. O certo era esperar que alguma desse sinal de amizade para uma aproximação reveladora. Lembrou-se, então, de uma sua companheira de escola, menina dócil e que estudava para aprender e não pela vaidade de ser a melhor da classe. Freqüentava a sociedade desprendidamente, sem afetação e com uma humildade encantadora.
Já era professora e querida de seus alunos. Nenhum deixava de querer-lhe bem e, respeita-la apesar de sua modéstia. Tornava-se fácil, portanto, avaliar o temperamento de Maria Lia, através dos alunos.
Parecia-lhe lógico que se a meninada a adorava não haveria dúvida que era dócil e compreensiva. Seria terrível tornar alguém infeliz. Se Maria Lia não era nenhum padrão de beleza, também ninguém transpirava maior simpatia. Resolveu, então, fazer uma visita à escola, levando confeitos para distribuir com a meninada. Queria ver Maria Lia de perto, sentir-lhe o perfume suave que toda mulher exala quando gosta de alguém. Cheiro de amor. E foi um momento de encantamento. Um reencontro com os tempos de escola. Dias depois a conversa amiudou.
- Poderia saber por que tem vindo visitar minha escola, Birindiba?
- A escola, não. Venho vê-la e posso fazer-lhe uma pergunta?
- Pode, sim.
- E se nos casássemos...
- Aí não sei. Não parece que como estamos somos felizes?
- É. Até hoje me considero uma pessoa feliz. Mas não seria melhor somarmos nossa felicidade. Sei que se este meu sonho falhar, começarei a sentir-me infeliz.
- E será que o tornarei mais feliz do que é?
- Não tenho dúvida. Somos amigos desde a infância. E amizade de infância é como uma pedra preciosa. Nunca perde o brilho.
Casaram-se. E verificaram que a felicidade anterior era apenas uma rima do espírito. Agora era um poema em sextilha, rimado pelos dois no balanço da rede.

                                              Em 29-9-1986.

*O conto pertence ao livro “Vidas Nordestinas”, no prelo.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

DECÁLOGO


                                                            SERÁ QUE É VERDADE?


Tá todo mundo dizendo que é verdade, por isso, também estou publicando no meu blog: wwwcontandohistoria-historiador.blogspot.com ou no blog: nacaoruralista no indicador Contador de Histórias. Quem achar que é engano, por favor, corrija.

DECÁLOGO DE VLADIRMIR LÊNIN EM 1913

(Os dez princípios da esquerda)

1º -    Corrompa a juventude e dê-lhe liberdade sexual.
2º -    Infiltre e, depois, controle todos os veículos de comunicação de massa.
3º - Divida a população em grupos antagônicos, incitando-os a discussões sobre assuntos sociais.
4º -    Destrua a confiança do povo em seus líderes.
5º - Fale sempre sobre Democracia e em estado de direito, mas, tão logo haja oportunidade, assuma o Poder sem nenhum escrúpulo.
6º - Colabore para esbanjamento do dinheiro público; coloque em descrédito a imagem do País, especialmente no exterior e provoque o pânico e o desassossego na população por meio da inflação.
7º -    Promova greves, mesmo ilegais, nas indústrias vitais do País.
8º - Promova distúrbios e contribua para que as autoridades constituídas não as coíbam.
9º -  Contribua para a derrocada dos valores morais, da honestidade e da crença nas promessas dos governantes. Nossos parlamentares infiltrados nos partidos democráticos devem acusar os não comunistas, obrigado-os, sem pena de expô-los ao ridículo, a votar somente no que for de interesse da causa socialista.
10º - Procure catalogar todos aqueles que possuam armas de fogo, para que elas sejam confiscadas no momento oportuno, tornando impossível qualquer resistência à causa...

