domingo, 29 de março de 2015

MUDAR DE CLIMA

MUDAR DE CLIMA*
João Henriques da Silva
(In Memoriam 20/09/1901 – 16/04/2003)

Marcolino não se dava bem com os ares da zona do Brejo. Sempre tinha um achaque a lamentar. E dizia: só pode ser o clima brejeiro. Úmido no inverno, chuva fria de maio a começo de agosto. Pensava em sair, ganhar o sertão ou subir a serra da Borborema e se ficar do lado de lá, já nas quebradas para o sertão. Precisava acabar com aquela murrinha, com aquela tristeza desgraçada de quem estava caminhando para o pior. E tinha um medo danado de morrer. Quando ia às missas e assistia as pregações do padre Júlio, as carnes lhe tremiam só em ouvir falar na vida do outro mundo, depois de desencarnado.
O certo mesmo era vender tudo e largar-se para outras terras onde adquirisse saúde e acabasse aquele nervosíssimo desalentador. Não era brincadeira, andar com medo de tudo. Procurava ir às festas para se distrair, mas não havia consolo. Sempre o mesmo desengano de vida, como se tivesse alguém costurando uma mortalha pertinho dele. Na certa, se continuasse assim, no mínimo iria endoidar. E apavorava-se com a ideia de ir para um hospício, conviver com a legião dos doidos. Tinha medo dos dias treze, das sextas-feiras, do mês de agosto, da lua minguante e desgraça ainda maior era uma coruja “rasga-mortalha” passar à noite cantando sobre o telhado de sua casa. Bicho agourento. Causava-lhe arrepios na alma já abalada. Precisava dar um jeito naquela tortura. E o meio era mesmo sair para outros mundos.
Vendeu à casa da rua, o sítio, os animais, botou o dinheiro no bolso e o pé na estrada. Nem disse nada a ninguém, nem aos parentes, as tias que ainda lhe restavam. O fato é que desapareceu do dia para a noite, montado no seu cavalinho pedrês e baixeiro, furador de estrada. Subiu o resto da Borborema, pegou a chapada da serra e tinha até receio de olhar para trás. O importante era sair daqueles grotões dos contrafortes da serra, tão cheios de sombra e de corujas rasga-mortalha. Até o cachorro Lamparina havia dado ao vizinho. Na primeira cidade que encontrou, foi a uma loja, comprou roupa completa, um para de sapatos novos e um chapéu claro. Tinha verdadeiro pavor a coisas pretas e marrons. Mudou toda a indumentária e deixou para trás tudo que usava. E teve uma lembrança. Quem sabe se o cavalo pedrês não levava uma pouco de azar que lhe perseguia. Trocou-o na primeira oportunidade, inclusive a sela e os arreios.
Precisava ir só, sem qualquer coisa que pudesse fazer-lhe recordar coisas passadas. Seria bom também trocar o dinheiro que levava. E trocou até o último vintém. Estava, pois, desligado do Brejo, da terra dos seus pesares.
Mas lhe ocorreu ainda uma lembrança. Trazia na memória coisas do seu passado. Precisava esquecer. Mordeu o lábio inferior, assuou o nariz, coçou a cabeça e tomou uma decisão definitiva. Esquecer para sempre a sua terra, todos os recantos por onde havia pisado. E quando lhe vinha alguma vaga lembrança, espantava com a mão espalmada e mudava de pensamento. Afinal, Marcolino entrou na cidadezinha de Carrapateiras, hospedou-se no hotel de dona Sinhá, tomou um banho para tirar a poeira da viagem e foi voltear pelas ruas quase desertas, sem destino. Enfadou-se e retornou ao hotel para o jantar. Sentou-se à mesa e, se, pois a olhar os quadros e retratos pendurados pelas paredes. Lá estava o retrato de uma jovem com um sorriso pendurado nos lábios. Não pode mais despregar os olhos daquela visão atraente e bela.
- Aquela é minha filha. Filha única. Está para chegar do colégio. É a Mariana. Menina pobre, mas estudiosa, simples é a joia dos meus amores.
- Muito bonita...
- Vai conhecê-la daqui a pouco.
Marcolino parou o jantar quando Mariana foi chegando. O retrato era apenas uma amostra do que era Mariana.
- Vem cá, Mariana. – “Este moço é o Sr. Marcolino, nosso hóspede”. Chegou hoje à tarde. Pretende ficar por aqui. Veio da zona do Brejo. Está adorando o Sertão. Gosta do calor de nossa terra, das planícies, da serra lá distante. Passou um tempão só falando nisso. A terra onde vivia era montanhosa, cheia de grotões, úmida e chuvosa. Fugiu de lá. Quer comprar terras por aqui.
- Terras ou outra coisa qualquer onde possa ter uma boa ocupação e uma vida tranquila. Não quer tomar casa. Prefere ser nosso pensionista.
- Estava admirando aquele retrato quando dona Sinhá medisse que era você, mais encantadora do que no retrato. Espero que seja uma moça feliz.
- Ah! Gente pobre nunca pode ser totalmente feliz. Também não sou uma moça infeliz. Tenho mamãe, estudo, não sou das piores alunas e acho que já é o bastante.
Marcolino, já noutros ares, via o mundo com outras cores. A timidez e o abatimento sentimental, já não o castigavam como uma chuva de pedra em cima dos seus nervos. Chegava até a pensar que não era mais Marcolino. A amplidão daquele mundão novo, parecia ter-lhe aberto às asas para largos vôos.
E Mariana passou a fazer parte de sua vida. Antes, nos seus desenganos, nem se lembrava das mulheres. Via-as como se não tivesse nada a ver com elas. Bonitas ou feia, nova ou já durona, era-lhe indiferente. Mas, agora, Mariana começava a bulir com ele. Era uma espécie de molho que lhe dava gosto na vida. E achava aquilo engraçado. Com vinte e dois anos e já pisando nos vinte e três, era um destreinado em matéria de amor. Nem sabia como expressar os seus sentimentos. E ficava-se a ver Mariana, os seus cabelos castanhos batendo nos ombros, os seus olhos esverdeados e alegres, os seios pequenos fazendo saliência na blusa e na boca sempre risonha.
Do jantar em família, a conversa foi para a calçada, um velho habito da “família”, e de vários habitantes da cidade, ao bate papo no hotel de dona Sinhá. Mariana interessava-se em ouvir Marcolino contar a viagem e descrever as coisas de sua terra. A casa na meia encosta, o sol desaparecendo cedo por trás dos contrafortes da serra, os Pau-D’arcos florados, os engenhos de rapadura, as festas da cidade. Mas Marcolino não falava de seus amores.
 Dona Sinhá motivou-o.
- O senhor não tem saudades de sua gente, de alguma moça apaixonada.
- Ah! Saudades eu tenho, mas apenas de minhas duas tias as quais nem sabem por onde ando. Vou escrever-lhes logo amanhã. Se soubesse de minha fuga, não me teriam deixado sair. Não me dava bem na zona do Brejo, o seu céu estrelado, os seus luares, os campos abertos, essas planícies sem fim. Lá o céu é sempre sombreado, o horizonte limitado.
- E não gostaria também de conhecer a gente do Sertão. Creio que é muito diferente, nos hábitos e nos aspecto, bem diferente do povo de sua terra.
- Exatamente. Sempre tive a impressão, que se confirma agora, de que o Sertanejo é mais alegre, mais corajoso e mais atraente. Deus me livre de sair mais daqui. Sabe como é o temperamento das pessoas. Cansei-me das ladeiras da vida, subindo e descendo. Vivia angustiado. O clima me castigava. Sim deveria ser o clima e aquele ambiente limitado, a luta desesperada pela sobrevivência. O povo de lá é bom, acolhedor e diligente, Mas quase que só tem tempo para lutar e não para viver. De janeiro a dezembro o tempo é pouco para cuidar da agricultura, dos bichos e dos afazeres sem fim. Só se sai um pouco fora disso, nas quatro festas do ano.
- E as mulheres de lá serão iguais as daqui?
