Passei a semana meio chateado. Fui furtado. Levaram minhas galinhas.
Joguei pragas, mandei rezar para o desgraçado devolvê-las, fiz tudo o que minha
pobre imaginação mandava.
Hoje à tarde voltando de uma reunião espírita, o tema – São Francisco e
suas obras de caridade e amor para com os bandidos que viviam assaltando os
caminhos que levava a seu mosteiro – casa de caridade.
Lembrei-me da angustia que teve Augustos do Anjos, quando condenavam
sua ama de leite. E, aí pensei, quem sabe se não fiz pior do que dos Anjos com
a pobre Guilhermina???
RICORDANZA
DELLA MIA GIOVENTÚ
A minha ama
de leite Guilhermina
Furtava as moedas que o doutor me dava.
Sinhá-Mocinha, minha Mãe, ralhava...
Via naquilo a minha própria ruína!
Minha ama, então, hipócrita, afetava
Suscetibilidades de menina:
"- Não, não fora ela! -" E maldizia a sua sina,
Que ela absolutamente não furtava.
Vejo, entretanto, agora em minha cama,
Que a mim somente cabe o furto feito...
Tu só furtaste a moeda, o oiro que brilha...
Furtaste a moeda só, mas eu, minha ama,
Eu furtei mais, porque furtei o peito
Que dava leite para a tua filha!
Furtava as moedas que o doutor me dava.
Sinhá-Mocinha, minha Mãe, ralhava...
Via naquilo a minha própria ruína!
Minha ama, então, hipócrita, afetava
Suscetibilidades de menina:
"- Não, não fora ela! -" E maldizia a sua sina,
Que ela absolutamente não furtava.
Vejo, entretanto, agora em minha cama,
Que a mim somente cabe o furto feito...
Tu só furtaste a moeda, o oiro que brilha...
Furtaste a moeda só, mas eu, minha ama,
Eu furtei mais, porque furtei o peito
Que dava leite para a tua filha!