Quem quiser saber mais sobre o assunto, pode acessar os seguintes endereços:

Gracanopaisdasmaravilhas.blogspot.com/2012/…/decalogo-de-lenin.h…
Botecodolufe.blogspot.com/2012/09/o-decalogo-de-lenin.html
Puteiro-nacional.blogspot.com/.../comparações-com-o-decalogo-de-l
Contraburrice.blogspot.com/2008/o-decalogo-de-lenin.html

Nota:
(O uso do  duplipensar nos vários partidos ideológicos de hoje)
Dupliner é um conceito criado por George Orwell no livro 1984.
“Saber e não saber, ter consciência de completa veracidade ao exprimir mentiras cuidadosamente arquitetadas, defender simultaneamente duas opiniões  opostas, sabendo-as contraditórias e ainda assim acreditando em ambas; usar a lógica contra a lógica, repudiar amoralidade em nome da moralidade, crer na impossibilidade da Democracia e que o Partido era o guardião da Democracia; esquecer tudo quanto fosse necessário esquecer, trazê-lo à memória prontamente no momento preciso, e depois torná-lo a esquecer; e acima de tudo, aplicar o próprio processo ao processo. Essa era a sutileza derradeira:  induzir conscientemente a inconsciência, e então, tornar-se inconsciente do ato de hipnose que se acabava de realizar. Até para compreender a palavra “duplipensar” era necessário usar o duplipensar.”
E também numa descrição mais resumida:
Duplipensar é a capacidade de guardar simultaneamente na cabeça duas crenças contraditórias e aceitá-las ambas.

"Se a liberdade significa alguma coisa, será, sobretudo, o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir." "1984",
George Orwell.





Grijalva Maracajá Henriques – Historiador com muito orgulho!




quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

JARDELINA




 JARDELINA*

João Henriques da Silva
(In Memoriam 20/09/1901 – 16/04/2003)