- Talvez sim, talvez não. Aliás, mulher é sempre mulher em toda parte. Todo mundo gosta delas. Creio que nada se faz sem pensar nelas. Até nas missas, muita gente vai, não para rezar, mas para ter oportunidade de vê-las. Até os padres quando se viram para o povo, correm os olhos na igreja toda... Nem se lembra naquele instante, do que esta fazendo. Eu fui diferente lá no meu ambiente. Embora vivesse economicamente bem, nunca tive uma namorada a sério, pensando em casar. Tudo coisas distantes e passageiras. Meus pensamentos voavam para o Sertão. Deveria ser aqui onde estaria minha felicidade. Por ora sou apenas um desconhecido. Ninguém sabe quem sou e nem o que pretendo. Sei, apenas, que me reencontrei comigo mesmo. Já me sinto completamente mudado. Aqui, as portas e as janelas do meu coração abriram-se de par em par. E parece-me que sei bem quem as abriu. E sem se aperceber fixou os olhos em Mariana.
Deu para notar. Mariana observou e entendeu a alusão. E na verdade Marcolino, apesar de ainda um quase desconhecido, não lhe era indiferente. Havia qualquer coisa que a atraia em Marcolino. Talvez a simplicidade no viver e no falar. No entanto, não tinha muitas esperanças. Havia em Carrapateiras muitas jovens ricas, filhas de comerciantes e fazendeiros. Ela, filha de dona de um hotelzinho que mal dava para mantê-los, não deveriam mesmo nutrir esperanças. Já estudava com um sacrifício enorme da mãe. Ajudava, é verdade, no arranjo da casa, na cozinha e em servir os hóspedes, especialmente nos dias de feira, de festas ou de eleição.
Tinha pena de dona Sinhá e por vezes falava até em abandonar os estudos. Não queria que a mãe se sacrificasse tanto. O pai havia morrido tão cedo, deixando-lhes apenas a casa que se transformara em hotel, como meio de sobrevivência. E aquilo havia sido um verdadeiro milagre. Também não havia outro apelo. Os parentes de dona Sinhá, não tiveram como ajudá-la materialmente.
E os tempos foram se passando e Marcolino acima e abaixo, tentando um negócio razoável e compatível com as suas economias. E foi nessa fase que a estrada de rodagem chegou a Carrapateiras. O movimento começou a crescer. O hotel recebia mais hóspede. Marcolino teve, então, uma ideia, Propor a dona Sinhá, uma sociedade. Ampliar o hotel. Remodelar a casa ou adquirir outra. Com maior número de cômodos, antes que outro se aventurasse a isso. Comprar mobiliário mais acolhedor e colocar uma placa, “Novo Hotel”, com um sub-letreiro – “Familiar”.
- Mas senhor Marcolino, será que compensa. O seu dinheiro empatado nisso. E se não der certo?
- Ora, não há nem dúvida. Dia a dia chega mais gente. Muitas pessoas estão se hospedando em cassa de amigos e de políticos. Toda essa gente será atraída, desde que o hotel ofereça boas condições. Só mesmo se a senhora não confiar em mim.
- Não, não, senhor Marcolino. Não é isto. Confio demais. Receio é que o senhor não se de bem.
- Aceita o não?
- Bem. Se o senhor quer se arriscar?
- Deixe comigo.
E dentro de uma semana, Marcolino já havia comprado uma casarão na rua principal, bem ao lado da praça e perto da casa do chefe político, o manda chuva de Carrapateiras. Os pedreiros e carpinteiros entraram em ação. Não se dizia o que seria. Marcolino queria causar um impacto. Haveria dois salões de refeições. Um para a elite, outro para o povo pobre. Oito quartos com camas adequadas e guarda roupas com espelho. O dinheiro ia-se embora quase todo, mas voltaria assobiando. E o hotel estourou como uma bomba.
E surgiram os comentários:
– “Estão vendo aí”. Chega um sujeito de fora, endinheirado e prejudica dessa forma a dona Sinhá. A coitada vai passar miséria. Gente daqui, que a conhece, não se atreveria a isso. Um espertalhão. Um morcego. Chupa o sangue das criaturas e ainda anda rindo por aí.
- Também não apareceu alguém para ajudar dona Sinhá. A coitada tem lutado como um bicho para viver e educar a filha. Agora é que estão se lembrando dela. É sempre assim. Porque não melhoraram o seu hotelzinho. Agora, como vai viver com a filha, ninguém sabe. A freguesia muda-se toda, é lógico. Um hotelzão daquele e logo na praça principal.
- Vai falir. Ninguém vai sair lá dona Sinhá.
- Ficará só com os “pés rapados”. Parece que não conheces esta humanidade. Ora bolas. Quem vai se preocupar que dona Sinhá viva ou morra com a filha. Engano teu.
Foi marcada a inauguração do hotel. O vigário foi convidado par a benzedura. As autoridades e pessoas de mais prestígio também. E aí foi a surpresa.  Dona sinhá e mariana estavam lá à frente das festividades. E uma das mais ruidosas e indiscretas interpelou dona Sinhá.
- Deixastes o teu hotelzinho para te empregares no hotel desse forasteiro, que nem se sabe donde veio e só para acabar contigo. E aí ainda mais, trazeres tua filha moça para as unhas dos viajantes. É uma pena.
- Como. Empregada do Sr. Marcolino. Quem te contou isso. Puro engano teu. Como há tanta gente maledicente. Sou simplesmente a dona, a proprietária e, além disso, a próxima sogra do Marcolino, noivo da Mariana. Será que ouvistes bem. Vou repetir. Proprietária do novo hotel e Mariana noiva de Marcolino. Gostastes? Talvez não, mas é isto mesmo. O velho hotel será remodelado para residência dos três. Marcolino, eu e Mariana, já planejamos tudo. Dinheiro está aí sobrando. Acabaram-se as dificuldades e agora Carrapateiras tem onde hospedar a fina flor da sociedade. Vamos, vou mostrar-te um apartamento reservado para as pessoas de destaque. É isto mesmo, minha filha. Mariana encontrou o noivo que desejava. Marcolino, educado, bom e honesto é o que eu poderia almejar de melhor para Mariana. Olha ali os dois. Que amor de noivos.
- E se esse Marcolino não for o que pensam?
- Se fosse noivo de tua filha, seria uma joia rara. Não te preocupes não. Eles se amam e o Marcolino, adora a menina. Vê como está bem vestida e alegre. Basta isso para pagar todos os meus sacrifícios. Quero pedir-te uma coisa. Toma conta da casa. Serve-te à vontade com tuas amigas.
E chamou mariana.
- Olha Mariana, aqui é a dona Sinésia, que, aliás, já conheces.
Apresentou Marcolino, o noivo de Mariana.
- Um grande prazer em cumprimentá-la. Sou um hospede de dona Sinhá e se ela consentir, seu futuro genro. Estou encantado com a sua terra. Só aqui poderia encontrar uma princesinha assim. Se eu fosse rico não seria tão feliz. Basta-me ser hospede de dona Sinhá e noivo da Mariana.
O novo hotel enchia-se. Quem viajava pela região tinha obrigatoriamente de pousar em Carrapateiras. Valia a pena. Boa dormida e feições fartas e bem temperadas.
O dinheiro chegava e o hotel se ampliava. Marcolino, casado, nem se lembrava de mais do Brejo. Ia lá visitar as tias, que, afinal, viviam bem. Um dia iriam a Carrapateiras, conhecer mariana e dona Sinhá, de quem tanto falava Marcolino.
- Vistes mana, como está o Marcolino? Nem parece mais aquele sorumbático amorrinhado que se consumia aqui. Dá até vontade de a gente ir-se também embora. Pelo retrato, a Mariana é um amorzinho. Sertaneja alegre e de uma simpatia invejável.
- Foi o clima, o clima. Se a gente tivesse se mandado não tinha caído nessa de ter que morrer solteironas.
- E quem sabe se não seria bom tentar. Quem não trisca, não petisca... Vende-se este engenho velho e posa-se no caminho.
- Baixa esse teu fogo, Adelaide.
- Baixar como, Santina, se aqui todo mundo conhece a gente.
- Vamos procurar comprador...
E uma olhou para a outra engolindo em seco.
- É o calor do Sertão, faz milagre.
- Se faz...
Em. 11.5.85

