ANIVERSÁRIO DE MEU PAI
Vinte de setembro. Relembrando esta
data, me lembrei de Raimundo Correia, quando bateu a saudade:
Vai-se a primeira
pomba despertada...
Vai-se outra mais... Mais
outra... Enfim dezenas
Das pombas vão-se dos
pombais, apenas
Raia sanguínea e
fresca a madrugada
E à tarde, quando a
rígida nortada
Sopra, aos pombais, de
novo elas, serenas,
Ruflando as asas,
sacudindo as penas,
Voltam todas em bandos
e em revoada...
Também dos corações
onde abotoam
Os sonhos, um a um,
céleres voam,
Como voam as pombas
dos pombais;
No azul da
adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos
pombais as pombas voltam,
E eles aos corações
não voltam mais.
Cento
e quinze anos faz hoje que nasceu meu pai – João Henriques da Silva. Parece que estou vendo como se meu lar fosse
um pombal e minha família em revoada partindo para outros sítios sem querer
voltar, como os sonhos.
Partiu
primeiro minha irmã Níobe, se avexou, não sei por que tanta pressa, ainda tinha
tanto que fazer.
Depois
lá se foi o Robério. Eita danado! Os cabras, seus leitores ficaram virado na
peste. Reclamando das suas crônicas inteligentes.
Aí quase beirando os cento e dois anos, partiu
o Dr. João. Acho que realmente havia cumprido sua missão, já era tempo mesmo,
já não aguentava ser mandado por ninguém.
De
saudade; pouco tempo depois voou minha mãe, quase setenta e cinco anos de
casada, e, como os pombos, não podiam jamais se separar, pois são monógamos, lá
se foi ela atrás dele.
Não
demorou muito, corre o Parsival a procurá-los, achando que os traria de volta.
Também; não podia ir mais a rua trocar seus relógios. Desistiu!
Pela
escala de idade, vivo dizendo que quem vai agora é minha irmã Ceres, mas se
dana logo e diz que não pode, pois tem que ainda regurgitar para seus filhotes,
- cada um mais velho do que ela.
Isis a mais nova, fim de rama, não posso
prever, apenas seguimos a ideia de que primeiro parte os mais velhos, então
vamos deixar que o tempo se arrume com ela.
Aí
fico eu, morrendo de inveja deles juntos lá em cima, e de saudade também, doido
pra da um voo solo, e com medo de deixar meu poleiro sem ter cumprido minhas
obrigações.
Ah!
Se a gente pudesse dominar o destino e previr o futuro! Mas seria bom? Como a
gente iria enfrentar as presepadas do passado que deixamos de acertar contas?
Era bom se Jesus tivesse resolvido deixar Lázaro vir contar pra gente. Nos dias
de hoje era até fácil, danava um e-mail pro céu e rapidinho vinha à resposta,
em forma de boleto, com todos os dados pra gente pagar, nalgum banco aqui da
terra, ou nas prisões do dia a dia neste mundo de meu Deus.
Campina
Grande, 20 de setembro de 2016
Grijalva
Maracajá Henriques
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