Jardelina Funcionaria Pública Estadual, um bom emprego, aliás, trazia consigo um firme propósito. Só se casaria com um doutor ou um Oficial do Exército. Moça de corpo bem arrumado, carinha bonita, sempre vestida como mandava o figurino, julgava uma tarefa fácil.
Apareciam candidatos, alguns apaixonados, mas recusava. Não possuíam anel, nem galões já estava fora de cogitações.
Jardelina, no entanto, esquecia-se de uma coisa. Do tempo que o relógio marcava. E lá se iam às horas, os dias, os meses e os anos, despercebidamente. Era uma questão de capricho. Quando via um sujeito de anel no dedo ou um militar, perdia até o jeito de andar. Endoidava. Atirava-se para cima. Como quem via um oásis no meio do grande deserto. Perdia a noção de tudo o mais e tinha a convicção de que havia chegado a sua vez. Às vezes não se informava se a vitima era casado ou não. E decepcionava-se quando vinha, a saber. Só faltava mesmo morrer de desgosto. Não admitia conselhos. Naqueles tempos, gente formada não andava batendo os chifres como hoje. Quando aparecia um médico ou um advogado era uma novidade. Geralmente em missão do Governo. O interior era a terra dos coronéis. E Jardelina era protegida de um deles, diretora de uma escola. Só andava toda empoada e como diziam os fofoqueiros toda emperiquitada.
O tempo que não perdoa ninguém ia sorrateiramente construindo sua morada nos alicerces de Jardelina. E ela nem via.
Todos os meses mais umas pedrinhas e boa argamassa. E o tempo morava e crescia sem pagar aluguel. Um inquilino ordinário, desses que não conserva a casa onde moram. Jardelina pintava a casa por fora para manter a aparência, mas lá por dentro o piso, o forro, as paredes iam se arruinando. E o doutor não aparecia. A teia de aranha ia tomando conta, as torneiras começavam a pingar e o cupim ia avariando as peças principais.
Certa feita, uma amiga indiscreta, dessas que gosta de sinceridade e não escondem nada lhe deu um aviso estarrecedor. Fazia tempo que não a via e disse-lhe espantada:
 - Que é isso Jardelina. Como estais diferente, ficando velha. Nossa mãe!
Jardelina deu uma risadinha amarela e procurou justificar-se.
 - Trabalho, minha nega. O ensino, muitos alunos, muitas cabecinhas diferentes...
- Já te casastes ou andas noiva? Paixão também faz dessas coisas.
- Nem uma coisa nem outra. Continuo a espera de meu escolhido.
- E a quem tu preferes. Não será que estais sendo muito exigente? Às vezes é isso. Deixam-se bons partidos sonhando com um ideal que não existe. E fica-se frustrada.
- Não. Apenas uma pessoa formada ou um oficial de nossa gloriosa Forças Armadas. Sabes como é. Tenho meu diploma de professora e pretendo juntar o útil ao agradável. Infelizmente não tenho tido boa sorte.  
- Pois, olha, Jardelina, te cuida. A gente envelhece sem pressentir. Cria rugas, se martiriza, vive cheia de ansiedades e quando vem abrir os olhos, ninguém nos quer mais. Os homens também escolhem e são mais exigentes, ás vezes do que nós. Sempre fostes uma moça bonita, atraente, e está deixando o tempo marcar o teu rosto, enrijecer o teu corpo e assim vai lhe destruindo. Procure a pessoa que te agrade e esquece essa história de diploma. Por traz de um titulo acadêmico pode estar uma lixeira. Não se casa com o diploma. Vive-se dele e, para alguns, tem sido um atrapalho. Há muito doutor burro e safado, Jardelina.
 Bem, desculpe as minhas observações e até a próxima vez, quando já quero te encontrar casada. Se exagerei perdoa-me.
Jardelina apalpou-se, passou as mãos pelo rosto, correu ao espelho e foi aí que se observou diferente e assustada. Abriu a gaveta, tomou o álbum de recordações e começou a compara-se. Sim, não era mais á mesma Jardelina. Feições mais duras, sem aquela suavidade de antes. Foi ao banheiro examinou-se toda, antes e depois do banho. Realmente já não era a mesma. E como diabo lhe acontecera aquilo sem que ela notasse.
Por que a amiga não apareceu antes pra adverti-la. Na verdade estava perdendo a exuberância. Aliás, já havia perdido muita coisa. Saiu para escola, desconfiada de si mesma. Todos deveriam estar vendo o desmoronamento físico. Ela, somente ela, andava cega. E agora! Havia recusado bons candidatos, até menosprezando-os. Gente sem diploma. Tinha que sair à campo, frequentar festas, tornar-se mais comunicativa e se necessário, esquecer as rezas na igreja para explorar o ambiente. Não tinha mais tempo a perder. O tempo não perdia um segundo. Teve vontade de rasgar o seu diploma de professora. Um atrapalho. Não atinava como lhe haviam entrado aquelas idéias idiotas de ter que se casar com um sujeito diplomado. Talvez por que não tinha diplomados na família. Somente seu tio possuía uma patente de tenente da Guarda Nacional. Custara-lhe dinheiro e mal sabia assinar o nome. Jardelina sentia-se recantada. Ninguém lhe dava atenção amorosa. A coisa andava preta.
Inesperadamente o Governo nomeou um novo delegado de policia para Cacimbas. Um tenente. A noticia andou rápida. Jardelina tomou um susto, era uma tentação. Mas lembrou-se das observações da amiga e do tempo perdido. Fez o pelo sinal para que Deus a livrasse até de vê-lo.
E sem esperar, lá, ia passando o delegado. Numa farda nova, parecendo um príncipe fardado de policial. Teve ímpetos de correu ao seu encontro e felicita-lo pelo novo cargo. Mas logo depois viu uma moça morena com um garotinho. Era a mulher de seu delega. Esfriou.
Enviuvou o promotor, sujeito ainda fornido. Jardelina ficou na expectativa. Quem sabe se não pretenderia se casar novamente. Aconteceu que o homenzinho pediu transferência e sumiu. A idéia de morrer donzela apavorava-a. Estava assistindo missa, quando notou que o Alírio, funcionário da edilidade estava de olhos nela. Não teve dúvida. Mandou-lhe umas olhadelas e um sorriso. Agora havia de dar certo. E deu, dois meses depois estava dormindo na mesma cama. Mesmo assim, quando se relacionavam, Jardelina imaginava que quem estava com ela não era o Alírio, mas sim, um advogado, um médico ou um oficial da briosa. Desmaiava em cima de um diploma ou de uns galões. Coitado do Alírio terminou tendo um filho que ela mesma não sabia de quem, era pelo menos na intenção. Doutor ou militar, isso não tinha importância, pois quem ia criar era mesmo o Alírio. Quando o garoto chamava Alírio de papai, Jardelina tinha vontade de apertar-lhe a garganta e gritar-lhe bem no ouvido: Alírio não, sem boboca, teu pai é um doutor ou um oficial das Forças Armadas. Quando foste gerado, estava me comunicando com gente formada. Valia a intenção. Certo dia, nas horas da agonia, Alírio ouviu muito bem quando Jardelina dizia! Ai meu doutorzinho de Nossa Senhora, meu oficial das Forças Armadas. E Alírio envaideceu-se por haver sido promovido. E pensou:
- Essas professoras têm cada uma... 