*O conto pertence ao livro “Vidas Nordestinas”, no prelo.

ALMA


Berlim. 28/08/2014

Uma equipe de psicólogos e médicos associados à Technische Universität de Berlim, anunciou esta manhã que tinha provado em experiências clínicas, a existência de alguma forma de vida após a morte Este anúncio surpreendente é baseado nas conclusões de um estudo usando um novo tipo de supervisão médica em “experiências de quase-morte”, que permitem que os pacientes permaneçam clinicamente mortos por quase 20 minutos antes de serem trazidos de volta à vida.
Este processo controverso que foi repetido em 944 voluntários ao longo desse últimos quatro anos, necessita de uma mistura complexa de drogas, incluindo adrenalina e dimetiltriptamina, destinado a permitir que o corpo possa sobreviver ao estado de morte clínica e ao processo de reanimação, sem danos. O corpo do indivíduo é então colocado em um estado comatoso temporário induzido por uma mistura de outras drogas que tiveram que ser filtrada pelo ozônio a partir de seu sangue durante o processo de reanimação, 18 minutos mais tarde.
O extremamente longa duração da experiência só recentemente foi possível graças ao desenvolvimento de uma nova reativação cardiopulmonar (RCP) máquina chamada AutoPulse. Este tipo de equipamento já foi utilizado ao longo dos últimos anos, para reanimar pessoas que tinham sido mortas por um período entre 40 minutos a uma hora.
Experiências de quase morte têm sido propostas em várias revistas médicas no passado, como tendo as características de alucinações, mas o Dr. Ackermann e sua equipe, ao contrário, as considera como evidência da existência de vida após a morte e de uma forma de dualismo entre mente e corpo.
A equipe de cientistas liderados pelo Dr. Berthold Ackermann, tem vindo a acompanhar as operações e compilou os testemunhos dos sujeitos. Embora existam algumas pequenas variações de um indivíduo para outro, todos os testados têm algumas lembranças de seu período de morte clínica. e uma grande maioria deles descreveu algumas sensações muito semelhantes.
A maioria das memórias comuns incluem um sentimento de desapego do corpo, sensação de levitação, total serenidade, segurança, calor, a experiência de dissolução absoluta, e a presença de uma luz imensa.
Os cientistas dizem que eles estão bem conscientes de que muitas de suas conclusões poderiam chocar muita gente, como o fato de que as crenças religiosas das diversas denominações parecem não ter influenciado em nenhuma ocorrência nas sensações e experiências que eles descritas no fim da experiência. De fato, entre os voluntários havia alguns membros de uma variedade de igrejas cristãs, muçulmanos, judeus, hindus e ateus.

