SOU RICO NA
PARAÍBA
Zé
Cilibrina, cabra metido a namorador, ainda novo, lá pelos dezesseis anos mal
vividos. Vivia às custas dos pais e de vez enquando, trabalhava pegando um bico
aqui e acola no município de Jardim Ceará. Seu pai desde cedo lutava nos
trabalhos dos engenhos de rapaduras que ali tinha demais.
O
bicho arranjou uma namorada das bandas da rua, Cacete Armado. Lugar onde após o
sol se pôr por cima das Cacimbas, o pau sempre quebrava. Tinha sempre famílias
honestas e honradas morando nas vizinhanças. Mas, fama é fama. Muitas mocinhas
desmanteladas tiravam onda de “Flor do meu Bairro”.
Porém,
seu Marcolino e dona Juventina, batiam o pé e não aceitava aquela história de
ter uma nora nascida e batizada num ambiente de tanta promiscuidade. Onde a
cana, a zinebra, o vinho de jurubeba, o aluá e até a famosa gengibirra se
esparramava pelos becos fecundos e infinitos, alegrando, no começo e depois
vinha os acertos de contas dos desatinos relembrados.
Como
podia uma moça criada nesse meio ser uma boa esposa. Não! Tinha que tirar
Cilibra, como era carinhosamente chamado pelos familiares, desse abismo
incomensurável.
Todas
as noites, após os labores da luta improfícuas na terra mãe, ia até a bica mais
próxima, se banhava na cabeça e os pés, comia um arrozinho, às vezes com pequi
e se danava para a rua, a procura do seu amor.
O
danado do menino tinha um medo de alma condenado, aí sua tia Jurbeli, teve uma
ideia macabra.
-
Pessoal, vamos preparar um medo nesse danado que nunca mais ele sai à noite.
Todos
acharam uma boa ideia, por enquanto.
Seu
Marcolino combinou que na volta da rua iria ficar de tocai na vereda, em baixo
de uns pés de burras leiteiras, mulungus, seriguelas, dos dois lados, formando
de dia uma boa sombra, mas a noite, para o medroso era temeroso passar sem se
benzer e rezar um Pai Nosso e uma Ave Maria para o Padim Cíço. Até diziam que
ali, em tempos passados um cabra havia morrido de uma queda de burra que
empancou e cismou em passar, como diz a história que animal vê alma de outro
mundo.
Seu Marcolino na hora determinada, desceu para
o local assombrado, vestido por cima da roupa um lençol branco, um velho chapéu
preto e ficou a escuta do filho querido.
Cilibrina
depois dos arrochos na namorada, agoniado pela hora avançada, partia, meio
cismado, em direção a casa velha amarela dos pais. Ao se aproximar do local
fatídico, começou logo a rezar debulhando seu rosário azul e branco comprado em
Juazeiro. No local onde era, diziam que antigamente existia uma velha cruz,
fechava os olhos e de peito aberto, respirando forte, acelerou os passos,
quando de repente, seu pai sai de trás dos troncos velhos e enrugados, fazendo
um latomia dos infernos.
O
cabra cai de joelhos e grita:
- Não
me mate, sou rico na Paraíba e tenho um caminhão rodando no sul.
Parabéns amigo Grijalva Maracajá pelo texto maravilhoso!
ResponderExcluirTexto bem feito e bastante engraçado!
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