*O conto pertence ao livro “Vidas Nordestinas”, no prelo.

Joaquim Pinto Madeira

                                                             OS TEMPOS MORTOS
                                                                                                                     Grijalva Maracajá Henriques*

REPORTAGEM DO PASSADO
INVASÃO DA CIDADE DE SOUZA POR PINTO MADEIRA
SÉCULO XIX
1832
FEVEREIRO
SOUSA – PARAÍBA

(Entre 15 e 18 de agosto 1831)
            Os capitães-móres das villas de Pombal e Souza comunicam ao Presidente da Provincia que por ali andam emissarios de Joaquim Pinto Madeira procurando crear proselitos da sua politica contra a Constituição.

Fevereiro de 1832
                Constando ao Governo da província que Joaquim Pinto Madeira e o Padre Antonio Manuel da Silva (1) estavam preparando forças para invadir a Villa de Souza, pondo os seus moradores em fuga, manda seguir àquella Villa as praças de milícias de Pombal, partindo da capital o sargento-mór Francisco Sergio de Oliveira com regular destacamento.
                Afim de animar o povo da referida Villa faz publicar a seguinte

                                                               PROCLAMAÇÃO

Habitantes da Villa de Souza, cara porção da Provincia Paraibana. Chega noticias a este governo que alguns de vós atemorisados com o malvado e criminoso obrar de Joaquim Pinto Madeira, pretendem largar os seus lares!... Não façaes tal. Os Paraibanos nunca torcerão o rosto aos perigos huma vez aparecidos. O vosso governo confiando muito na vossa coragem não tem té agora julgado necessario reunir maior numero de forças para prender hum facinoroso que por ahi poderá passar ocultamente em fuga depois de destroçado e perseguido pelas Tropas do Ceará. Porem não devendo ser surdo dos vossos clamores, elle já fez marchar para esse ponto o denodado Sargento mór Francisco Sergio de Oliveira, Cidadão probo, que a vossa frente he capaz de repelir a esse execravel Madeira, idiota, despresivel pelos seus crimes e indigno do nome Brazileiro. Marcharão também em vosso socorro os intrepidos Pombalenses, marchará emfim toda a Província se tanto for necessario para vos livrar de qualquer assalto. Habitantes da V.ª de Souza! Valor e coragem: a virtude não teme o crime: guerra eterna ao idiondo despotismo, a sanguenolenta anarquia e a todos os perturbadores do sucego publico. Viva a Constituição do Imperio. Viva a Regencia. Viva a Assembleia Geral Legislativa. Viva o Sr. D. Pedro Segundo. Paço do Governo da Par.ª 21 de Fevereiro de 1832. Galdino da Costa Villar.

(1)     Este padre morava no Jardim do Ceará e era conhecido pelos alcunhas de PADRE PENCA ou BENZE CACETE, porque gostava de pedir penca de bananas e havia benzido uma capoeira proxima a sua residência, para que os QUYRIS** tivesse força sufficiente de quebrar as costellas dos brasileiros amigos da Constituição e inimigos de Pedro I.