"Eu sei que nossos resultados podem perturbar as crenças de muitas pessoas", diz o Sr. Ackermann. "Mas de certa forma, nós apenas respondemos a uma das maiores questões da história da humanidade, e então eu espero que essas pessoas sejam capazes de nos perdoar. Sim, existe vida após a morte e parece que isso se aplica a todos. "

sábado, 28 de março de 2015

ZÉ DIRCEU


E aí, esquerdista trouxa? Entrou na vaquinha para ajudar a pagar multa de Dirceu? Bem feito!

Lembram-se da famosa pergunta: “O que você quer ser quando crescer?”. Toda criança, acho eu, tem de querer ser José Dirceu, o consultor. Nunca se viu homem tão inteligente. A sua consultoria é ele sozinho. O irmão é só um sócio formal. Não tem uma equipe de especialistas que cuidam de áreas específicas. Isso é coisa de empresas tradicionais. O Zé é moderno. Sozinho, ele dá conta da área de medicamentos, engenharia, bebidas, comunicação, equipamentos elétricos, direito… E o que mais pintar. É o Leonardo da Vinci da consultoria. É um homem completo.
O homem recebeu mais de R$ 29 milhões em sete anos de consultoria solitária. É de fazer inveja a qualquer um. Seus advogados dizem, claro!, que ele efetivamente prestou os serviços. Então tá bom. Eu só fico a pensar aqui nos eventuais trouxas — com a devida vênia — que resolveram entrar na “vaquinha” em favor de Dirceu para pagar a multa de R$ 971.128,92 determinada pelo STF. Coitado! O homem da saliva mais cara do Brasil alegava não dispor desse dinheiro. E teve início, então, a corrente de solidariedade.
O mais impressionante é que o melhor ano para Dirceu foi 2012, aquele em que foi condenado: recebeu R$ 7 milhões. Mas nada se compara em eficiência a 2013: mesmo ele estando na cadeia, faturou R$ 4,16 milhões. Vá ser bom assim lá na casa do chapéu!
Se os petistas conseguissem fazer pelo Brasil o que fazem por si mesmos, nosso PIB seria maior do que o dos EUA, e a qualidade de vida da população, superior à dos dinamarqueses.

 Zé Dirceu, que é formado em Direito, nunca fez uma petição inicial.

Por uma razão simples: não sabe fazer e nunca trabalhou.
Nos governos do PT, no entanto, passou a ser  “consultor” como nunca visto na história deste país e do mundo.
Passou a entender de medicamentos, construção civil, construção de refinarias, várias formas de geração de energias, inteligência digital, incorporação de imóveis, agropecuária e outras dezenas de atividades.
Veja abaixo os clientes de Zé Dirceu e quanto ele recebeu de cada um deles.
Empresa
Valor
EMS S/A
R$ 7.800.000,00
CONSTRUTORA OAS LTDA
R$ 2.991.150,00
UTC ENGENHARIA AS
R$ 2.316.000,00
MONTE CRISTALINA LTDA
R$ 1.590.000,00

COMPANHIA DE BEBIDAS DAS AMERICAS - AMBEV
R$ 1.500.000,00
JAMP ENGENHEIROS ASSOCIADOS LTDA.
R$ 1.457.954,70
CONSILUX CONSULTOR CONSTR ELETRICAS LTDA
R$ 1.225.600,00
ENGEVIX ENGENHARIA S/A
R$ 1.110.000,00
CONSTRUCOES E COMERCIO CAMARGO CORREA SA
R$ 900.000,00
247 INTELIGENCIA DIGITAL LTDA
R$ 860.000,00
SPA ENGENHARIA IND E COM LTDA
R$ 780.000,00
GALVAO ENGENHARIA S.A.
R$ 750.000,00
ADNE CONSULTING GROUP LTDA.
R$ 600.000,00
ARBI RIO INCORPORACOES IMOBILIARIAS LTDA
R$ 480.000,00
EGESA ENGENHARIA S/A
R$ 480.000,00
LACERDA E FRANZE ADVOGADOS E ASSOCIADOS
R$ 460.000,00
SOLVI PARTICIPACOES S A
R$ 448.000,00
SERVENG CIVILSAN SA EMP. ASSOCIADAS DE ENGENHARIA
R$ 432.000,00
COMAPI AGROPECUARIA S.A.
R$ 380.000,00
CARMO CONSULTORIA LTDA
R$ 320.000,00
VOX ENGENHARIA DE INST. ELETRICAS E HIDRAULICAS
R$ 230.000,00
CREDENCIAL-COM.EQUIP.ELETRO-ELETR.LTDA-E
R$ 200.000,00
TESSELE & MADALENA, ADVOGADOS ASSOC.
R$ 179.400,00
BRASIL VIDRO PLANO INDUSTRIA E COMERCIO LTDA
R$ 160.000,00
PARMALAT BRASIL S/A IND. DE ALIMENTOS
R$ 150.000,00
YPY PARTICIPACOES S.A
R$ 140.000,00
CASA BRASIL EMPREENDIMENTOS CULTURAIS LTDA
R$ 130.000,00
COMPANHIA ADMINISTRADORA DE EMPREENDIMENTOS E SERVICOS
R$ 120.000,00
SNS AUTOMOVEIS LTDA
R$ 110.000,00
ABCDEFGH PARTICIPACOES S.A
R$ 100.000,00
FORUM DAS AMERICAS
R$ 100.000,00
ROCHA, MAIA & AYRES DA MOTTA ADVOGADOS
R$ 100.000,00
SMK SERVICOS DE MARKETING LTDA
R$ 100.000,00
TMKT SERVICOS DE MARKETING LTDA
R$ 100.000,00
DELTA ENGENHARIA E MONTAGEM INDUSTRIAL LTDA
R$ 80.000,00
EOLICA FAZENDA NOVA GERACAO E COM. DE ENERGIA LTDA
R$ 70.000,00
KMG EQUIPAMENTOS ELETRICOS LTDA
R$ 60.000,00
MIL MIX IND E COM DE PROD ALIMENT LTDA
R$ 60.000,00
EDITORA JB S/A
R$ 52.000,00
TELEMIDIA TECHNOLOGY I C SERV TECN LTDA
R$ 50.000,00
JD ASSESSORIA E CONSULTORIA LTDA
R$ 25.000,00
BRASILINVEST EMPREENDIMENTOS E PARTICIPACOES SA
R$ 20.000,00
HYPERMARCAS S/A
R$ 20.000,00
SERPAL ENGENHARIA E CONSTRUTORA LTDA
R$ 20.000,00