Depois de 30 de Abril de 1832

O espirito publico no interior da Provincia estava em vacillação a vista dos factos desenrolados no scenario político desde o anno passado, principalmente na zona próxima dos limites com o Ceará, onde se achavam em campo o revolucionario Pinto Madeira e as forças legaes que seguiam em seu encalço.
A Villa de Souza, mais do que nenhuma, commungava desse estado de cousas, por isso o governo mandara forças ali estacionar, não só para garantir as autoridades no caso de um levante de partidos, como para obstar a invasão daquelle caudilho, conforme lhe fora ordenado por Aviso Imperial de 3 de Março deste anno.

                                                              EDITAL

            “Galdino da Costa Villar, cavalleiro da Ordem de Christo e Presidente da Provincia da Paraiba do Norte por S.A. I. C. o Dr. D. Pedro 2º. Que Deus guarde &. Havendo este governo por ofticio de 19 de Maio ordenado que os Snrs. Commandantes dos Corpos de 2ª. Linha participassem que numero de praças disponíveis haviam em seus Corpos que podessem marchar contra o malvado Pinto Madeira que se acha em oposição ao Systema Livre que nos rege e Ordenado em 14 de Junho a immediata reunião e se não tendo té agora effectuado: Este Governo a quem incube o cuidado de vos defender recorre ao vosso patriotismo, Parahibanos que em todo o tempo tem sido decidido quando se trata de defender a Liberdade, convida a todos os Cidadãos quer quizerem mais esta vez servir a Liberdade que se venhão apresentar para formando-se a força marcharem com a possível brevidade. Parahibanos, a Pátria requer vossa coadjuvação e confio que vos prestarei gostosos a hum tal empenho. Vinde marchai e debelar os inimigos ao nosso bem fez. Paço do Governo da Parahiba, 18 de Junho de 1832. Antonio Borges da Fonseca, secretario do Governo subscrevi. Galdino da Costa Villar.

26 de Junho de 1832
            Uma força do Ceará, em perseguição a revolucionaria de Pinto Madeira, passando as fronteiras da província e reunindo-se ao do Juiz de Paz de Souza, com o effectivo de mil homens, neste dia, chega a povoação de São João de Souza, commettendo attentado de toda natureza, em represália, maltrata os habitantes dessa povoação sob pretextos de que eram partidistas daquelle revolucionario cearense.

Dias depois
            O capitão Gonçalo José da Costa que servia de juiz de paz da Villa de Pombal, marchando com quinhentos e oitenta homens para a comarca do Crato, a unir-se com as tropas legaes commandadas pelo Major Francisco Xavier Torres, foi atacado na Villa do Icó pelas forças revolucionarias de Madeira, resultado deste encontro a morte do alludido capitão e a debandada dos revolucionarios.
Ainda no corrente anno o Governo Provincial faz seguir um destacamento de cem praças, sob o commando do sargento mor João Francisco Barreto, para auxiliar as forças legas em operações no centro do Ceará contra Pinto Madeira.
(Ipsis Litteris)
           