Reinaldo Azevedo

CRIANÇA ÍNDIGO


CRIANÇA AFIRMA DE SER OUTRO PLANETA E FAZ
REVELAÇÕES INCRÍVEIS

A reencarnação é um assunto muito delicado e que divide opiniões em diversos sentidos, seja científico, seja religioso. Acreditar em vidas passadas é algo incomum para muitas pessoas. Para quem acredita que viveu em outros tempos, lembrar-se quem você foi, onde viveu e outros detalhes são considerados fatos possíveis apenas com uma sessão de regressão.
Outro assunto que sempre causa polêmica e discussão é a vida em outros planetas. Apesar de existirem assuntos mais concretos e a certificação de que existem formas de vidas em outros planetas, muitas pessoas ainda enxergam essa possibilidade como algo folclórico. Talvez as lendas urbanas e populares, assim como o cinema, contribuíram para essa mitificação de extraterrestres.
Agora, não é bem o que acha Boris Kipriyanovich, um garoto russo de apenas 13 anos de idade que afirma ter vivido no planeta Marte em uma de suas vidas passadas. A mídia mundial voltou-se para conhecer o caso do garoto que tem desafiado parapsicólogos e cientistas do mundo inteiro.

Surpreendendo muitos, a criança deu revelações incríveis durante entrevista.
ÍNDIGO
Para quem não conhece, o termo é dado para pessoas que possuem um conhecimento e inteligência além do comum sobre o mundo espiritual, o universo, o passado e/ou o futuro do planeta, extraterrestres e outros assuntos do tipo. Como acontece com Boris Kipriyanovich, milhares de outras crianças apresentam este dom, sem nunca sequer terem passado por uma educação mais aprofundada sobre o assunto.
Segundo a mãe do pequeno russo, ao nascer, Boris Kipriyanovich chamou a atenção por não ter chorado, como convencionalmente acontece e por fixar o olhar nela, como se soubesse o que estava acontecendo naquele dia. Tal comportamento de Boris também foi motivo de conversas entre os médicos que estavam na sala de parto.
Lei do Amor entre os homens, reencarnação e período de regeneração são defendidos por Boris Kipriyanovich
Diferente de algumas personalidades que aparecem de forma invasiva e apelativa, Boris Kipriyanovich não queria outra coisa além de passar uma mensagem sobre amor e regeneração da alma. Em todas as entrevistas dadas, desde quando ele tinha apenas 3 anos de idade, o garoto afirmava que as pessoas neste planeta precisavam de mais amor e perdão. Destacava a necessidade de transformação para que houvesse uma regeneração de toda uma geração.

Garoto defende a lei do amor, a mesma ensinada por Jesus Cristo

Além desses assuntos, o espiritismo e a vida interplanetária eram sempre presente nos discursos de Boris Kipriyanovich. Em uma de suas entrevistas, apontou dados físicos e químicos sobre Marte que espantou cientistas da Rússia. Ele também
contava com riqueza de detalhes como eram as naves espaciais, como funcionavam e quando chegaram à Terra.
O que mais impressionava não era Boris Kipriyanovich saber isso com apenas 3 anos de idade, mas a forma como ele contava. O garoto usava sempre termos técnicos e comprobatórios apenas para quem trabalhava com o assunto. Foi justamente isso que fez com que o garoto não passasse de uma criança superdotada e que tinha adquirido tais informações em livros e internet.
Ao ser questionado sobre a sua inteligência, Boris Kipriyanovich afirma que no período de 2009 a 2013, o planeta iria passar por uma transição onde as crianças nascidas antes desse período que ajudariam e orientariam a população do mundo. Completou dizendo que o mesmo aconteceu em Marte e que o planeta não foi destruído por completo justamente por esse motivo.
De uma forma geral, Boris Kipriyanovich afirmava que a maior necessidade do ser humano era o amor e o perdão. Disse que o povo de Lemúria desapareceu justamente por esse motivo e que o mesmo poderia acontecer com a Terra. “Se alguém lhe bater, abrace quem o feriu. Se fazem você sentir-se envergonhado, não espere por desculpas, peça-as você. Se o insultam e humilham, ame-os do jeito que são. Essa é a relação do amor, da humildade e do perdão, que deve ser observada por todos. Amar uns aos outros, essa é a Lei”, complementa o garoto.
A vida de Boris Kipriyanovich hoje mudou completamente. Já com 18 anos, o garoto demonstra certo incômodo com o mundo e não gosta mais de dar entrevistas. Segundo a família, desde 2013, ele apresenta uma aparência mais triste, sempre calado, não gosta de sair de casa e não fala com pessoas estranhas. A mãe de Boriska, como foi carinhosamente apelidado, diz que ele só deseja que as pessoas o esqueçam.
Não foi à toa que Boris Kipriyanovich chegou à este ponto. Após ser destaque no mundo inteiro, o garoto sofreu muito bullying a ponto de ser preciso deixar a escola. Ele apanhou na rua e, para que isso não se tornasse constante, teve que aprender a brigar também. Todos os males do mundo afetaram Boriska, o que é rotineiro na vida de crianças índigo.
A família também afirma que a vida de celebridade incomodou o menino. Ele não tinha a intenção de ser um artista, uma estrela. O que Boris Kipriyanovich apenas desejava era que sua mensagem fosse percebida e as pessoas começassem a mudar. Quem se aproximava dele tinha a intenção apenas de saber mais sobre Marte ou por interesse.
E você, acredita no que Boris Kipriyanovich diz? Acha possível existir outra forma de vida em Marte e ele ter vindo para nos avisar?


http://puraciencia.com/2015/03/crianca-revelacoes-incriveis/

A VERDADE SUFOCADA


A VERDADE SUFOCADA
FARSA BURLESCA

“A Instituição será maculada, violentada e conspurcada diante da leniência e todos aqueles que não pensam, não questionam, não se importam, não se manifestam”.

General Marco Antônio Felício da Silva.

Escudada por uma oposição débil e por um curral eleitoral de quase 40 milhões de votos, originário de demagógicas políticas assistencialistas, não passou de farsa burlesca a campanha eleitoral conduzida pelo PT para a reeleição de Dilma. Vendeu, por meio de marketing criminoso, apoiado por mentiras e meias verdades, ilusórias conquistas de seu primeiro mandato como a manutenção do pleno emprego e do poder de compra dos salários. Prometeu, para o mandato seguinte, o incremento do crescimento da economia e a consolidação das pretensas conquistas anteriores.
A verdade, entretanto, é que diante da crise financeira internacional, que se arrasta por vários anos, Dilma, irresponsável e criminosamente, desconsiderou os fortes e negativos impactos da mesma sobre a economia brasileira, aliás, anteriormente tratada por Lula, num dos seus delírios etílicos, extravasando a sua ignorância, como uma simples marola a atingir o Brasil.
Assim, enquanto a economia marchava para a estagnação, com as taxas de investimentos caindo, trimestres seguidos, a produção industrial diminuindo drasticamente, inflação persistente e aumento dos juros, o número de empregos gerados tornou-se, cada vez mais, abaixo do realmente necessário.
Adotando Política Econômica equivocada, incentivou o consumo, facilitando o crédito, criando programas populares e dando subsídios a determinados setores da economia, em detrimento de investimentos produtivos e desequilibrando as contas púbicas. A dívida pública total cresceu desmesuradamente e o déficit das contas públicas atingiu, em 2014, o valor de 17,2 bilhões de reais, parte, logicamente, gasta em prol da eleição da Presidente, provavelmente com desvio criminoso de verbas governamentais.
Um dos grandes perigos que o País corre é o crescimento insustentável da dívida pública que já alcança 63% do PIB quando, nos emergentes, a média é de 40% do PIB. Há que lembrar que o aumento de juros aumenta a dívida pública e pode neutralizar o esforço fiscal que venha a ser feito. A inflação, embora camuflada, há muito, pela contenção de certos preços, vem diminuindo o poder de compra dos salários.
O escândalo “Petrolão”, continuação do “Mensalão”, tem na Petrobras o seu foco desde quando Dilma era Presidente de seu Conselho de Administração e como tal, também, responsável pela compra fraudulenta de refinaria nos USA. Graça Foster, amiga de Dilma e casada com empresário prestador de serviços à Petrobras, por meio de contratos de valor aproximado de 600 milhões, alguns sem licitação, tornou-se Presidente da Empresa no governo Dilma, permitindo a continuidade da corrupção que já rasgava as entranhas da Empresa. Ela nada viu, nada ouviu, de nada sabe, repetindo o mantra de Lula e Dilma.
O Petrolão mostra as fortunas criminosamente desviadas para abastecer partidos e políticos que apoiam o PT e o governo e criar alguns milionários. Mostra a grave corrupção que grassa com a participação de “operadores” do PT e de partidos aliados. Por delação premiada, hoje, já se sabe que tal corrupção atinge, também, obras em outros setores governamentais, com os mesmos operadores atuantes na Petrobras, entre eles o acusado tesoureiro do PT e da campanha de Dilma, deputado João Vaccari. Como exemplo, a Revista Época (26 jan 2015) noticia como um empresário, com “nome sujo na praça e extensa ficha policial”, depois de se apróximar de Vaccari, conseguiu empréstimos no Banco do Nordeste (375 milhões e 452 milhões), este aparelhado pelo PT, incluso com apadrinhados pelo atual Ministro da Defesa. No auge da campanha de Dilma, após obter, também, a remoção das garantias inicialmente solicitadas pelo Banco, o empresário dou, para a campanha da Presidente, 17,5 milhões de reais ao lado de outras empresas como a Andrade Gutierrez(20 Bi), OAS( (20Bi), UTO Engenharia (7,5 Bi), também, envolvidas na corrupção do Petrolão.
A infraestrutura do País está deteriorada. A inépcia e incompetência como foi gerida a política energética, que teve Dilma como gestora durante governo Lula, deixou de cumprir o planejamento de construção de dezenas de hidrelétricas e de linhas de transmissão, gerando a crise de energia que vivemos no momento, agravada pela falta de chuvas e calor inclemente, em todas as regiões do País, com reservatórios próximos de secar e com recomposição, sabe Deus quando. A Petrobras está saqueada. Estradas, portos, ferrovias e aeroportos necessitam de manutenção e modernização urgentes. O serviços essenciais como o de Saúde, e Transportes, a Educação e Comunicações estão muito aquém das necessidades. A Segurança Pública é geradora de grande insegurança na população. O sistema prisional é medieval.
Vencida a eleição, parece que a Presidente opta por Política Econômica contrária ao que defendeu, demagógica e mentirosamente, em sua propaganda eleitoral. Dá ênfase a uma dura Política Fiscal que atinge, proporcionalmente, com mais vigor o Ministério da Defesa, mostrando, por parte do Ministro Nelson Barbosa, a mesma insensibilidade que sempre teve para com as necessidades das Forças Armadas. Os objetivos principais da END (Estratégia Nacional de Defesa) serão duramente atingidos bem com a base industrial que está sendo criada. O Ministério de Ciência e Tecnologia também foi atingido. Há que ressaltar que o País necessita desesperadamente de empreendedorismo e de inovações tecnológicas. A cegueira está em não enxergar que a Industria de Defesa e os programas do MCT de incentivo à inovação são as ferramentas mais importantes de que dispomos para tal e ficarão a míngua de recursos.
Realismo tarifário nas contas de luz e nos combustíveis, novo cálculo do salário mínimo e modificações em benefícios sociais já estão em andamento, confirmando, com as restrições orçamentárias em vigor, a fraude eleitoral cometida por Dilma em sua campanha.
Vejamos as surpresas que virão da “Operação Lava-Jato” e, talvez, tenhamos uma oposição mais corajosa para as providências constitucionais que se façam necessárias em relação ao governo atual e à Presidente, responsável por uma campanha eleitoral que não passou de uma criminosa farsa burlesca.

http://www.averdadesufocada.com/index.php/corrupo-notcias-94/12609-270315-farsa-burlesca


terça-feira, 24 de março de 2015

DR. TEMPERATO


DR. TEMPERATO*
João Henriques da Silva
(In Memoriam 20/09/1901 – 16/04/2003)