            Finalmente como se viu, Pinto Madeira não invadiu a cidade de Sousa.
Só pra relembrar:
            A cidade de Jardim sul do Ceará fica na região dos Cariris Novos, a uma distancia de Fortaleza de 537 km. Limita-se ao Norte com a cidade de Porteiras e Abaiara; ao Sul com Pernambuco; ao Leste com Jati e Penaforte; ao Oeste com Barbalha. Sua latitude: 07º34’57” sul e a longitude: 39º17’53” oeste; Altitude de 648 metros.  Jardim fica distante da cidade de Juazeiro do Norte 46 km e para Salgueiro 72 km, dois principais centros comerciais mais próximos. Situa-se abaixo das asas protetoras da Chapada do Araripe, “berço da família de minha esposa, onde também possuo uma pequena casa em cima da chapada, que vez por outra vamos de Campina Grande – PB, nos deliciar com o clima e a vista que alcança vários quilômetros de Nordeste adentro”.
            Referindo-nos ao texto acima citado de Ireneu Ferreira Pinto, onde o povo de Sousa se alarmou com a presença do Cel. Joaquim Pinto Madeira e do padre Antonio Manuel de Souza com sua gente revolucionária, tinha de fato procedência, pois estes idealistas monárquicos lutaram e estiveram de fato na Paraíba. João Brigído cita na sua obra: “A revolta tinha-se circunscrito ao Jardim, Missão Velha, Barbalha, Milagres, S. Matheus e Rio do Peixe da Paraíba...”.  
 Jardim teve participação na história de lutas políticas e sociais do pretérito passado como a Revolução de 1817, a Confederação do equador em 1824 e a revolução inventada por Joaquim Pinto Madeira em 1832 contra a cidade de Crato e os liberais.
 Joaquim Pinto Madeira tinha o título de coronel, nascido na cidade de Barbalha do sítio Coité, Ceará. Nasceu em 1783 e foi fuzilado no lugar chamado de Barro Vermelho em 28 de novembro de 1834; próximo à antiga Vila do Crato, com 51 anos de idade. Morto por ódio de vingança pessoal e não por ter defendido D. Pedro I e por ser adorador incondicional da Monarquia.
Com a abdicação do Imperador Pedro I, veio às regências que por fina força não atendia os lamentos de seus antigos correligionários como foi o caso do Pinto Madeira, que durante a Confederação do Equador ajudou as forças imperiais lutando e derrotando os revolucionários da vila de Crato. Fora agraciado por merecimento com o título de Comandante Geral das Armas do Crato e do Jardim.
Criou-se uma rivalidade entre os povos das duas cidades vizinhas e quando foi destronado Pedro I, O Pinto achou que era obra dos Liberais e dos republicanos contra os quais havias travado lutas; juntou-se com o padre Antonio Manuel de Souza nascido no Rio Grande do Norte em 1776 e morrendo em Jardim no dia 5 de setembro de 1857, completamente cego; fora um político e sacerdote muito dinâmico, eleito em 1822, deputado geral à Assembleia Constituinte, porém não tomou posse por esta ter sido dissolvida; Junto com Madeira fundou uma milícia de mais de mil homens para empreender lutas contra a Vila de Crato, que funcionava como Republica do Cariri.
Na falta de armas brancas e de fogo, usavam-se cacetes.*** Para encorajara os seus bravos soldados o padre os benzia e como a demanda era muito grande chegou a benzer uma pequena mata nos arredores da cidade, para facilitar o seu trabalho e assim ficou conhecido com o padre “benze-cacetes”.
           
*O autor é historiador e pesquisador.

Notas de esclarecimentos:

**Quyris ou Quiris: Quirites foi o primeiro nome dos cidadãos de Roma Antiga. O singular é quiris que significa “lança”. Combinado com a frase populus Romanus Quiritum denotava o cidadão individual, em contraste com a comunidade. Dai quiritium ius no direito romano é a cidadania romana completa. Posteriormente, o termo perdeu as associações militares, devido á concepção original do povo como uma tropa de guerreiros, e foi aplicado, às vezes em um sentido depreciativo aos próprios romanos em assuntos domésticos, enquanto Romani passou a ser reservado para as relações externas. (Acho que este era o que o autor do livro queria dizer...).
***Cacete - cla.va
Maça, borduna, tacape, pedaço de pau usado como arma (feitos de Jucá, canela de veado, pau-ferro, pequiá etc.)
Ex.: Mas se ergues da justiça a clava forte
verás que um filho teu não foge à luta
(Joaquim Osório Duque Estrada- Hino Nacional Brasileiro)
Fontes:
Pinto, Ireneu Ferreira, - Datas e Notas para a Historia da Parahyba - Imprensa Official – Parahyba do Norte 1916 – V. II p120.
Donato, Hernâni, Dicionário das batalhas brasileiras – 2ª. Ed. ampl. – São Paulo: IBASA, 1996. P113.
Brigído, João, Ceará (Homens e Fatos) – Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2001 p56/62.
 Napoleão Tavares Neves, médico e historiador.
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