            O doutor Temperato, solteirão, Juiz de direito aposentado e cheio de compadres, costuma dar os seus passeios e sentar-se nos bancos da praça dos namorados, coberta de grandes árvores com boas sombras. Tinha prazer de analisar as moreninhas que passavam e quando a sorte lhe sorria tentar uma beliscada. Era uma espécie de robe. Não era dado a freqüentar a igreja, mas sempre teve a preocupação de perguntar a si mesmo o que poderia estar certo ou errado naquilo que os padres pregavam. E por fim, terminou numa descrença total quanto a certos e determinados componentes do catecismo católico. Achava até que os padres já deveriam ter promovidos uma revisão de base em muitos conceitos e afirmativas ridículas, e o que mais o impressionava era que dentro do clero havia gente sábia, culta e de grande projeção, que não se sentia humilhado ou envergonhado de ainda andar pregando fantasias e erros dos tempos do obscurantismo. Mas considerava que essa gente deveria ter uma grande razão de ordem privada, para permanecer na constante luta pela manutenção de erros absurdos. O que dava para lamentar era o fato de trazer a massa ignorante e crédula apavorado com o que poderia acontecer depois da morte.
            E cada dia tornava, em suas pregações, mais sombrio e desconhecido. Para o sujeito bater nos portões do purgatório ou no inferno, bastaria um deslize qualquer ou, por exemplo, morrer sem confissão, ter algum pecado dentro da escala da igreja, e, na hora de entregar-se, não haver padre para confessá-lo. Bastará isso. Um pouco de sorte. Achava que isso era até um descaramento. Mas a coisa continua pra beneficio de uns e sobrevivência dos padres, criaturas que não sabem o que dizem nem o que fazem. Meteram até na cabeça das religiosas que o sacrifício é o caminho do céu.
            Dr. Temperato, sozinho, pregava os olhos nas mulheres que iam e vinham à procura pelo menos de um sorriso prometedor. Coisa que não fazia mal a ninguém. Estando sós, tinha certeza que era para ele mesmo. Acompanhado ficava em dúvida e isso poderia prejudicar o avanço.
            Vez por outra alisava a cabeleira, esfregava o rosto para manter-lhe corado, ajeitava o nó da gravata e o vinco das calças. Sabia bem que nessas pequenas coisas estavam alguns segredos da técnica de atrair. Aposentara-se relativamente moço, pois se formara como empregado do Ministério da Justiça. Quando se lembrava, antes de sair, colocava duas gotas de colírio nos olhos, para aguçar a visão. Fumava constantemente, os melhores cigarros. Lembrava-se do seu tempo de estudante, quando levava horas e horas somando e dividindo ordenado e as despesas. Privava-se de muitas coisas boas, mas não iam além do ordenado e do pouco que a família mandava quando podia. O importante era se preparar para o concurso de juiz, sua grande ambição. Agora estava na hora de tirar a diferença. Advogava quando lhe surgia uma boa causa e no mais não tinha ambições. Acendia um cigarro quando inesperadamente lhe aparece um seu compadre, serventuário de justiça e com ar de preocupado.
            - Bom dia Dr. Temperato Saí de casa para desparecer um pouco. Assisti a missa do padre Torquato e ouvi um sermão espantoso. Versou sobre as penas de outra vida. Seu vigário andou do purgatório ao inferno e pouca vez falou do céu. Tem-se que rezar muito, fazer penitência para escapar de duras penas. Pelo que se ouviu, qualquer deslize, um esquecimentozinho, leva as pessoas aos porões do inferno ou as chamas do purgatório.
            A coitada de minha mulher já anda de olhos fundos de rezar. Quando o sino toca, logo nas primeiras badaladas corre para a igreja.
            Sai da mesa antes de terminar o café e o almoço queima nas panelas. Anda apavorada com as pregações do padre Torquato.
            Nervosa, aflita, desorientada. E tenho que acompanha-la. Temos que ir os dois para o céu, custe o que custar. O vigário fala com tanta convicção que não se pode ter dúvida. E não compreendemos como há gente que zomba das coisas da igreja.
            Não sabem o que lhes está reservado. E o pior, Dr. Temperato é a dúvida em que se fica quando morre um parente ou um bom amigo.
            Para onde irá. Terá morrido nas graças de Deus ou em pecado. Isto é terrível para quem fica. Há poucos dias encontrarei Avelina chorando porque uma sua amiga morrera de repente sem se confessar. Sabia que a coitada, depois de enviuvar, tinha relacionamentos clandestinos. E, segundo a igreja não poderia estar em bom lugar. Pensando nas chamas do purgatório. Vive-se neste vale de lágrimas e ainda se tem pela frente tamanha ameaça.
            - Ameaça coisa nenhuma, meu compadre Amabílio. Será possível que no último quadrante do século vinte existe gente que sabe ler, preocupado com semelhantes asneiras. Será que cabe na tua cabeça e na de tua mulher a existência de céu, purgatório e inferno. Assim também é tapume de mais. Coisa inventada pelos padres para amedrontar os bestas.
            Não estás vendo que nenhum Deus iria criar tais meio de suplício. Isso é pura artimanha do clero católico, o criador da “Santa Inquisição”, barbaridade que na realidade funcionou por muito tempo, quando se queimava gente viva, espetava alfinetes por baixo das unhas dos inocentes, usavam o suplício das rodas para estrangular, chamas nos pés e gotas d’água na cabeça até o enlouquecimento. Foram os inventores desses tremendos suplícios que idealizaram e propagaram esses pavorosos suplícios para depois da morte.
            Foram os padres, sim, Amabílio, porque exploram o medo em seu proveito. Quando a pessoa morre, meu compadre termina ali como uma vela que se apaga. A alma da vela é o pavio e esse mesmo desaparece totalmente.
            O que se chama de alma é a própria vida e nada mais nada menos do que a matéria viva. Não tem forma, não tem cor, não tem cheiro e é imponderável. A morte é simplesmente a inércia da matéria, que deixou de vibrar.
            Essa história de alma imortal que sai do corpo de quem morre e vai para algum lugar conforme a vida que levou é uma fantasia. Quando uma pessoa diz que viu alguém que já morreu, foi ele próprio que materializou aquela pessoa em sua imaginação. A pessoa que passa momentos ou dias e dias em estado de coma e se recupera através de soros e medicamentos, reviveceu, não porque a alma voltasse, mas porque a matéria volta a ter vida, restabeleceu-se a circulação que o alimenta e desintoxica. E pode-se até dizer que a vida está no ar que inspira e respira, produzindo energia.
            Quando se paralisa a respiração, morre-se fatalmente. Não sai nada de dentro de quem morre. O mecanismo da vida foi que parou para sempre, como para um carro que acabou o combustível ou lhe faltou à centelha elétrica. Mas seja como for, tenha-se ou não se tenha essa alma de que falam os padres, não deve temer pelo destino.
            Limbo, purgatório e inferno, nunca existiram, foram criados exclusivamente para negócio, como quem instala uma bodega para vender secos e molhados ou uma casa de ferro, ou antes, uma espécie de loteria que dê sem esforço lucro ao banqueiro.
            Somente quem não possui noção científica pode acreditar ainda nessas velharias de igreja, isto é, dos padrecos. Vai te aquietar com tua mulher, Amabílio. Pensar em coisa, séria, pensar em viver. A morte é simplesmente a paralisação da matéria, dessa engrenagem perfeita que forma o nosso corpo. Acaba, Amabílio, com essa ilusão ou com essas mentiras deslavadas que fazem tanta gente sofrer. A coisa é tão bem urgida para enganar os bestas, que nem as criancinhas escaparam.
            Para que todos paguem o batizado que abre as portas do céu, criou o limbo, uma espécie de inferno gelado para as criaturinhas que não recebem sacrifícios de água benta. E sofrem com isto, as mães que não lograram batizar seus filhinhos.
            Uns vão para o céu e outros metidos nas sombras frias do limbo, no desamparo, sem brinquedos, sem uma caminha para deitar. Até aí, meu compadre, chega à impiedade dessa gente. Mas não batizam de graça. E chega ao ponto de afirmar que Cristo nasceu de uma esposa virgem, um absurdo científico. E o pior de tudo ainda, é que transformaram Deus, o meu, o teu Deus, essa força geradora de todas as coisas, num tirano que manda uns as delicias do paraíso e os outros as penas do purgatório e do inferno. Não se vai para lugar nenhum. Morre-se e fica-se aqui mesmo, integralmente. A alma é a própria vida e a vida se extingue com a morte. Por que então, preocupar-se com essa outra vida ilusória e assustadora?
            - Mas é a palavra dos padres, dos bispos, cardeais e do Papa.
            - Ora, meu compadre, pregam e insistem na existência do que não existe, e só por conveniência própria. O que é indispensável é que não atribuem ao nosso Deus, tanta maledicência. Deus nunca chegaria a fazer o que é ruim e nem castigaria ninguém. Tenho muita pena de quem crê em coisas de outra vida. Mas é isso. Há quase dois milênios pregam e incute nas pessoas, desde crianças, esse amontoado de ignorância. Céu, limbo, purgatório e inferno, são tudo aqui mesmo, dependendo da vida de cada um. Uns leva vida de anjo, outros de demônios.
            - Mas Dr. Temperato, e se a gente cair nas garras do capiroto. O senhor tem engenharia pra se safar e eu e minha mulher só temos mesmo os cacos de alma pro diabo assar nas grelhas das profundas. O senhor pode até estar muito certo, mas os padres também podem até estar. Já pensou, a pobre da Josefina, depois de tanta reza e tanta lamuria cair numa fria dessas.
            - Responsabilizo-me. Ponho minhas duas mãos no fogo. Quem foi que já se viu o diabo ou alguma alma. Ninguém. Tudo o que dizem é conversa fiada, história para boi dormir. Olha uma coisa. Quando o sujeito morrer em pecado mortal vai direto para o inferno. Não é isto que os padres pregam? Pois bem, os padres celebram missas para tirá-los de lá. Se de lá não podem mais sair, então, pra que essas missas. Repare se alguém celebra de graça. Uma ova!... E cobram adiantado. Tem padre por aí que não vale uma peitica. Mesmo assim continua ministrando os sacramentos e confessando os beatos. Falam no nome de Deus como se fosse uma mercadoria. Ameaçam o povo com o medo do purgatório. Já te disse. Vai para casa Amabílio, cuida dos teus deveres e larga esse medo da coisa que não existe.
            - Mas, muita gente diz que já viu assombração, almas penadas que vem pedir rezas para se salvarem.
            - É o medo que faz tudo isso, Amabílio. A própria pessoa materializa sua imaginação. Quando se fixa a vista num objeto e depois se olha para o céu, lá está a imagem do objeto. O povo faz sempre isso com estampas de santos.
            - Dr. Temperato, e se o senhor nos meter num buraco sem saída? O diabo, dizem que anda por aí farejando alma de pecador, para se divertir com elas nas caldeiras de Pedro-Botelho. E o pior é que de lá não se sai mais. E leva a gente já espetada num garfão de três dentes. E o capiroto deve estar ouvindo essa conversa, com os dentes de fora já antegozando o achado. As brincadeiras do bicho preto são diabólicas.
            - Deixa por minha conta, Amabílio. Acaba com esses temores e vai cuidar em tua vida. Deves ter medo é dessa cambada aqui da terra. Não faças mal a ninguém, mas defende-te dos enrolões. Isto sim. Não há outra vida. Pura tapeação.
            - Vou tentar convencer a mulher. Tirá-la daquela preocupação terrível.
            E explicou todas as teorias do Dr. Temperato. O homem sabia mesmo das coisas. Muita leitura e muita convicção. Não havia mais qualquer dúvida. Cada um que cuidasse da vida, pois depois da morte nada mais existia.
            - É isto mesmo mulher. Dr. Temperato está com a razão. De hoje em diante vamos deixar de tanta lezeira.
            - Tu e ele, Amabílio. Comigo não contes. Era só mesmo o que me faltava. Quem entende dessas coisas é o padre. Estudou para isso e sabe o que diz. Vai na conversa do Dr. Temperato e aguarda o resultado. Quando estiveres na ponta do espeto não me chames. Chama o Dr. Temperato.
            - Calma mulher. Vai refletir e me dirás depois.
Duas semanas depois a mulherzinha de Amabílio acordou e concordou. Dr. Temperato tem razão...
Acabou-se o medo, Amabílio. Agora me sinto aliviada. Vamos cuidar em nossas vidas. O Dr. Temperato é o Maximo...
           

*O conto faz parte do livro “Vidas Nordestinas”, no prelo.